domingo, 5 de fevereiro de 2017

Crítica: Manchester à Beira-Mar (2017)



Cinco anos após o seu último trabalho, o diretor Kenneth Lonergan voltou às telas com um dos filmes mais poderosos deste início de temporada. Centrado no silêncio e abordando sentimentos como a perda e o remorso, Manchester à Beira-Mar (Manchester By The Sea) foge do comum trazendo uma trama simples mas muito bem trabalhada.


Um homem apático, de fala mansa e monossilábica. Esse é Lee Chandler (Casey Affleck), que trabalha como zelador em Boston e vive uma rotina monótona. Solitário e depressivo, Lee recebe uma ligação avisando que seu irmão Joe (Kyle Chandler) acabou de falecer, e para acompanhar o funeral, ele precisa retornar à Manchester, cidade litorânea onde viveu por anos e onde possui um passado conturbado.

Aos poucos, através de flashbacks, começamos a entender o porque de Lee, hoje, ser tão reservado. Ao chegar na cidade, todos os habitantes o tratam de forma estranha, já que até hoje ninguém conseguiu esquecer os acontecimentos que o levaram a se mudar para outro lugar. É claro que não vou falar o que houve para não estragar a surpresa, mas quando a verdade aparece, é impossível não se chocar e não sentir ainda mais compaixão pelo personagem.


Na leitura do testamento do irmão, Lee fica sabendo que ele deixou a seus cuidados o filho adolescente Patrick (Lucas Hedger), e é nesta relação entre os dois que o filme se estrutura. Ora engraçado, ora dramático, o roteiro mostra essa relação com bastante simplicidade, apostando sobretudo nos diálogos.

Casey Affleck e Lucas Hedger cumprem seus papéis de maneira sublime, e merecem todas as indicações em premiações que vem recebendo nesta temporada. Quem também está impressionante é Michelle Williams, no papel da ex-mulher de Lee, que não aparece tanto no filme mas quando aparece nos mostra uma extraordinária atuação.


Por fim, Manchester à Beira-Mar é um filme singular e devastador, que para mim é o grande merecedor do Óscar deste ano. Com um roteiro intimista, é o tipo de filme que engrandece o cinema e prova que ainda existe muita autenticidade em Hollywood. Lonergan, assim como toda a equipe técnica e os atores, está de parabéns.

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