terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Meus 15 Filmes Preferidos Lançados no Brasil em 2025

Como acontece todos os anos, chegou a hora de postar aqueles que, para mim, foram os melhores filmes do ano. Antes, porém, começo citando filmes que estão fora da lista final, mas que também merecem atenção com uma menção honrosa: São eles: Better Man: A História de Robbie Williams, de Michael Gracey, Um Completo Desconhecido, de James Mangold, Filhos, de Gustav Moller, Os Enforcados, de Fernando Coimbra, Homem com H, de Esmir Filho, e O Último Azul, de Gabriel Mascaro. Agora sem mais delongas, vamos à lista oficial:

15º Ladrões, de Darren Aronofsky

Ladrões é Darren Aronofsky com cara de Guy Ritchie. Empolgante e, até certo ponto, engraçadíssimo, o filme tem tudo que se espera de um thriller urbano: mafiosos caricatos, planos mirabolantes que dão errado, reviravoltas (muitas) e um ritmo frenético do início ao fim. É uma "bagunça" narrativa, mas que, por incrível que pareça, dá certo. Pode não ser a grande obra-prima do Aronofsky, mas é ágil, divertido e funciona muito bem naquilo que propõe.

14º Foi Apenas um Acidente, de Jafar Panahi


Vencedor da Palma de Ouro em Cannes este ano, Foi Apenas um Acidente apresenta um dilema moral instigante, que fala sobre memória, traumas e cicatrizes do passado. A trama acompanha um grupo que foi torturado na prisão em um passado distante, e que se reencontram ao suspeitar que o algoz das torturas está entre eles. O peso ético da reação de cada um é o que move o filme, em um trabalho que reafirma a coragem de Panahi em expôr as fraturas mais profundas da sociedade iraniana diante de governos tiranos.

13º A Meia-Irmã Feia, de Emilie Blichfeldt

O conto da cinderela na perspectiva da vilã, em um bodyhorror grotesco, escatológico e visceral, que se assemelha muito mais ao conto original dos irmãos Grimm do que a versão suavizada pela Disney. O filme de estreia da diretora Emilie Blichfeldt foi para mim uma enorme surpresa. Blichfeldt não teve receio nenhum em subverter a narrativa do conto, trazendo o ponto de vista da meia-irmã feia de Cinderela, mostrando todos os desafios físicos e mentais que ela enfrenta para tentar ser a escolhida do "príncipe" no baile.

12º Uma Batalha Após a Outra, de Paul Thomas Anderson

Um épico que combina revolução, política e drama familiar, e uma metáfora contundente da América contemporânea. É assim que eu definiria Uma Batalha Após a Outra, filme que marca o retorno de Paul Thomas Anderson aos holofotes após quatro anos. O roteiro, baseado em um livro de Thomas Pynchon, é extremamente vibrante, trazendo perspectivas diferentes de uma mesma história, que basicamente consiste em um grupo de revolucionários que tenta, de maneira transgressiva, reparar injustiças sociais e abalar as estruturas de poder. O grande destaque do filme é uma cena de perseguição em uma auto estrada, com toda certeza a cena mais tensa do ano.

11º Jay Kelly, de Noah Baumbach

Com Jay Kelly, Noah Bamubach presta um claro tributo a todos aqueles que vivem da sétima arte e acompanham suas vidas se entrelaçarem com as histórias que interpretam, encontrando na ficção um reflexo da própria existência. O filme acompanha o ator Jay, que está cada vez sentindo mais o peso do envelhecimento e o descompasso com o mundo ao redor, sensação que piora quando pessoas do passado retornam à sua vida, resgatando memórias boas e ruins.

10º A Vida de Chuck, de Mike Flanagan

Adaptado de um conto homônimo de Stephen King, A Vida de Chuck é uma obra nada convencional e cheia de metáforas, que proporciona inúmeras interpretações e pontos de vista, mas que encanta pela maneira peculiar e particular de abordar questões existenciais da vida humana. A história é contada em três capítulos, que por sua vez são mostrados de trás para a frente. Flanagan nos coloca diante de um cenário apocalíptico, onde o mundo está às vésperas de um apagão generalizado na internet, enquanto mudanças climáticas são responsáveis pela devastação de países inteiros. No meio disso tudo, um homem enigmático de meia-idade chamado Chuck está lutando contra uma doença terminal.

 Nosferatu, de Robert Eggers

Cento e dois anos depois do clássico inigualável de F. W. Murnau, e quarenta e cinco anos após a releitura marcante de Werner Herzog, Nosferatu esteve novamente entre nós. E mais uma vez, em boas mãos. Com uma autenticidade única, e uma assinatura própria que já se tornou marcante em tão pouco tempo de carreira, Robert Eggers nos apresenta sua visão fascinante e ao mesmo tempo horripilante do conde Orlof, sem deixar a essência do original de lado.

8º Flow, de Gints Zilbalodis

O "boom" de Flow aconteceu ainda no fim do ano passado, mas a estreia oficial no Brasil foi apenas em janeiro deste ano, e por isso ele não podia ficar de fora da lista. A animação brilhante, que encantou o mundo e disputou até o prêmio de melhor filme internacional no Óscar, tem uma doçura singular e acompanha a saga de um gatinho preto e seus amigos "incomuns" por um mundo devastado após uma tragédia climática.

7º Frankenstein, de Guillermo Del Toro

Conhecido por suas obras fantasiosas, marcadas por uma estética visual singular e pelo uso de metáforas que expõem as imperfeições humanas em seus extremos, o mexicano Guillermo del Toro encontrou em Frankenstein a história perfeita para expandir o seu universo autoral. O cineasta revisita o clássico de Mary Shelley imprimindo sua assinatura própria, numa combinação de lirismo sombrio, imaginação exuberante e uma profunda empatia por seus monstros, transformando o horror em compaixão, e o grotesco em beleza.

6º O Agente Secreto, de Kléber Mendonça Filho

Conquistando vários prêmios ao redor do mundo desde o seu lançamento em Cannes no mês de maio, e fortemente cotado para estar entre os finalistas no Óscar de 2026, O Agente Secreto foi o grande fenômeno do cinema nacional este ano. Ambientado na Recife dos anos 1970, o filme acompanha um homem que retorna à sua terra Natal após um tempo afastado, afim de recomeçar a vida. No entanto, o passado misterioso continua na sua cola, botando a vida dele e dos familiares em risco. Não é um filme que entrega todas as respostas, mas que fisga o espectador com uma trama instigante. Um thriller policial atemporal e universal.

5º Bird, de Andrea Arnold

A diretora britânica Andrea Arnold tem em Bird o seu melhor filme da carreira. A trama acompanha uma jovem de doze anos que vive com o irmão em uma região suburbana do Reino Unido e que, mesmo diante das dificuldades, nunca deixa de sonhar. O realismo social de Arnold aborda os desafios de uma vida com poucos recursos, sobretudo quando se tem uma família disfuncional e problemática, em um ambiente violento e nada acolhedor.

4º Desconhecidos, de JT Mollner

Um filme que chegou de mansinho, sem alarde, mas que para mim é o melhor suspense do ano. Contado de forma não linear, o roteiro de Desconhecidos (Strange Darling) apresenta diversos pontos de vista de uma mesma história, que vai fazendo o espectador, pouco a pouco, montar junto o quebra-cabeças de um crime. Sim, falando assim parece até mais do mesmo, mas a ruptura com o estilo clássico de narrativa que Mollner propõe brinca com perspectivas de uma maneira que, confesso, não lembro de ter visto igual.

3º A Hora do Mal, de Zach Cregger

Até eu estou surpreendido com um filme de terror entre os meus três preferidos do ano, mas o fato é que A Hora do Mal (Weapons) é realmente diferenciado. Na leva atual de filmes do gênero, ele se sobressai pela originalidade, não somente na questão narrativa, mas também na estética. Zach Cregger criou um clássico moderno, que é cadenciado e misterioso quando precisa ser, grotesco e violento no momento certo, e engraçado sem jamais perder sua seriedade.

2º Memórias de um Caracol, de Adam Elliot

Do mesmo criador do excelente Mary and Max (2009), Memórias de um Caracol é mais uma animação stop-motion comovente de Adam Elliot. O roteiro segue no mesmo campo emocional da obra anterior, trazendo importantes reflexões sobre a vida ao acompanhar uma garota melancólica e desajustada, que tenta encontrar esperanças mesmo diante das dificuldades extremas da vida. Cheio de diálogos espirituosos e metáforas, é um filme singelo e muito sensível, que faz repensar muito na vida.

1º Pecadores, de Ryan Coogler

O meu filme preferido de 2025 é também aquele que mais me surpreendeu. Após muitos burburinhos na internet, fui olhá-lo no cinema com uma boa expectativa, mas sem ler absolutamente nada da história, e essa foi uma escolha certeira, que engrandeceu ainda mais a experiência para mim. Música, história, terror e cultura negra, tudo unido em um roteiro intenso e visceral, que tem em sua virada de chave o ponto máximo do cinema no ano.

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