terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Crítica: A Favorita (2019)


Estamos no início dos anos 1700, período de guerra entre Reino Unido e França, e consequentemente de parlamento dividido entre continuar com a guerra ou assinar um tratado de paz para abrandar os gastos. No novo filme do grego Yorgos Lanthimos, porém, a política fica em segundo plano, e o destaque é o triângulo amoroso que se cria entre três mulheres de personalidades fortes e conflitantes.


Dona de um comportamento explosivo, a Rainha Anne (Olivia Colman) manda e desmanda no Reino Unido, mesmo debilitada fisica e psicologicamente. Ao seu lado, no entanto, sempre está sua fiel conselheira e amiga Sarah (Rachel Weisz), que aproveita a amizade com a soberana para influenciar em decisões importantes pro país. Essa relação começa a ruir com a chegada de Abigail (Emma Stone), uma prima distante de Sarah que veio ao palácio em busca de um emprego. Os ciúmes de Sarah em relação a jovem e sua Rainha é só o começo de uma sucessão de situações absurdas envolvendo o trio.  As ações das três são bastante questionáveis durante o longa inteiro, e só mostra como o ser-humano é imprevisível em determinadas situações.

Dois fatores chamam a atenção no filme: as atuações impressionantes das três atrizes principais e a fotografia. Colman, Weisz e Stone formam uma trinca perfeita, e podem merecidamente beliscar alguma coisa nas premiações deste ano. Na parte técnica, é interessante ver o uso de câmeras angulares em certas cenas, que ajudam a mostrar toda a pomposidade dos palácios da monarquia, com suas extravagâncias em cores muito vivas. Porém, é justamente nessa obsessão por ser visualmente deslumbrante que mora um dos principais defeitos do filme, que vai se tornando enfadonho com o passar do tempo.


Misturando momentos dramáticos com um humor ácido, por vezes até cruel, A Favorita evidencia criticamente os bastidores da burguesia da época e isso, sim, é um fator positivo. Mas mesmo sendo, de longe, o filme mais ambicioso de Lanthimos, é também o mais fraco.

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