sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Crítica: Canastra Suja (2018)


Depois do excelente Teus Olhos Meus, passei a acompanhar mais de perto a carreira do diretor Caio Sóh, e novamente ele nos presenteia com um grande trabalho, reflexivo e visceral, que desnuda sem piedade e com muita naturalidade as entranhas de uma família tradicional de classe média do Rio de Janeiro.


Os membros dessa família são personagens muito bem construídos, começando pelo pai (Marco Ricca), um alcoólatra em busca de tratamento. A primeira cena é justamente a família o acompanhando numa reunião do AA, demonstrando união e amor entre eles. Porém, no dia-dia, as coisas são bem diferentes do que aparentam.

Maria (Adriana Esteves), a mãe da família, é dona de casa e fica responsável por cuidar de Rita (Cacá Ottoni), que sofre de um transtorno e não consegue fazer nada sozinha. Pedro (Pedro Nercessian) trabalha com o pai numa oficina, mas os dois não se dão bem, e a relação volta e meia solta faíscas. A outra filha, Emília (Bianca Bin), tenta ser independente num emprego em um escritório, e namora escondido Tatu (David Junior).


A riqueza de informações em cada um dos núcleos forma uma base consistente que segura a atenção do espectador até o fim. Como faz questão de ilustrar, o roteiro é como se fosse um verdadeiro jogo de baralho, onde os membros da família se movem de um lado a outro, com interpretações equivocadas e golpes do destino. A direção firme, unida às boas atuações do elenco (vide Adriana Esteves, maravilhosa como sempre), fazem com que Canastra Suja seja uma das gratas surpresas do nosso atual cinema.

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