segunda-feira, 27 de maio de 2019

Os Vencedores do Festival de Cannes 2019


Chegou ao fim nesse último sábado (25) a 72ª edição do Festival de Cannes, que consagrou com unanimidade o longa Parasite, do diretor sul-coreano Bong Joon-ho. O brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ficou com o prêmio do júri, juntamente com Les Misérables, de Lady Ly. Além de Bacurau, outro brasileiro também fez bonito foi A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que venceu na mostra Um Certo Olhar.

Os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne voltaram ao festival sendo premiados como melhor direção por Young Ahmed. Quem também retornou ao tapete de Cannes foi o ator Antonio Banderas, escolhido melhor ator por Dor e Glória, de Pedro Almodóvar. Emily Beecham ficou com o prêmio de melhor atriz, por Little Joe, e Portrait of a Lady on Fire venceu como melhor roteiro. Confira os vencedores:

Cena de Parasite, premiado com a Palma de Ouro.
Palma de Ouro:
Parasite, de Bong Joon-ho

Prêmio do Júri:
Bacurau, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e Les Misérables, de Lady Ly.

Grande Prêmio:
Atlantique, de Mati Diop

Melhor Direção:
Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, por Young Ahmed

Melhor Atriz:
Emily Beecham, por Little Joe

Melhor Ator:
Antonio Banderas, por Dor e Glória

Melhor Roteiro:
Portrait of a Lady on Fire, de Céline Sciamma

Camera D'or (Melhor filme de diretor estreante):
Nuestras Madres, de César Diaz

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crítica: Nunca Deixe de Lembrar (2019)


Representante da Alemanha no último Óscar de filme estrangeiro, Nunca Deixe de Lembrar (Werk Ohne Autor) é a odisseia de um artista desde sua infância na Alemanha Hitlerista até sua consagração na já Alemanha dividida pelo Muro de Berlim. Ao retratar cerca de 4 décadas da vida de Kurt Barnert, o filme viaja pela história do país e suas diversas mudanças sociais, que foram influenciando a vida e o estilo técnico do artista.


Burnert já nasceu com dom para pintura e sempre foi incentivado pela tia (Saskia Rosendahl), que o levava a exposições de arte. No entanto, sua vida tranquila na pacata Dresden mudou completamente com a intensificação da guerra, e ele foi obrigado a se mudar e deixar tudo para trás, inclusive se afastando da tia que o tratava como filho. 

Na adolescência, sua criatividade foi interrompida pelos nazistas, que achavam sua arte muito moderna, e depois de adulto, procurou refúgio na parte oriental da Alemanha, onde pintava apenas quadros de Realismo Socialista a mando dos soviéticos. Ainda que fosse sufocado por todos os lados, ele sempre procurou aprimorar sua própria personalidade artística ao longo dos anos, sempre influenciado pelas mudanças comportamentais da sociedade.


O filme, no entanto, não foca apenas na sua trajetória artística, mas é também uma aula sobre a arte moderna alemã, e a importância dela no cenário mundial. Além disso, mostra o lado humano do pintor, com suas relações interpessoais e principalmente seu grande amor por Ellie (Paula Beer), uma jovem idealista e cheia de vida.

O que mais encanta ao longo de todo o filme é certamente sua fotografia, unida a uma trilha sonora belíssima. Não há um defeito, não há uma crítica ruim a se fazer, pois é um trabalho impecável de direção e da parte técnica. As atuações também são exemplares. O enredo não se torna cansativo em nenhum momento, mesmo com suas longas 3 horas de duração, e tem cenas memoráveis, de beleza ímpar.


No filme há ainda espaço para uma crítica sobre a falta de incentivo às artes manuais, uma arte tão bonita que vai ficando cada vez mais defasada. Por fim, Nunca Deixe de Lembrar é mais do que uma homenagem ao artista e à arte em si, mas é também, como o próprio nome traduzido sugere, uma lembrança de como guerras podem afetar gerações e trazer consequências eternas na vida de um país.