domingo, 29 de junho de 2014

Recomendação de Filme #54

Across The Universe - Julie Taymor (2007)

Por mais exagerado que isso possa parecer, me atrevo a dizer que Across The Universe é o melhor filme já feito dentre tantos que abordam a obra dos Beatles. Mesmo tratando-se de uma proposta extremamente simples (uma história de amor contada através das músicas do grupo), é surpreendente que ninguém jamais tivesse pensado em fazer isso anteriormente até a diretora Julie Taymor (de Frida) pôr a ideia em prática e nos presentear com essa verdadeira obra-prima.


Na história, Jude (Jim Strugess) é um jovem rapaz que mora em Liverpool. Sem espaço para mostrar o seu talento nas artes plásticas, ele ganha a vida trabalhando numa empresa naval, como a grande maioria dos homens da sua idade que vivem na cidade. Seu maior sonho no entanto é viajar para a América em busca de uma vida melhor, além de encontrar seu pai que vive lá e que ele nunca conheceu pessoalmente.

Quando ele tem a oportunidade de atravessar o Atlântico, agarra-se a ela com as duas mãos, e já em solo americano finalmente conhece o pai. O que muda definitivamente sua vida dali para a frente, porém, é a amizade que ele acaba fazendo com Max (Joe Anderson), um jovem cheio de ideologias e de personalidade forte. Quando eles viajam juntos para a casa da família de Max, Jude conhece a jovem Lucy (Evan Rachelk Wood), por quem se apaixona perdidamente, deixando de vez sua vida na Inglaterra.



Não que o enredo não seja cativante por si só, mas o que faz de Across the Universe um filme único é, de fato, a junção das músicas do quarteto de Liverpool com a história, que se encaixam de forma primorosa. Juntando temas como o amor, a guerra, a contracultura e o pensamento revolucionário muito presente naqueles anos 60, o filme consegue resgatar com perfeição a alma de todas as canções da banda, e o espírito de uma juventude inquieta e sedenta por liberdade. 

Outro ponto interessante é que exatamente tudo no filme lembra a banda, dos nomes dos personagens (Lucy, Jude, Prudence, etc.) aos cenários e diálogos. Acho genial a forma como as locações vão mudando conforme as fases da banda, e a parte que retrata a época "alucinógena" do grupo é certamente uma das mais memoráveis.

Agora falando do que interessa, a releitura das músicas são fantásticas, e deixa qualquer fã dos Beatles de pelos arrepiados. Afinal, como não se emocionar com os clássicos sendo cantados de forma tão emocionante e sincera? Algumas das versões musicais chegam a ser tão bem feitas, que por vezes parecem ser ainda melhor do que as originais (ainda que isso pareça uma blasfêmia).



A direção de Julie Taymor é bastante firme, e a ambientação da época é perfeita. As atuações são surpreendentes, sobretudo pelo fato de que todos realmente cantam nas cenas, sem usar playbacks ou gravações em estúdios musicais (passei a gostar ainda mais do filme depois que eu fiquei sabendo disso).

Por fim, Across the Universe tem as características que eu mais gosto em um filme: é simples, direto, envolvente, e instiga o espectador a pensar. E antes de mais nada, recomendo assisti-lo com a discografia dos Beatles por perto, porque você certamente vai sentir vontade de ouvir tudo de novo.


sexta-feira, 20 de junho de 2014

As 5 atuações mais marcantes de Nicole Kidman

Nascida em Honolulu no dia 20 de junho de 1967, Nicole Kidman virou, com o passar dos anos, uma das atrizes mais respeitadas e premiadas do cinema, tendo dois Globos de Ouro e um Óscar de melhor atriz na prateleira. Filha de pais australianos, Kidman começou a aparecer para o cinema ainda na Austrália, mas no cinema americano ela só apareceu pela primeira vez em 1989, no filme Terror a Bordo. Seus próximos sucessos foram Dias de Trovão, Um Sonho Distante, Batman Forever e Um Sonho sem Limites, pelo qual recebeu o primeiro Globo de Ouro da carreira. Em 1999 estrelou, ao lado de Tom Cruise (seu marido na época), o último filme da carreira de Stanley Kubrick, o drama psicológico De Olhos bem Fechados.

Seu nome atingiu o auge na década de 2000, onde ela participou de grandes filmes como o extravagante Moulin Rouge, o suspense Os Outros, o drama Cold Mountain e o sensacional Dogville. Nesse ínterim, ela participou também de As Horas, pelo qual recebeu o prêmio de melhor atriz no Óscar por sua personificação da escritora Virgina Woolf. Enfim, confira abaixo uma lista com as cinco atuações mais marcantes da atriz na carreira em homenagem à data de seu aniversário.

1. As Horas (2002)

Foi com As Horas, filme do diretor Stephen Daldry, que Nicole Kidman ganhou o seu primeiro e único Óscar de melhor atriz, além do seu terceiro Globo de Ouro. Quase irreconhecível na pele da escritora Virginia Woolf, ela transmite com veracidade todo o sofrimento de uma mulher emocionalmente presa pelo conservadorismo moral da época, o que a levou a cometer suicídio.

2. Dogville (2003)

Dogville é um dos filmes mais originais de todos os tempos, e um dos que mais gosto da filmografia do diretor Lars von Trier. Na história, que aborda a exploração física e psicológica de alguns seres humanos sobre outros, Nicole Kidman dá vida a uma doce forasteira que sofre nas mãos dos habitantes de uma pequena cidade e se vinga de forma rancorosa.

3. Moulin Rouge - Amor em Vermelho (2001)

Na homenagem extravagante de Baz Luhrmann aos grandes musicais, Nicole Kidman dá vida à Satine, a mais bela cortesã de Paris e grande estrela de Moulin Rouge, uma boate que possui um mundo próprio de sexo, drogas e danças. Por sua brilhante atuação, a atriz acabou sendo agraciada com o Globo de Ouro daquele mesmo ano.

4. Reencontrando a Felicidade (2010)

Nesse filme, Kidman interpreta uma personagem presa a um casamento distante e uma existência cheia de dor e ressentimentos. Ela acaba encontrando conforto num relacionamento com um garoto mais jovem, que logo descobrimos ter sido, acidentalmente, o causador da morte do seu filho único.

5. Um Sonho Sem Limites (1995)

Neste filme dirigido pelo experiente Gus Van Sant, Nicole Kidman interpreta Suzanne Stone, uma bela jovem que se muda do interior para a cidade grande com o sonho de se tornar âncora de um dos principais telejornais do país. No entanto, para realizar esse desejo ela é capaz de todas as artimanhas possíveis, inclusive de matar. O filme rendeu o primeiro Globo de Ouro da carreira de Kidman, além de ter sido o filme que finalmente alavancou sua carreira em Hollywood.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Crítica: The Normal Heart (2014)


No ano de 2013, Clube de Compras Dallas chamou a atenção da crítica e do público ao abordar a AIDS de forma original, focando principalmente no surgimento da epidemia e o quanto o desconhecimento sobre ela acabou criando inúmeros mal-entendidos. The Normal Heart, do diretor Ryan Murphy, volta a tocar no tema delicado, mas a carga dramática, usada com exagero, acaba atrapalhando um pouco o resultado final.


O enredo do filme foca em Ned (Mark Ruffalo), um escritor que começa a se preocupar quando vê as pessoas de seu círculo de relacionamento ficarem doentes com a doença, até então misteriosa. Ele forma um grupo na tentativa de alertar as autoridades antes que seja tarde demais, e a revolta começa quando a falta de atenção do governo parece proposital, como se eles estivessem empenhados em "limpar" a sociedade dos homossexuais.

Ao mesmo tempo, a doutora Emma Brookner (Julia Roberts), que atendeu muitos dos primeiros casos de HIV registrados nos Estados Unidos, se une a eles em busca de respostas. O ponto positivo do filme é mostrar os sintomas da AIDS como poucos filmes mostraram até então, mas no mais, segue a mesma fórmula de sempre.


As atuações de Mark Ruffalo, Julia Roberts e Matt Bomer são realmente impressionantes, principalmente a do último, sendo o ponto positivo da trama. Quem assiste a série de comédia The Big Bang Theory vai gostar de ver Jim Parsons no papel de Tommy Boatwright, mesmo que sua atuação seja fraca e ele não consiga se desvincilhar do personagem cômico.

O enredo é construído com o intuito de emocionar, e as vezes isso puxa para o exagero, como se o diretor quisesse arrancar do público lágrimas a qualquer custo. Ainda que tenha boas cenas, achei a grande maioria forçada, e isso acabou me decepcionando um pouco. No entanto, The Normal Heart não deixa de ser um filme de qualidade, e mesmo com seus defeitos não deixa de ser uma experiência interessante.

Crítica: O Grande Hotel Budapeste (2014)


Ao longo da última década, foram poucos os diretores que conseguiram arrecadar uma legião tão grande de admiradores como Wes Anderson. Conhecido por seus trabalhos visualmente exuberantes, cheios de cores e detalhes, Anderson tem sido aclamado pela crítica depois de bons filmes como Os Excêntricos Tenembaums e Moonrise Kigdom, e era de se esperar que seu novo filme, O Grande Hotel Budapeste, viesse a ser um dos mais esperados do ano.



A trama se passa na república fictícia de Zubrowka, na fronteira oeste da Europa, onde está localizado o Grande Hotel Budapeste, um glorioso e gigantesco prédio que nos anos 30 era badalado e acolhia o público da mais alta sociedade. O gerente do lugar era Mounsieur Gustave (Ralph Fiennes), um homem rígido que tinha como seu escudeiro o jovem Zero Moustafa (Tony Revolory), um mensageiro estagiário.

Quando uma importante condessa aparece morta, deixando um quadro valiosíssimo para Gustave em troca dos favores que ele sempre proporcionou a ela, a família dela passa a persegui-lo. Acusado de ser o mandante do crime, ele acaba preso, e após se juntar a um grupo e conseguir fugir, ele começa a ser perseguido pela polícia.



Anderson possui uma forma de direção tão singular, que seus filmes costumam tanto agradar como desagradar, sobretudo quem não está acostumado com seu estilo. Seu humor peculiar é meio bobo, e confesso que por vezes me irrita. Mas a fotografia, o elenco sempre afiado e a trilha sonora sempre acabam tornando seus filmes uma experiência e tanto, e isso é inegável.

A lista de nomes consagrados no elenco é de dar inveja a qualquer grande diretor: Ralph Fiennes, Bill Murray, Edward Norton, Adrien Brody, F. Murray Abraham, Harvey Keitel, Jude Law, Léa Seydoux, Mathieu Amalric, Owen Wilson, Tilda Swinton, Tony Revolori e Williem Dafoe. Isso nem sempre significa que o filme será bom, mas com Anderson geralmente é, pois ele sabe usar muito bem as atuações dos atores, criando para eles personagens memoráveis.



Narrado por Moustafa já velho (Abraham F. Murray), que está contando como se tornou dono do hotel para Junger Schiriftsteller (Jude Law), é um bom entretenimento mas não chega a ser o melhor filme do diretor. O enredo confuso deixa um pouco a desejar, e apesar dos bons momentos, nem mesmo a fotografia impecável conseguiu salvá-lo.