domingo, 31 de janeiro de 2016

Crítica: Trumbo - Lista Negra (2016)


Dalton Trumbo (1905 - 1976) foi um grande roteirista e romancista americano que, para o governo do Estados Unidos, tinha apenas um defeito: ser comunista. Trumbo: Lista Negra (Trumbo), do diretor Jay Roach, conta um pouco mais da história desse excêntrico personagem, abordando principalmente o período em que ele foi perseguido, preso, e proibido de seguir trabalhando por conta de sua visão política.



Até a criação do 'Comitê de Atividades Antiamericanas', Trumbo (Bryan Cranston) era um dos roteiristas mais bem pagos de Hollywood. A acusação por ser comunista e sua posterior prisão culminaram, no entanto, na sua proibição de continuar escrevendo. Ele e mais nove roteiristas de Hollywood foram parar na lista negra do governo americano, sobretudo depois que se negaram em juízo a delatar outros colegas de profissão.

Para fugir do boicote, Trumbo passou a escrever roteiros clandestinamente, sob pseudônimos, que acabaram sendo lançados por grandes estúdios. Um dos mais famosos foi o de "A Princesa e o Plebeu", que inclusive venceu o Óscar de melhor roteiro em 1954. Em 1960, Trumbo roteirizou Spartacus, filme de Kirk Douglas que foi dirigido por Stanley Kubrick. Neste caso, Kirk fez questão de anunciar, mesmo correndo riscos de boicote, o nome de Trumbo como roteirista da trama.



O roteiro do filme é interessantíssimo, não somente pela figura de Trumbo mas também por mostrar como era essa perseguição implacável que existiu contra comunistas naquela época, incentivada pela população e pelos políticos que os tratavam como verdadeiros criminosos. Aliás, vale dizer que o ódio político não era muito distante do que temos visto hoje em dia no Brasil, e isso é alarmante.

Sobre Bryan Cranston, só resta elogios. Depois de inúmeras (mas pequenas) participações em filmes, ele finalmente ganhou um papel de protagonista e foi nada menos do que sensacional. Para viver o personagem, ele adquiriu todos os trejeitos do verdadeiro Trumbo e conseguiu mudar até mesmo a voz, provando mais uma vez que é um dos atores mais completos da atualidade.



Apesar da nomeação de Cranston ao Óscar de melhor ator, é uma pena o filme não ter conquistado mais espaço na premiação, pois realmente merecia. Com uma estrutura inteligente e um roteiro envolvente, Trumbo: Lista Negra já figura entre os filmes mais bacanas que entraram em cartaz este ano no Brasil.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Crítica: Steve Jobs (2016)


A figura pública de Steve Jobs todos já conhecem, mas sua personalidade ainda continua sendo uma incógnita mesmo passados quase 5 anos de sua morte. Ao mesmo tempo em que foi considerado um gênio que revolucionou o mundo da informática, também foi tido por todos que trabalharam com ele como uma pessoa impossível de lidar.



Steve Jobs, do britânico Danny Boyle (Trainspotting / Quem Quer Ser Um Milionário?), se baseia na biografia homônima escrita por Walter Isaacson para mostrar um pouco mais dessa personalidade controversa, abordando três períodos importantes de sua carreira: o lançamento do Macintosh, em 1984, o lançamento do computador da Next em 1989, quando estava fora da Apple, e seu retorno triunfal à empresa em 1999 com o lançamento do IMac.

O filme foca nos bastidores de cada uma dessas apresentações mostrando um Jobs sempre preocupado com cada detalhe, enquanto tinha que lidar com questões familiares como a ex-mulher (Katherine Waterston) e a filha Lisa (Makenzie Moss), que ele sempre negou ser sua. Além das duas, o filme também mostra sua conturbada relação com os colegas e sócios, e sua eterna parceria com Steve Wozniak (Seth Rogen).



O tratamento impessoal que Jobs tinha com seus funcionários e a imagem de "deus" que tinha de si mesmo só ajudam a criar o clima de "anti-herói" ao protagonista. Aliás, Michael Fassbender está sensacional na pele de Jobs, um personagem que já passou pelas mãos de Christian Bale (que desistiu do projeto) e que quase foi de Leonardo DiCaprio (que preferiu fazer O Regresso). Além de Fassbender, quem brilha é a veterana Kate Winslet no papel de Joanna Hoffman, o braço direito de Jobs durante toda sua trajetória. Uma personagem forte e uma das únicas a bater de frente com o empresário sem medo de represálias.

Apesar de alguns pontos positivos, roteiro é bastante impreciso, e as mudanças temporais não ficaram legais. No geral, é uma biografia interessante de uma figura que até hoje alimenta discussões, mas fica a nítida impressão de que poderia ter sido bem mais. Não fosse a tumultuada pré-produção, talvez ele até pudesse almejar algo maior.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Confira os indicados ao César 2016.


Foram anunciados nesta quarta-feira todos os indicados ao prêmio César, o Óscar do cinema francês, que ocorrerá dia 26 de fevereiro deste ano. Os destaques ficaram por conta de Marguerite e Três Lembranças da Minha Juventude, ambos com 11 indicações cada. Cinco Graças, representante do país no Óscar de melhor filme estrangeiro, e Dheepan, vencedor da última Palma de Ouro em Cannes, também marcam presença em várias categorias. Enfim, confira a lista completa:

MELHOR FILME
- Cinco Graças, de Deniz Gamze Erguven
- De Cabeça Erguida, de Emmanuelle Bercot
- Dheepan, de Jacques Audiard
- Fatima
- Marguerite, de Xavier Giannoli
- Mon Roi, de Maiwenn
- O Valor de um Homem, de Stéphane Brizé
- Três Lembranças da Minha Juventude, de Arnaud Desplechin

MELHOR DIRETOR
- Arnaud Desplechin, por Três Lembranças da Minha Juventude
- Deniz Gamze Erguven, por Cinco Graças
- Emmanuelle Bercot, por De Cabeça Erguida
- Jacques Audiard, por Dheepan
- Maiwenn, por Mon Roi
- Stéphane Brizé, por O Valor de um Homem
- Xavier Giannoli, por Marguerite

MELHOR ATRIZ
- Catherine Deneuve, por De Cabeça Erguida
- Catherine Frot, por Marguerite
- Cécile De France, por A Bela Estação
- Emmanuelle Bercot, por Mon Roi
- Isabelle Huppert, por O Vale do Amor
- Loubna Abidar, por Much Loved
- Soria Zeroua, por Fatima

MELHOR ATOR
- Anthonythasan Jesuthasan, por Dheepan
- Fabrice Luchini, por L'Hermine
- François Damiens, por Cowboys
- Gérard Depardieu, por O Vale do Amor
- Jean-Pierre Bacri, por La Vie Très Privée de Monsieur Sim
- Vincent Cassel, por Mon Roi
- Vincent Lindon, por O Valor de um Homem

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
- Agnès Jaqui, por Come un Avion
- Karine Viard, por 21 Nuits Avec Pattie
- Noémie Lvovsky, por A Bela Estação
- Sara Forrester, por De Cabeça Erguida
- Sidse Babett Knudsen, por L'Hermine

MELHOR ATOR COADJUVANTE
- André Marcon, por Marguerite
- Benoit Magimel, por De Cabeça Erguida
- Louis Garrel, por Mon Roi
- Michel Fau, por Marguerite
- Vincent Rottiers, por Dheepan

ATRIZ REVELAÇÃO
- Camille Cotin, por Connasse - Princesse Des Coeurs
- Diane Rouxel, por De Cabeça Erguida
- Lou Roy Lecollinet, por Três Lembranças da Minha Juventude
- Sara Giradeau, por Les Bêties
- Zita Hanrot, por Fatima

ATOR REVELAÇÃO
- Félix Moati, por All About Them
- Finnegan Oldfield, por Cowboys
- Quentin Dolmaire, por Três Lembranças da Minha Juventude
- Rod Paradot, por De Cabeça Erguida
- Swann Arlaud, por Les Anarchistes

MELHOR FILME DE UM DIRETOR ESTREANTE
- Cinco Graças, de Deniz Gamze Erguven
- Cowboys, de Thomas Bidegain
- L'Affaire Sk1, de Frédéric Tellier
- Nous Trois Ou Rien, de Kheiron

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
- Cinco Graças
- De Cabeça Erguida
- Dheepan
- Marguerite
- Três Lembranças da Minha Juventude

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- Asphalte
- Fatima
- L'Enquête
- O Diário de uma Camareira
- Sk1

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
- Birdman (Estados Unidos)
- I'm Dead But I Have Friends (Bélgica)
- Mia Madre (Itália)
- O Filho de Saul (Hungria)
- O Novíssimo Testamento (Bélgica)
- Taxi Teerã (Irã)

- Youth (Itália)

MELHOR ANIMAÇÃO
- Adama
- April and the Twisted World
- O Pequeno Príncipe

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
- Cinco Graças
- Dheepan
- Marguerite
- Três Lembranças da Minha Juventude
- O Vale do Amor

MELHOR FIGURINO
- Cinco Graças
- L'Odeur de la Mandarine
- Marguerite
- O Diário de uma Camareira
- Três Lembranças de Minha Juventude

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
- Dheepan
- L'Odeur de la Mandarine
- Marguerite
- O Diário de uma Camareira
- Três Lembranças da Minha Juventude

MELHOR MONTAGEM
- Cinco Graças
- Dheepan
- Marguerite
- Mon Roi
- Três Lembranças da Minha Juventude

MELHOR SOM
- Cinco Graças
- Dheepan
- Marguerite
- Mon Roi
- Três Lembranças da Minha Juventude

MELHOR TRILHA
- Cinco Graças
- Cowboys
- Darling Buds of May
- Mon Roi
- Três Lembranças da Minha Juventude

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Crítica: A Garota Dinamarquesa (2016)


Na década de 1920, o artista Einar Wegener (ou Lili Elbe, como ficou conhecido posteriormente) se tornou a primeira pessoa da história a passar pelo procedimento de mudança de sexo. Baseado no livro de David Ebershoff, A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl), do diretor britânico Tom Hooper, nos conta um pouco mais sobre a vida de Einar, focando principalmente em sua relação com a esposa e no quanto cada um deles teve de abrir mão após sua decisão.



Einar (Eddie Redmayne) e Gelda (Alicia Vikander) formam um jovem casal de pintores que vive em Copenhague, capital da Dinamarca. Enquanto ele pinta paisagens delicadas e adquire um certo sucesso com suas obras, ela gosta de pintar retratos de mulheres e luta constantemente para conseguir um espaço para expôr o seu trabalho, o que é bastante difícil justamente pelo fato dela ser mulher.

Numa brincadeira entre os dois, Einar aceita se vestir de mulher para ser pintado por Gelda, já que ela está com dificuldades de encontrar novas modelos. A brincadeira, no entanto, começa a ir além disso, chegando ao ponto dele ir a uma festa vestido como "Lili", a personagem que eles criaram. Isso é só o começo de uma longa jornada de auto-conhecimento pelo qual Einar começa a passar, onde ele aos poucos vai descobrindo um outro lado seu que ele até então desconhecia.



O enredo é muito bem construído, e é de uma sensibilidade emocionante. A parte técnica é elogiável, desde sua bela fotografia até a poética trilha sonora, composta por Alexandre Desplat (conhecido por seu trabalho na saga Harry Potter e no mais recente O Grande Hotel Budapeste). A ambientação da época também ficou extremamente verossímil, assim como os figurinos de Paco Delgado (que já havia trabalhado com Hooper em Os Miseráveis). 

Além de suas indiscutíveis qualidades técnicas, o que chama a atenção também são as atuações de Redmayne e Vikander. Redmayne tem pelo segundo ano consecutivo uma atuação impressionante, e depois de ganhar o Óscar ano passado ao interpretar o astrofísico Stephen Hawking, ele volta à premiação novamente com boas chances. A jovem Alicia Vikander, que começou a aparecer recentemente em Hollywood, também tem uma atuação firme e mostra que veio para ficar.



As emoções de ambos os personagens são percebidas nos olhares e nos gestos, sendo tudo muito verdadeiro. É impossível também não se emocionar com o dilema de Gelda ao longo de toda a trama. Enquanto ela tenta ajudar o marido a ser o que ele realmente é, tem que lidar com a solidão consequente da perda do parceiro.

Mais do que contar um fato marcante que mudou para sempre a medicina e a vida de milhares de pessoas, o filme é importante também por trazer à tona novamente a discussão da transexualidade. Um assunto sempre atual, sobretudo, infelizmente, por conta do preconceito ainda latente na nossa sociedade.



Por fim, sob a mão sempre firme de Tom Hooper, um diretor que sabe como ninguém abordar romances de época, A Garota Dinamarquesa é um grande filme, não só pelas suas qualidade, mas pelo sentimento que evoca. Apesar de estar concorrendo em algumas categorias importantes do Óscar, ele não está concorrendo a melhor filme, e já é para mim o grande injustiçado desta edição, pois merecia.

Crítica: A Grande Aposta (2016)


No ano de 2008, a economia americana entrou em colapso depois de uma crise imobiliária sem precedentes causada pelas hipotecas subprimes (empréstimos concedidos à pessoas que não tinham condições de pagarem as prestações da casa própria). Antes do desastre, alguns investidores previram o que iria acontecer e apostaram contra aquilo que, desde sempre, era um dos investimentos mais seguros dos Estados Unidos: os títulos de seguro da dívida imobiliária.



Adaptado do livro The Big Short - Inside the Doomsday Machine, de Michael Lewis, A Grande Aposta (The Big Short) nos mostra os bastidores deste momento histórico que abalou as estruturas econômicas do mundo todo. Sob a direção de Adam McKay, conhecido por filmes de comédia, o enredo acerta em cheio em mostrar tudo com muito bom humor, e é justamente isso que o diferencia de outros filmes do gênero. Afinal de contas, não é todo mundo que conhece os termos técnicos utilizados pelos investidores da Bolsa de Valores. Para falar a verdade, isso é privilégio de uma grande minoria, e os termos poderiam facilmente tornar o filme maçante. 

O que seria um empecilho pro sucesso do filme logo é contornado nos primeiros minutos, quando a direção decide nos deixar por dentro de todos estes termos do mercado bancário. O ponto positivo do filme é justamente a forma que nos são apresentados todos os fatos. Nada, absolutamente nada, é mostrado sem um mínimo de explicação. Para isso são usados diversas artimanhas, como o uso de exemplos práticos da vida cotidiana de qualquer um e até mesmo a chamada "quebra da quarta parede", com os atores falando diretamente com os espectadores.



A montagem do enredo é bem dinâmica, e outro grande trunfo é o seu elenco, um dos mais badalados do ano com nomes como Christian Bale, Ryan Gosling, Steve Carell e Brad Pitt. O mais carismático de todos é Christian Bale no papel de Michael Curry, um excêntrico gênio da economia que toca bateria, é fã de heavy metal e anda descalço pelos corredores do trabalho. Bale inclusive tem sido lembrado por quase todas as premiações deste ano por seu papel. A veia cômica fica por conta de Steve Carell e seu personagem explosivo e sem papas na língua.

Enfim, A Grande Aposta é um filme que cumpre bem com aquilo que se propõe a mostrar, e por isso merece o destaque que vem recebendo nesta temporada de premiações. McKay prova que também sabe fazer filmes "sérios", e tomara que ele siga esse rumo, já que convenhamos, suas comédias são bem fracas.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Confira os vencedores do Critics' Choice Awards 2016



Dando continuidade à temporada de premiações, neste domingo (17) foi a vez da Associação de Críticos de Cinema e TV dos Estados Unidos entregar seus prêmios, na 21ª edição do Critics' Choice Awards. O prêmio principal da noite ficou com o drama Spotlight - Segredos Revelados, que ainda recebeu mais três prêmios, porém, o grande destaque da noite foi Mad Max: Estrada da Fúria, que se sagrou vencedor em nove categorias, entre elas a de melhor diretor para George Miller e a de melhor filme de ação. Na categoria de melhor filme de comédia, o vencedor foi A Grande Aposta, e Ex Machina: Instinto Artificial ganhou como melhor filme de ficção científica ou terror. A oremiação ainda escolheu Divertida Mente como melhor animação, o húngaro Filho de Saul como melhor filme estrangeiro e o documentário Amy como melhor documentário. Enfim, confira abaixo a lista completa dos vencedores:

MELHOR FILME
- A Grande Aposta, de Adam McKay
- Brooklyn, de John Crowley
- Carol, de Todd Haynes
- Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller
- O Quarto de Jack, de Lenny Abrahamson
- O Regresso, de Alejandro González Iñárritu
- Perdido em Marte, de Ridley Scott
- Ponte dos Espiões, de Steven Spielberg
- Sicário - Terra de Ninguém, de Denis Villeneuve
- Spotlight - Segredos Revelados, de Thomas McCarthy

MELHOR DIRETOR
- Alejandro González Iñárritu, por O Regresso
- George Miller, por Mad Max: Estrada da Fúria
- Ridley Scott, por Perdido em Marte
- Steven Spielberg, por Ponte dos Espiões
- Thomas McCarthy, por Spotlight - Segredos Revelados
- Todd Haynes, por Carol

MELHOR ATOR
- Bryan Cranston, por Trumbo: Lista Negra
- Eddie Redmayne, por A Garota Dinamarquesa
- Johnny Depp, por Aliança do Crime
- Leonardo DiCaprio, por O Regresso
- Matt Damon, por Perdido em Marte
- Michael Fassbender, por Steve Jobs

MELHOR ATRIZ
- Brie Larson, por O Quarto de Jack
- Cate Blanchett, por Carol
- Charlotte Rampling, por 45 Anos
- Charlize Theron, por Mad Max: Estrada da Fúria
- Jennifer Lawrence, por Joy: O Nome do Sucesso
- Saoirse Ronan, por Brooklyn

MELHOR ATOR COADJUVANTE
- Mark Ruffalo, por Spotlight - Segredos Revelados
- Mark Rylance, por Ponte dos Espiões
- Michael Shannon, por 99 Homes
- Paul Dano, por Love & Mercy
- Sylvester Stallone, por Creed: Nascido Para Lutar
- Tom Hardy, por O Regresso

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Alicia Vikander, por A Garota Dinamarquesa
Helen Mirren, por Trumbo: Lista Negra
Jennifer Jason Leigh, por Os Oito Odiados
Kate Winslet, por Steve Jobs
Rachel McAdams, por Spotlight - Segredos Revelados
Rooney Mara, por Carol

MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM
Abraham Attah, por Beasts of no Nation
Milo Parker, por Sr. Holmes
Jacob Tremblay, por O Quarto de Jack
RJ Cyler, por Eu, Você e a Garota que Vai Morrer
Shameik Moore, por Dope: Um Deslize Perigoso

MELHOR ELENCO
- A Grande Aposta
- Os Oito Odiados
- Spotlight - Segredos Revelados
- Straight Outta Compton - A História do NWA
- Trumbo: Lista Negra

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
- Divertida Mente, de Pete Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley
- Ex Machina: Instinto Artificial, de Alex Garland
- Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino
- Ponte dos Espiões, de Matt Charman e Ethan & Joel Coen
- Spotlight - Segredos Revelados, de Josh Singer e Thomas McCarthy

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- A Grande Aposta, de Charles Randolph e Adam McKay
- Brooklyn, de Nick Hornby
- O Quarto de Jack, de Emma Donoghue
- Perdido em Marte, de Drew Goddard
- Steve Jobs, de Aaron Sorkin

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
- Boa Noite, Mamãe (Áustria)
- Cinco Graças (França)
- Filho de Saul (Hungria)
- Que Horas Ela Volta? (Brasil)
- The Assassin (Taiwan)

MELHOR ANIMAÇÃO
- Anomalisa
- Divertida Mente
- O Bom Dinossauro
- Shaun - O Carneiro
- Snoopy e Charlie Brown - Peanuts, O Filme

MELHOR DOCUMENTÁRIO
- Amy, de Asif Kapadia
- Cartel Land, de Matthew Heineman
- Going Clear: Scientology and the Prison of Belief, de  Alex Gibney
- Malala, de Davis Guggenheim
- O Peso do Silêncio, de Joshua Oppenheimer
- Where to Invade Next, de Michael Moore

MELHOR FILME DE AÇÃO
- Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, de Colin Trevorrow
- Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller
- Missão Impossível - Nação Secreta, de Christopher McQuarrie
- Sicário - Terra de Ninguém, de Denis Villeneuve
- Velozes & Furiosos 7, de James Wan

MELHOR ATOR EM FILME DE AÇÃO
- Daniel Craig, por 007 Contra Spectre
- Chris Pratt, por Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
- Paul Rudd, por Homem Formiga
- Tom Cruise, por Missão Impossível - Nação Secreta
- Tom Hardy, por Mad Max: Estrada da Fúria

MELHOR ATRIZ EM FILME DE AÇÃO
- Bryce Dallas Howard, por Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
- Charlize Theron, por Mad Max: Estrada da Fúria
- Emily Blunt, por Sicário - Terra de Ninguém
- Jennifer Lawrence, por Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
- Rebecca Ferguson, por Missão Impossível - Nação Secreta

MELHOR FILME DE COMÉDIA
- A Espiã que Sabia de Menos, de Paul Feig
- A Grande Aposta, de Adam Mckay
- Descompensada, de Judd Apatow
- Divertida Mente, de Pete Docter
- Irmãs, de Jason Moore
- Joy: O Nome do Sucesso, de David O. Russell

MELHOR ATOR EM FILME DE COMÉDIA
- Bill Hader, por Descompensada
- Christian Bale, por A Grande Aposta
- Jason Statham, por A Espiã que Sabia de Menos
- Robert De Niro, por Um Senhor Estagiário
- Steve Carell, por A Grande Aposta

MELHOR ATRIZ EM FILME DE COMÉDIA
- Amy Schumer, por Descompensada
- Jennifer Lawrence, por Joy: O Nome do Sucesso
- Lily Tomlin, por Grandma
- Melissa McCarthy, por A Espiã que Sabia de Menos
- Tina Fey, por Irmãs

MELHOR FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA OU TERROR
- Corrente do Mal, de 
- Ex Machina: Instinto Artificial, de Alex Garland
- Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, de Colin Trevorrow
- Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller
- Perdido em Marte, de Ridley Scott

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
- A Garota Dinamarquesa
- Brooklyn
- Carol
- Mad Max: Estrada da Fúria
- Perdido em Marte
- Ponte dos Espiões

MELHORES EFEITOS VISUAIS
- A Travessia
- Ex Machina: Instinto Artificial
- Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
- Mad Max: Estrada da Fúria
- O Regresso
- Perdido em Marte

MELHOR FOTOGRAFIA
- Carol
- Mad Max: Estrada da Fúria
- O Regresso
- Os Oito Odiados
- Perdido em Marte
- Sicário - Terra de Ninguém

MELHOR FIGURINO
- A Garota Dinamarquesa
- Brooklyn
- Carol
- Cinderela
- Mad Max: Estrada da Fúria

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
- A Garota Dinamarquesa
- Aliança do Crime
- Carol
- Mad Max: Estrada da Fúria
- O Regresso
- Os Oito Odiados

MELHOR EDIÇÃO
- A Grande Aposta
- Mad Max: Estrada da Fúria
- O Regresso
- Perdido em Marte
- Spotlight - Segredos Revelados

MELHOR TRILHA SONORA
Carol, de Carter Burwell
O Regresso, de Ryuichi Sakamoto e Alva Noto
Os Oito Odiados, de Ennio Morricone
Sicário - Terra de Ninguém, de Johann Johannsson
Spotlight - Segredos Revelados, de Howard Shore

MELHOR CANÇÃO
- Love Me Like You Do, de Cinquenta Tons de Cinza
- Onde Kind of Love, de Love & Mercy
- See You Again, de Velozes & Furiosos 7
- Simple Song, de A Juventude
- Til It Hapens to You, de The Hunting Ground
- Writing's on the Wall, de 007 Contra Spectre

domingo, 17 de janeiro de 2016

Crítica: O Quarto de Jack (2016)


O cineasta irlandês Lenny Abrahamson vem conquistando cada vez mais o seu espaço e consequentemente uma legião de admiradores. E eu sou um deles, principalmente depois de ter assistido Frank (2014). Pois em 2015 ele volta aos cinemas com o espetacular O Quarto de Jack (Room), baseado no livro homônimo de Emma Donoghue, que já é uma das melhores surpresas do ano.



O menino Jack (Jacob Tremblay) vive com a mãe (Brie Larson) em um pequeno quarto sem janelas, cuja única visão para o mundo exterior é uma claraboia, de onde ele nunca saiu desde que nasceu. A vida claustrofóbica que leva já é mostrada desde a primeira cena, quando ele acorda e dá bom dia para os objetos inanimados que compõe o local. Ele foi ensinado desde pequeno a pensar que o quarto é o mundo e que fora dele só existe o "espaço sideral", nada mais.

Esse começo estranho e curioso vai ganhando forma com o passar do tempo e não demora para entendermos a real situação em que eles estão inseridos, principalmente depois que aparece a figura do "velho Nick" (Sean Bridges), um homem que visita o quarto todas as noites e que também é responsável por trazer tudo que eles precisam para se manter, como comida e produtos de higiene.



Há sete anos atrás, quando voltava da escola, Joy foi sequestrada por um homem, e desde então foi mantida em cárcere privado por ele. Estuprada diariamente, ela teve Jack no cativeiro, e quando o menino completa 5 anos, ela passa a mostrar pouco a pouco essa dura realidade para ele, que ela sempre escondeu para protegê-lo. Obviamente ele custa a acreditar, e é emocionante, por exemplo, quando ele diz ingenuamente que gostaria de voltar a ter 4 anos para continuar sem saber de tudo.

Apesar de viver trancafiado entre quatro paredes, Jack sempre foi inteligente e esperto, e não demora para compreender a gravidade da situação e ajudar sua mãe a planejar a fuga. Na segunda metade o filme já se passa no mundo externo, depois que o plano dos dois dá certo e eles são libertados do cativeiro. No entanto, mesmo contando com o apoio da família, Jack demora para se adaptar nesse mundo novo, cheio de oportunidades e diferente de tudo que ele até então conhecia.



O filme mostra muito bem a dificuldade de voltar a ter uma vida normal depois de um acontecimento traumático como esse. Por mais que tentem, tanto Jack como a mãe jamais irão se recuperar do trauma. Uma das cenas mais emocionantes é quando Jack visita o lugar onde cresceu e acha tudo menor do que era antes. Isso era esperado, já que ele conheceu o mundo de verdade e tudo que ele tem para oferecer. Foi como se ele tivesse nascido de novo. A fotografia auxilia nessa hora, começando azulada e fria para depois ganhar cores fortes. É como a vida de Jack, que ganhou um novo significado.

Apesar de todas as qualidades técnicas, a atuação dos atores é o que mais chama a atenção no longa. O menininho Jacob Tremblay tem aqui uma das atuações mirins mais impressionantes que eu já tive a oportunidade de assistir, mas quem rouba a cena mesmo é a canadense Brie Larson, que inclusive venceu o Globo de Ouro de melhor atriz e também foi indicada ao Óscar.



Por fim, O Quarto de Jack é sem dúvidas um dos melhores filmes (se não o melhor) que você irá assistir em 2016. Pesado mas ao mesmo tempo encantador, é um filme que vai ficar na sua cabeça por dias, e já virou o meu favorito para vencer o Óscar deste ano.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Crítica: Os Oito Odiados (2016)


Em seu oitavo trabalho da carreira como diretor, o cineasta Quentin Tarantino volta novamente ao gênero do faroeste depois do mega sucesso de Django Livre, e traz em Os Oito Odiados (The Hateful Eight) uma história fantástica e recheada de reviravoltas, que se passa boa parte do tempo em um único cenário.




A trama se passa poucos anos depois da Guerra Civil Americana e começa acompanhando o caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell), que está transportando a fugitiva da justiça Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock, onde ela será enforcada. Seu caminho cruza com o de Marquis Warren (Samuel L. Jackson), um militar negro que ainda goza da vitória sobre os confederados, e com o de Chris Mannix (Walton Goggins), que está indo para a cidade para assumir o posto de xerife.

Para escapar de uma violenta nevasca, os quatro se refugiam em um armazém no meio do deserto, onde se deparam com o carrasco Oswaldo Mobray (Tim Roth), o General Sanford Smither (Bruce Dern), o esquisitão Joe Gage (Michael Madsen) e o mexicano Bob (Demián Bichir), que é quem está cuidando do lugar. Aos poucos, no entanto, vai caindo a máscara de cada um deles, mostrando que eles não são nem um pouco daquilo que primeiramente aparentavam ser.



O enredo, dividido em capítulos, é primoroso. Se passa praticamente o tempo inteiro dentro da cabana, o que reforça os diálogos e principalmente as atuações. Por momentos, parece até uma peça de teatro aberta ao público, onde acompanhamos o desenrolar de uma história cheia de detalhes e reviravoltas. Aliás, a quebra da linearidade do meio para o final só contribui para que o final seja fascinante. Tarantino também não economiza na violência, com direito a cabeças explodindo e muito sangue escorrendo, o que de fato sempre se espera dos filmes dele.

Em um filme com as características que este tem, o mínimo que se espera são atuações competentes que consigam segurar o interesse do público, e isso é o que não falta. Primeiramente, Samuel L. Jackson nas mãos de Tarantino é um mito. Seu personagem se torna de fato o grande protagonista, e suas tiradas são sensacionais. Os diálogos dele com o General Smither são talvez os melhores momentos do filme, pois ambos estavam presentes na Guerra Civil, só que de lados opostos, e as fagulhas do conflito ainda estão bastante acesas.



Quem também brilha é Jennifer Jason Leigh no papel da prisioneira Domergue. Desajustada e completamente louca, ela é uma personagem forte que vem rendendo inclusive indicações importantes para a atriz nas principais premiações do ano. No mais, atores consagrados que já haviam trabalhado com Tarantino antes como Tim Roth e Kurt Russell também estão muito bem em seus papéis.

Na parte técnica, o que chama a atenção é a trilha sonora maravilhosa de Ennio Morricone, que não fazia a trilha de um faroeste desde sua parceria clássica com Sergio Leone. Ele já havia trabalhado com Tarantino, mas pela primeira vez foi responsável pela trilha completa de um filme seu. A fotografia também é incrível, assim como toda parte estética como figurinos, maquiagem e a própria ambientação da época.



Por fim, temos aqui mais um exemplar de um diretor incrível que coleciona uma obra-prima atrás da outra. Os Oito Odiados pode não ser superior a seus dois antecessores, mas já tem lugar garantido na lista de melhores filmes deste século.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

5 personagens inesquecíveis de Alan Rickman

Hoje o mundo do cinema acordou um pouco mais triste. Morreu, aos 69 anos de idade, o ator britânico Alan Rickman, conhecido principalmente pelo seu papel inesquecível em Harry Potter. Mas a sua carreira, é claro, vai muito além disso.

Nascido em Londres no dia 21 de fevereiro de 1946, Rickman começou tardiamente na carreira de ator, e foi somente em 1988 que ele ganhou seu primeiro papel de destaque nas telonas, no clássico Duro de Matar. Após o sucesso, ele fez alguns filmes conhecidos mas pouco expressivos, como Um Romance de Outro Mundo (Anthony Minghella, 1990), Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões (Kevin Reynolds, 1991), Jogos de Ilusão (Mike Newell, 1995), Razão e Sensibilidade (Ang Lee, 1995) e Michael Collins - O Preço da Liberdade (Neil Jordan, 1996). 

Em 2001 ele voltou às telas em grande estilo na pele do professor Severo Snape, da saga Harry Potter, personagem pelo qual ele será sempre lembrado com enorme carinho pelos fãs. No intervalo dos oito filmes da série, ele fez outros bons trabalhos como Quase Deuses (Joseph Sargent, 2004), Perfume: A História de um Assassino (Tom Tykwer, 2006) e Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Tim Burton, 2007). Em 2014 ele deu vida à Hilly Cristal em CBGB - O Berço do Punk Rock, em um dos personagens mais engraçados de sua extensa carreira. No mesmo ano, se arriscou como diretor no drama Um Pouco de Caos, onde também contracenou junto de Kate Winslet, Matthias Schoenaerts e Stanley Tucci. 

Por fim, o que vai ficar de Alan Rickman é a admiração que tenho e sempre tive de um grande ator, que nos deixou uma série de personagens emblemáticos para matarmos a saudade dele quando quisermos. Abaixo, confira cinco deles:

1. Severo Snape, de Harry Potter

É evidente que, entre todos os seus personagens marcantes, o mais lembrado será sempre o do professor Severo Snape, de Harry Potter. Mesmo quem não é fã da série de filmes tem que admitir que a atuação de Rickman em todos os oito filmes é impressionante. Ele soube transcrever com maestria o misterioso bruxo dos livros, e em uma pesquisa recente os próprios fãs da saga o elegeram como o personagem mais querido dentre todos.

2. Hans Gruber, de Duro de Matar

Em seu primeiro filme de destaque, Rickman deu vida ao vilão Hans Gruber, no clássico de ação Duro de Matar. Na história, ele é o líder de um grupo terrorista alemão que invade um prédio de Los Angeles e sequestra todos os convidados de uma festa com a intenção de roubar milhões de dólares.

3. Xerife de Nothingham, de Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões

O filme, dirigido por Kevin Reynolds, rendeu o único prêmio importante na carreira de Rickman, o BAFTA de melhor ator coadjuvante. Na história, ele interpreta o Xerife de Nothingham, um dos homens por trás da morte do pai de Robin e partidário ferrenho do inescrupuloso Príncipe João.

4. Dr. Alfred Blalock, em Quase Deuses

Em Quase Deuses, Rickman interpreta o Dr. Alfred Blalock, um médico que acaba de se tornar cirurgião-chefe na Universidade Johns Hopkins, onde passa a fazer diversas pesquisas sobre novas técnicas de cirurgia do coração, contando com a inesperada ajuda de seu faxineiro.

5. Hilly Cristal, em CBGB - O Berço do Punk Rock

CBGB foi um pub clássico localizado em Manhattan, Nova Iorque, de onde surgiram os maiores nomes do Punk Rock mundial. O responsável por trás de tudo era Hilly Cristal (Rickman), um homem que, mesmo sem dinheiro, abriu as portas para bandas desconhecidas mostrarem seu trabalho. Entre elas estavam Ramones, Television, Taking Heads, Blondie e The Dead Boys.