domingo, 31 de março de 2013

Recomendação de Filme #10

                          O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel) - 2007


Em O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon), o diretor Julian Schnabel volta a tratar de um tema recorrente em seus filmes: a luta pela vida e a ajuda da arte para superar as dificuldades.



A trama se baseia na história real de Jean-Dominique Bauby, redator chefe da revista francesa Elle, que sofre um derrame aos 42 anos de idade enquanto andava de carro na companhia do seu filho. Após três semanas em coma, ele desperta cercado de médicos e enfermeiros, que logo detectam que ele perdeu para sempre os movimentos de todo o corpo, com exceção do olho esquerdo.

Nos primeiros minutos do filme, nos vemos dentro da cabeça de Bauby. A câmera nos dá a visão dele, em um artifício poucas vezes visto no cinema. Ele passa a viver no quarto do hospital, e seu mundo passa a ser apenas aquele ambiente. Seus dias são obviamente monótonos, e dividem-se entre momentos de descanso e as visitas de sua ex-esposa Celine e alguns amigos. Porém, não há nenhuma espécie de comunicação entre eles.




Uma fonoaudióloga é contratada para tentar uma comunicação com o paciente, e acaba inventando um esquema simples, mas eficiente. Usando um quadro com as letras do alfabeto francês, ela diz cada uma delas em voz alta e o paciente fica na tarefa de piscar na escolhida, formando assim palavras e consequentemente frases. Dessa maneira, Bauby e sua médica conseguem suavizar um pouco o sentimento de prisão criada devido a sua incapacidade motora.

Na segunda parte do longa, temos as primeiras cenas fora do hospital, com a aparição de flash-backs da vida do paciente. Percebemos que ele não era nenhum santo, mas apesar disso, sofremos e torcemos juntos pela sua recuperação. Além da visão, Bauby também não perdeu seu espírito criativo e sua memória, e com ajuda do sistema criado, acabou escrevendo um livro relatando suas memórias, que foi um sucesso de vendas quando lançado e após sua morte.



O diretor tratou do assunto com brilhantismo, sem apelações, fazendo com que o filme não caísse em momento algum no comum. Destaque também para a atuação de Mathieu Amalric, que teve a dura missão de dar vida a um personagem imóvel, e conseguiu transmitir com perfeição todo o drama de alguém na situação mostrada. Outro ponto que preocupava o diretor, além da imobilidade do personagem, era a sequência de cenas em que a fonoaudióloga dita as letras. Ele tentou ao máximo fazer com que não ficasse repetitivo e desgastante, e ao meu ver, o efeito deu certo.

Considero a escolha do nome genial. Em uma analogia, podemos dizer que ele acabou tendo de viver em um escafandro, mas com a ajuda da médica, ele conseguiu sair e ver o mundo, literalmente com outros olhos. Por fim, devo dizer que O Escafandro e a Borboleta é uma das mais belas estórias que já tive a oportunidade de acompanhar nas telas. É um desses filmes que terminam e você se sente feliz de estar vivo e poder assisti-lo. Uma verdadeira lição!


quarta-feira, 27 de março de 2013

Os 5 melhores filmes de Quentin Tarantino.

Dos anos 90 para cá, o cineasta Quentin Tarantino talvez seja o mais expressivo no que se refere a sucesso de crítica e publico. Em um pouco mais de duas décadas de carreira, Tarantino já conquistou seu espaço entre os principais diretores da história, além de levar para casa diversas premiações mundo afora.

O cineasta, que tem descendência Italiana e nasceu no estado do Tennessee, descobriu logo jovem que queria ser diretor de cinema, quando trabalhava numa locadora de filmes. Reza a lenda de que ele teria visto todos os filmes que haviam disponíveis nas prateleiras, fato que deu a ele uma bagagem cultural imensa sobre o assunto.

Tarantino ganhou fama entre o público com seus filmes intensos e violentos, com personagens de índole duvidosa e diálogos ácidos e inteligentes, e seus filmes são cultuados por pessoas de todas as idades. Além da carreira de diretor, Tarantino ainda é conhecido por produzir e roteirizar filmes de outros diretores, principalmente com seu parceiro de longa data, o americano Robert Rodríguez (Sem in City, Um Drink No Inferno, Planeta Terror).

Abaixo, em sua homenagem, fiz uma lista com os 5 melhores filmes do diretor, na humilde opinião desse que vos escreve. Foi difícil deixar alguns de fora, mas aí está:

                              1. Pulp Fiction  - Tempo de Violência (1994)

Sendo o filme do diretor que mais arrecadou prêmios e fãs ao longo dos anos, Pulp Fiction é talvez sua obra mais importante até então. Apesar de ter sido rodado de forma independente, isso não o impediu de ter virado, mesmo que seja relativamente recente, um dos grandes clássicos do cinema mundial. Grandioso, com um bom elenco e um enredo fantástico, Tarantino mostrou nesse seu segundo longa da carreira que surgiu de fato para revolucionar a cena independente do cinema.

                                 2. Kill Bill - volumes 1 e 2 (2003 e 2004)

Histórias de vingança existem aos montes no cinema, mas poucas foram tão bem escritas e dirigidas quanto a duologia Kill Bill. O diretor havia escrito em apenas uma noite o roteiro do primeiro filme, que ficou jogado anos e anos no fundo de uma gaveta. Um dia ele reencontrou esse roteiro e resolveu transformar em filme, e foi assim que surgiu essa grande experiência cinematográfica.

No filme, Tarantino cria um mundo novo, à sua maneira, e aos seus modos (com muita violência, é claro), ao contar a história de uma noiva que sobrevive depois de uma chacina no seu casamento e resolve se vingar do autor. Assim como grande parte dos seus filmes, a narrativa não é contada linearmente, e o filme é cheio de reviravoltas e cenas inesquecíveis. Uma verdadeira obra-prima recheada de humor-negro.

                                         3. Bastardos Inglórios (2009)

Talvez o melhor filme dessa fase mais "madura" do diretor, Bastardos Inglórios mostra de vez que Tarantino é mestre no que faz. E mais uma vez, o mote principal da trama é o sentimento de vingança.

Primeiramente somos apresentados a Shoshanna, uma camponesa que sobrevive após um massacre da sua família, e se estabelece como dona de um cinema usando uma identidade falsa. Logo após, conhecemos o tenente Aldo Raine, que comanda um grupo de judeus que lutam contra os nazistas. Em um determinado momento do filme, essas duas histórias paralelas acabam se cruzando, da maneira mais surpreendente que se possa imaginar. Um filme que mostra sua genialidade nos detalhes, nos diálogos, e nas fortes atuações.

                                            4. Cães de Aluguel (1992)

Um grupo de criminosos é apenas um grupo de criminosos, mas na mão de Quentin Tarantino, as coisas não sao tão simples quanto parecem ser. Cães de Aluguel é o tipo de filme que te faz sentir valer a pena estar vivo, só para ter a oportunidade de assisti-lo. Trata-se do primeiro longa-metragem da carreira do diretor, onde já detectamos as principais características das suas obras posteriores: violência, diálogos longos e mordazes, e roteiro inteligente.

                                                5. Django Livre (2012)

Filme mais recente do diretor, Django Livre é uma homenagem dele ao gênero Faroeste, que ele cresceu assistindo, e que estava no abstratismo ultimamente. Sem perder o estilo sanguinário e violento, esse talvez seja o filme mais "simples" e engraçado do cineasta. No cinema, a experiência foi única.

- Outros destaques do diretor: Jackie Brown (1997) e À Prova de Morte (2007).

domingo, 24 de março de 2013

Crítica: Pietá (2012)


Conhecido por seus filmes brutais e ao mesmo tempo sensíveis, o Sul-Coreano Ki-dum Kim traz em Pietá (Pieta) uma dura crítica ao mundo moderno regido pela ganância e aos extremos que o homem chega por causa do dinheiro. E como todo filme Coreano que se preze, é carregado por um único sentimento do começo ao fim: vingança.



A trama narra a vida de Kang-Do, um homem de 30 anos que vive sozinho e sem luxos em seu apartamento, e trabalha cobrando dívidas para os agiotas. O diretor não poupa esforços para mostrar todo o lado sádico do personagem, que usa de violência extrema contra os que não podem pagar, aleijando-os e alterando assim suas vidas para sempre.


De repente uma misteriosa mulher aparece na sua vida, dizendo ser sua mãe que o abandonou quando ele ainda era uma criança. O início dessa relação entre mãe e filho chega a ser cômico, com ele não acreditando e ela o seguindo por todas as partes. Até que ele resolve aceitá-la no seu apartamento e começa a nutrir um certo sentimento por ela com o passar dos dias.



Esse aparecimento repentino da mãe é apenas o pontapé inicial (e central) da estória. O personagem se mostra extramente selvagem, e de início trata a mãe com hostilidade, até pelo fato de nunca ter tido uma experiência de ser amado na vida antes. Mas com o tempo acaba se apegando tanto, que não consegue mais se ver vivendo a vida solitária de antes.

Pietá possui cenas fortes de violência física, mental e até mesmo sexual, fato que fez com que em muitas amostras do filme as pessoas saíssem ainda na metade. Mas não se pode dizer que tenham sido cenas gratuitas. Ao meu ver foi uma tentativa do diretor de mostrar um pouco da natureza humana e seus instintos, e logicamente não poderia ter sido diferente.



Sobre as atuações, é de se bater palmas de pé para os dois protagonistas. Lee-Jung Jin interpreta Kang-Do de forma magistral, enquanto Min-Soo Jo nos faz sentir à flor da pele as emoções da sua personagem, tamanha é a sua entrega.




Por fim, trata-se de um longa cheio de reviravoltas, e com um final inesquecível. Brutalmente lindo, é um filme que te faz refletir durante horas após terminar. Resumindo: um filme para os que tem coração e estômago fortes.


Recomendação de Filme #09

Irreversível (Gaspar Noé) - 2002


Incômodo, chocante, e diferente de tudo que você talvez já tenha visto algum dia. É assim que começo descrevendo Irreversível (Irréversible), do polêmico Gaspar Noé, conhecido pelo uso de violência extrema e de narrativas propositalmente perturbadoras.




O enredo da estória é incrivelmente simples: um namorado descobre que sua namorada foi estuprada e parte em busca de vingança. Mas quem conhece os filmes do Gaspar Noé sabe que nas mãos dele nada é tão simples quanto parece.

O filme começa bastante estranho, o que talvez afaste algumas pessoas. Já nos créditos iniciais, temos a primeira peculiaridade: os nomes aparecem de trás para frente, como se você estivesse de frente a um espelho. Logo depois, Noé começa a primeira cena fazendo uso de câmeras inquietas, que não param de girar, enquanto ao fundo você ouve uma trilha sonora perturbadora. De fato, muitas pessoas acabam largando o filme antes da metade por conta desses detalhes, o que é um grande erro.



Um ponto que ressalto, é que Noé não economizou no nível de realidade ao mostrar as cenas mais violentas do filme. A primeira acontece logo na segunda sequência do filme, enquanto os dois amigos Pierre e Marcus estão à procura do estuprador em uma boate gay. Para defender o amigo de um ataque, Pierre faz um enorme estrago na face de um homem com um extintor de incêndio. A câmera mostra toda a degradação do rosto enquanto são efetuados os golpes, e mesmo usando de efeitos visuais para tal, é difícil digerir o que se vê, já que é incrivelmente real.

A segunda cena marcante do filme é a do estupro da personagem vivida pela atriz Monica Bellucci, o verdadeiro centro de todo o enredo. É impossível ficar indiferente ao que ocorre nos 11 minutos da cena (que aliás, foi gravada em apenas uma tomada, fato que merece todos os elogios). É uma cena perturbadora, que fica na cabeça do espectador por dias, talvez pra sempre.



Noé merece os elogios pela sua edição, que certamente é um dos pontos fortes do filme, que não foi bem recebido pela crítica, que julgou que o diretor teria usado de violência extrema para promover um filme de roteiro pobre. Eu sinceramente não concordo.

Sobre as atuações, posso dizer que não deixaram a desejar. Vincent Cassel, Albert Dupontel e Monica Bellucci estão redondinhos, sem nada a ser criticado. Aliás, esse é outro ponto importante do filme: a desconstrução dos personagens ao longo do tempo. Você começa o filme com Marcus e Pierre mostrando todo seu lado violento em busca de vingança, e nas cenas finais (o início da estória na verdade) eles parecem tão serenos e pacíficos, que nos dá a impressão de que não seriam capazes de tudo o que vieram a fazer depois.



Enfim, um dos filmes mais perturbadores que já tive a oportunidade de assistir. Por ser polêmico e difícil de digerir, Irreversível é um filme que divide opiniões. Alguns amam e outros odeiam, mas uma coisa é fato: ninguém sai o mesmo depois de assisti-lo. Veja e comprove.

sábado, 23 de março de 2013

Crítica: Xingu (2012)


Xingu, produzido por Fernando Meirelles e dirigido por Cao Hamburger, mostra a aventura na floresta Amazônica dos irmãos Villas-Bôas, que posteriormente resultou na criação do Parque Nacional do Xingu, um exemplo de proteção aos povos indígenas do Brasil.



Largando o conforto da cidade grande para viver no meio do mato e em companhia dos Índios, os irmãos Orlando (Felipe Camargo), Leonardo (Caio Blat) e Cláudio (João Miguel) mal imaginavam que acabariam tomando decisões que mudariam para sempre suas vidas e a dos indígenas no país.


A trama mostra o passo a passo da aventura dos três, desde o pontapé inicial até a criação do parque, revelando os efeitos que a aproximação com tribos que nunca haviam visto o homem branco causaram em ambos os lados.


Sem querer ser político, mas querendo de alguma forma mostrar o descaso com que os governantes de modo geral tratam o povo indígena, o filme mostra todos os problemas e disputas que houve (e ainda há) entre índios e fazendeiros com apoio do governo, e a luta contra a desapropriação de suas terras.


Talvez o ponto fraco do filme seja o roteiro, que é bem mal construído. Parece que o exagero de informações e a vontade de colocar tudo no filme acabou fazendo com que tudo fosse mal aproveitado, o que gera pouco envolvimento com o espectador. Outro ponto que debilita a trama são as atuações, fracas e mal aproveitadas, como a do Caio Blat e a da Maria Flor (essa, aliás, aparece sem falar uma frase sequer). A exceção fica por conta do excelente João Miguel, que novamente surpreende com uma atuação segura e verdadeira.



Porém, nem toda parte técnica deve ser criticada. A fotografia, por exemplo, é belíssima, com direito a imagens panorâmicas do extenso verde da floresta e dos seus inúmeros rios e cachoeiras. Xingu, no entanto, não um filme sobre índios propriamente dito, mas sim, um filme sobre três "heróis" da história do país que poucos conheciam. Heróis esses, que chegaram a ser indicados ao prêmio nobel da paz, e acho que está aí o principal legado do filme.



terça-feira, 19 de março de 2013

Crítica: A Viagem (2012)


A palavra que se encaixaria para definir esse novo trabalho dos irmão Andy e Lana Wachowski é: audácia. Pois sim, o filme é certamente um dos mais audaciosos e complexos que tive a oportunidade de assistir. Uma complexidade poucas vezes vista no cinema, ainda mais na atualidade, onde tudo vêm mastigado aos olhos do espectador.

A Viagem (Cloud Atlas) é um filme tão confuso, que até mesmo a simples pergunta "Você gostou do filme?" é difícil de responder no final. A questão que fica é: será possível gostar de um filme mesmo sem conseguir entendê-lo completamente? Graças à sua visão filosófica da vida, com seus belos diálogos e suas cenas milimetricamente trabalhadas, o filme prova que sim.


O longa, que é baseado na obra literária de David Mitchell (que muitos consideravam impossível de adaptar para as telas), conta 5 estórias paralelas, desde o século 19, passando pelo presente, e chegando a um universo futurista de cenário pós-apocalíptico. As tramas vão acontecendo intercaladas, sem uma forma cronológica reta.

Aliás, no filme nada é linear, e os diretores não se importam nem um pouco em explicar o que está acontecendo. Cabe a nós, espectadores, ir montando cada peça do quebra-cabeça para chegar a uma ideia final. Alguns conseguem, outros não. Muitos criticam suas 3 horas e 52 minutos de duração, mas confesso que eu não vi o tempo passar enquanto assistia, e sinceramente, não consigo escolher 10 minutos do filme que poderiam ser cortados sem afetar seu andamento. O filme pode ter seus defeitos, mas uma coisa que ele não possui são cenas inúteis.


Outro fato interessante é que os mesmos atores interpretam os personagens das 5 estórias. Porém a maquiagem é tão perfeita, que um olho pouco atento não consegue perceber isso. O grande destaque fica por conta do Tom Hanks, que está incrível em todos os seus papéis. Certamente a academia errou feio ao ignorar o filme nessa categoria do Oscar.

No final, entendendo ou não o ponto crucial da estória, A Viagem surpreende pela ousadia e pela qualidade sonora e visual, que te deixa completamente absorto. Ao terminar de assisti-lo, posso dizer que fiquei fascinado. Independente de qual seja a opinião final, é impossível fica indiferente a essa que, me atrevo a dizer, já é uma obra-prima do cinema moderno.




domingo, 17 de março de 2013

Recomendação de Filme #08

12 Homens e Uma Sentença (Sidney Lunet) - 1957 

É possível que um filme rodado inteiramente dentro de um único cenário consiga prender a atenção do espectador do começo ao fim sem ser cansativo, repetitivo e desinteressante? Em 12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men), o lendário diretor Sidney Lumet nos comprova que tal façanha é possível, sim.


A premissa do filme é super simples. Doze jurados são designados perante um tribunal para decidir se um jovem, acusado de matar o próprio pai a facadas, é culpado ou inocente. No princípio, onze deles têm a certeza de sua culpa, e apenas um cogita a possibilidade da inocência.

Como a jurisdição americana diz que o réu só pode ser acusado de fato quando houver unanimidade entre o júri, e como todos os onze que votaram pela culpabilidade estão loucos para ir para casa e acabar com a "chatice", acaba tendo início um conflito contra o jurado número 8 (Henry Fonda), que não muda de jeito nenhum sua opinião. Todos vão para uma sala reservada e começam então a debater sobre o caso.


Com discussões de alto nível, pouco a pouco o personagem de Henry Fonda vai convencendo os outros de que o réu pode ser inocente, e que o caso merece ser analisado com atenção, já que o que está em jogo é uma vida humana e não um objeto. Aos poucos, o espectador também se vê na mesma dúvida dos jurados, e têm de escolher no que acreditar, já que o que realmente aconteceu com o jovem não é divulgado.

O interessante disso tudo é que o ambiente jamais fica cansativo, o que facilmente poderia ocorrer por não haver troca de locação, fazendo-se assemelhar quase a uma peça teatral. Os ângulos que o diretor busca para trazer dramaticidade são sensacionais. Os olhares e os gestos são valorizados ao extremo, assim como as falas de cada um parecem ser milimetricamente planejadas. Aliás, é impossível ficar indiferente aos diálogos super bem escritos e à forma perfeita que Lumet usou para transcrever a história. Se fosse escolher um filme para mostrar o quão importante essa junção perfeita é para o cinema, certamente seria esse.


O filme acabou não sendo tão bem sucedido nas bilheterias, mas com o passar do tempo ganhou uma legião de adoradores que conseguiram captar a verdadeira mensagem que ele quis passar. É impressionante como um filme tão modesto tenha se tornado um clássico, graças a força de seus diálogos e suas atuações. 

terça-feira, 12 de março de 2013

"O Grande Gatsby" abrirá o Festival de Cannes 2013.

O Grande Gatsby (The Great Gatsby), nova adaptação para as telas do livro homônimo de F. Scott Fitzgerald, foi anunciado como o filme de abertura da edição desse ano do Festival de Cannes.



O longa, dirigido por Baz Luhrmann e estrelado pelo ator Leonardo Di Caprio, possui uma forte conexão com a França, já que as mais belas passagens da estória ocorrem numa vila da Riviera Francesa, próxima de Cannes.

Essa será também a terceira vez de Luhrmann no festival (a primeira foi em 1992 com Vem Dançar Comigo e a segunda com Moulin Rouge em 2001), mas a primeira vez com uma exibição no formato 3D.

A 66ª edição do Festival de Cannes ocorre entre os dias 15 e 26 de Maio, e terá como presidente do júri o diretor norte-americano Steven Spielberg.

domingo, 10 de março de 2013

Recomendação de Filme #07

                                 Frango com Ameixas (Marjane Satrapi) - 2011


Ao adaptar novamente uma HQ sua para o cinema (a primeira vez foi com o também excelente Persépolis), pode-se dizer que a diretora Marjane Satrapi acertou novamente em cheio. Contando com a colaboração de Vincent Paronnaud na direção, a história é contada de forma divertida (apesar de ser um assunto delicado) e diferente do seu primeiro filme, é filmada com atores reais e não em formato de animação.



Frango com Ameixas (Poulet Aux Prunes) conta a trágica história do violinista Nasser Ali Khan (Mathieu Amalric), que entra em desgosto depois que seu "Tar" (instrumento musical Iraniano) quebra, após uma discussão com a esposa. Nasser corre atrás de outro, mas não encontra para vender em lugar nenhum. Desesperado, resolve se suicidar.

Oito dias depois da ameaça, ele acaba enfim tirando sua própria vida. A trama narra então a última semana do violinista, e abusa dos efeitos de flashback. Só aí vamos percebendo, pouco a pouco, o verdadeiro motivo dessa sua escolha e a profundidade que o levou a cometer tal ato.


Depois de desvendar todo seu passado, percebemos que a quebra do instrumento é apenas um acontecimento que enfraquece mais ainda o já deprimido Nasser. É apenas a "gota d'agua" que o leva a tomar decisão tão radical. Seu sofrimento vai muito além disso.

É excitante o fato de que, ao mesmo tempo em que trata de um assunto triste e melacólico, o filme consiga ser puramente inocente, e ainda reunir boas cenas de humor. O enredo possui muitos momentos fantasiosos (ao mostrar os sonhos do protagonista, por exemplo), que de tão bem feitos, o faz ser literalmente uma poesia visual.


Combinando drama com comédia, e realidade com fantasia, o longa é bastante fiel ao comic original. Satrapi consegue nos transportar ao mundo dos quadrinhos de forma realista, apesar de exageradamente caricata em algumas cenas, o que não caracteriza necessariamente um defeito. Mais um belo filme advindo do cinema Francês.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Crítica: Killer Joe - Matador de Aluguel (2012)



Em seu mais recente trabalho, o lendário diretor William Friedkin (O Exorcista) traz um enredo onde todo mundo é politicamente incorreto, em uma verdadeira aula de maus costumes no cinema atual, dominado por filmes "politicamente corretos".





A premissa é bastante simples de entender: Chris (Emile Hirsh) é um jovem traficante metido em apuros, que acaba contratando Joe (Matthew McConaughey), um assassino profissional, para matar sua mãe, Adele, a grande causadora de seus problemas. Com o consentimento do pai, da madrasta e da irmã mais nova, Dottie (Juno Temple), os três concordam com o plano para dar cabo de Adele e assim ficar com seu seguro de vida.


Friedkin cria em Killer Joe um cenário despudorado, com muita nudez e violência, mostrando uma família que vive sem um pingo de escrúpulos, em uma casa onde não há espaço para demonstrações de afeto entre seus membros. Tudo no filme é caricato e exagerado, mas por incrível que pareça, isso não fica ruim. Muito pelo contrário.





Apesar de não abrir mão de alguns clichês de thrillers, o diretor prova que ainda não perdeu sua capacidade de montar diálogos intensos e ácidos, além de juntar bons elementos de ação com comédia sem ser escatologicamente sem sentido. O enredo começa mostrando uma coisa, depois passa para outra, e depois outra, e mesmo com tantas mudanças, não perde em nenhum momento o fio da meada. Tudo isso até chegar a um final ainda mais surpreendente. Uma verdadeira colcha de retalhos, que prende o espectador até o minuto final.



Sobre as atuações, não há o que criticar, mas também não há o que elogiar. McConaughey é extremamente caricato no papel do assassino Joe, enquanto Emile Hirsh parece viver sempre o mesmo personagem em todos os filmes. O destaque, para mim, ficou por conta da Juno Temple como a excitante e "ingênua" Dottie.



segunda-feira, 4 de março de 2013

Cinema Europeu: De Meliès a Amélie Poulain

O continente europeu é conhecido desde sempre por ter uma arte de vanguarda. E quando surgiu o cinema, não poderia ser diferente. 

A vertente cinematográfica vinda do velho continente sempre encantou, fazendo com que fosse (e ainda seja cada vez mais) considerado por muitos, como o lugar onde se faz o melhor cinema do mundo.

Foi na frança, mais precisamente em Paris, que ocorreu a primeira exibição pública paga de um filme, feita pelos irmãos Lumière em dezembro de 1895. O fato é conhecido pelos historiadores como o pontapé inicial da história do cinema.

Da França também surgiu George Meliès, pioneiro em efeitos especiais. Seu filme mais famoso, A Viagem à Lua (Le Voyage Dans La Lune), é cultuado por ter sido o primeiro filme a trazer efeitos visuais que, para a época, acabaram sendo visionários.


Cena de A Viagem à Lua, de George Meliès. Mostra o sonho humano de
chegar à lua, que só se concretizou mais de 60 anos depois.

A partir da segunda década do século XX, a Europa começou a produzir seus primeiros longas metragens, como Queen Elizabeth (França, 1912), Quo Vadis (Itália, 1913) e Cabíria (Itália, 1913), todos com no mínimo duas horas de duração.

No anos 20, o cinema de Hollywood passou a ser o mais importante do mundo, com o aparecimento de diversos estúdios grandiosos, muitos dos quais ainda existem até hoje (como Fox, Universal e Paramount). Em contrapartida ao crescimento do cinema americano, o cinema europeu buscou alternativas para não ficar atrás. No final da década, quase todos os filmes feitos nos Estados Unidos já eram falados, mas por razões econômicas, o som demorou mais um tempo para atravessar o oceano. Chantagem e Confissão, do cineasta inglês Alfred Hitchcock, teria sido o pioneiro nesse sentido, ainda em 1929.

Na França, entre as décadas de 20 e 30, teve início o período que posteriormente viria a se chamar Cinema Impressionista Francês, com destaque para o diretor Jean Renoir e seus filmes realistas e poéticos, como A Grande Ilusão e A Regra do Jogo. Já na Alemanha, surge o Movimento Expressionista, onde se destacam obras como O Gabinete do Dr. Cagliari, de Robert Wiene, Nosferatu, de F. W. Murnau e Metrópolis, de Fritz Lang.


Na Espanha surge o cinema surrealista, com seu representante máximo, Luis Buñuel, que lança O Cão AndaluzNa Rússia, o destaque fica por conta do diretor Sergei Eisenstein, com seu O Encouraçado Potemkin.


Imagem de Nosferatu, filme de 1922 do diretor alemão F. W. Murnau.


Entre as décadas de 30 e 40, surgem principalmente os filmes patrióticos, por conta da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha lança diversos filmes propagandistas a favor do movimento nazista, entre eles O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl. Na Itália, surge o cinema Neo-realista, uma reação ao cinema fascista de Mussolini, que conta com diretores como Vittorio de Sica e Roberto Rosselini. E na União Soviética, o cinema ganhava força na luta contra o nazismo, com filmes como Alexandre Nevski, de Eisenstein.

Ainda no final dos anos 40, a Inglaterra chamava atenção com seu cinema pós-guerra de qualidade. Os principais nomes do movimento foram os diretores David Lean, Carol Reed e Michael Powell.

Grande comício Nazista que foi mostrado no filme O Triunfo da Vontade, de 1935.


No final da década de 50, surge na França o movimento Nouvelle Vague, um dos mais influentes de todos os tempos, que consagra diretores como Jean-Luc GodardFrançois TruffautRene Clément entre outros. Enquanto isso, na Suécia surgia o cinema psicológico de Ingmar Bergman e na Dinamarca o de Carl Theodor Dreyer.


Cena de Acossado, um dos filmes mais marcantes da Nouvelle Vague Francesa.

Entrando na década de 60, a Itália ganha destaque graças ao cinema como sátira social de Federico Fellini e Michelangelo Antonioni, além do cinema pseudo-erótico de Píer Paolo Pasolini. Na Inglaterra, surge a New Wave britânica, com nomes consagrados como Jack Clayton (Almas em Leilão, O Grande Gatsby) e Tony Richardson (As Aventuras de Tom Jones). E na União Soviética pós-guerra, surge o nome de Andrei Tarkovski.


Marcello Mastroiani e Anita Ekberg na cena clássica de A Doce Vida, de Fellini.

Aos poucos, o cinema europeu começou a influenciar diretores americanos, mudando inclusive o estilo Hollywoodiano de fazer filmes. Stanley Kubrick, Woody Allen, Francis Ford Copolla e Martin Scorsese foram alguns dos diretores que se destacaram usando fórmulas bem "europeias" nas suas obras. 

No anos 70, Bernardo Bertolucci se destacava na itália, enquanto Fellini se consagrava cada vez mais como o melhor diretor do país segundo os críticos e o público. Theo Angelopoulos surge na Grécia com seus filmes intensos, enquanto o novo cinema alemão, com Werner Herzog e Rainer Werner Fassbinder, ia crescendo cada vez mais.

A Inglaterra, nesse período, experimentou como nunca, e lançou grandes produções como Carruagens de fogo e Gandhi, além de filmes do diretor Stanley Kubrick, que era americano mas trabalhava no país.


Maria Schneider e Marlon Brando em O Último Tango em Paris, de Bertolucci.

Após esse período, o cinema europeu sofreu uma certa recessão, e só voltou a ganhar destaque nos anos 80, com o surgimento de Pedro Almodóvar na Espanha, e seu cinema extravagante e colorido. Na Itália, Giuseppe Tornatore ganhava fama ao lançar filmes belíssimos como Cinema Paradiso. Na Alemanha, o nome de Win Wenders também ganhou algum destaque, com seu jeito poético de filmar.

De lá para cá, ainda é possível assistir belas obras produzidas no velho continente. Seja filmes políticos, seja comédias ou dramas psicológicos, o cinema europeu parece vinho: quanto mais envelhece melhor fica. 

Nessas últimas duas décadas, tivemos grandes filmes oriundos de lá. Da Itália, o maravilhoso A vida é bela, de Roberto Benigni. Da Áustria, nos deparamos com o nome de Michael Haneke e da Dinamarca, o de Lars von trier. Almodóvar se firmou como um grande diretor espanhol, enquanto Jean-Pierre Jeunet aparecia como um dos grandes nomes da atualidade, com seu O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.


Audrey Tautou no simpático O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Na Alemanha, os últimos anos foram reservados aos filmes sobre nazismo, principalmente como forma de se redimir do mal que o regime trouxe ao mundo. Filmes como Adeus, Lênis e A Onda mostram bem esse sentimento e essa preocupação.

Enfim, abaixo fiz uma lista dos melhores filmes europeus de todos os tempos, separados por seu respectivo país de origem:

Alemanha: 

- O Gabinete do Dr. Cagliari; Robert Wiene (1919)
- Nosferatu; F. W. Murnau (1922)
- Fausto; F. W. Murnau (1926)
- Metrópolis; Fritz Lang (1927)
- M - O Vampiro de Dussendorf; Fritz Lang (1931)
- O Triunfo da Vontade; Leni Riefenstahl (1935)
- O Medo Devora a Alma; Rainer Werner Fassbinder (1974)
- O Enigma de Kaspar Hauser; Werner Herzog (1974)
- Fritzcarraldo; Werner Herzog (1982)
- Paris, Texas; Wind Wenders (1983)
- Asas do Desejo; Win Wenders (1987)
- Corra Lola, Corra; Tom Tkywer (1999)
- Adeus, Lênin; Wolfgang Becker (2002)
- A Queda - As Últimas Horas de Hitler; Oliver Hirschbiegel (2004)
- A Vida dos Outros; Florian Henckel van Donnersmarck (2006)
- A Onda; Dennis Gansel (2008).


Espanha:
- O Cão Andaluz; Luis Buñuel (1929)
- Viridiana; Luis Buñuel (1961)
- El Verdugo; Luís García Berlanga (1963)
- O Discreto Charme da Burguesia; Luis Buñuel (1972)
- O Espírito da Colmeia; Víctor Erice (1973)
- Cría Cuervos; Carlos Saura (1976)
- Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos; Pedro Almodóvar (1988)
- Segredos em Família; Fernando León de Aranoa (1996)
- Tudo Sobre Minha Mãe; Pedro Almodóvar (1999)
- A Língua das Mariposas; José Luis Cuerda (1999)
- Lucia e o Sexo; Julio Medem (2001)
- Mar Adentro; Alejando Amenábar (2004)
- O Labirinto do Fauno; Guilhermo del Toro (2006)

França:
- A Viagem à Lua; George Meliès (1902)
- Napoleão; Abel Gance (1927)
- A Paixão de Joana D'Arc; Carl Theodor Dreyer (1928)
- O Atalante; Jean Vigo (1934)
- A Grande Ilusão; Jean Renoir (1937)
- A Regra do Jogo; Jean Renoir (1939)
- A Bela e a Fera; Jean Cocteau (1946)
- O Salário do Medo; Henri-Georges Clouzot (1953)
- Hiroshima, meu amor; Alain Resnais (1959)
- Os Incompreendidos; François Truffaut (1959)
- Acossado; Jean-Luc Godard (1960)
- Jules e Jim, Uma Mulher Para Dois; François Truffaut (1962)
- O Demônio das Onze Horas; Jean-Luc Godard (1965)
- A Grande Testemunha; Robert Bresson (1966)
- Cyrano de Bergerac; Jean-Paul Rappeneau (1990)
- O Ódio; Mathieu Kassovitz (1995)
- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain; Jean-Pierre Jeunet (2001)
- Irreversível; Gaspar Noé (2002)
- O Artista; Michel Hazanavicius (2011)


Inglaterra:
- Os 39 Degraus; Alfred Hitchcock (1935)
- Grandes Esperanças; David Lean (1946)
- Hamlet; Laurence Olivier (1948)
- Os Sapatinhos Vermelhos; Michael Powell (1948)
- O Terceiro Homem; Carol Reed (1949)
- As Oito Vítimas; Robert Hamer (1949)
- A Ponte do Rio Kwai; David Lean (1957)
- Almas em Leilão; Jack Clayton (1959)
- Lawrence na Arábia; David Lean (1962)
- 2001, Uma Odisséia no Espaço; Stanley Kubrick (1968)
- Laranja Mecânica; Stanley Kubrick (1971)
- Inverno de Sangue em Veneza; Nicolas Roeg (1973)
- O Homem Elefante; David Lynch (1980)
- Carruagens de Fogo; Hugh Hudson (1981)
- Gandhi; Richard Attenborough (1982)
- Trainspotting; Danny Boyle (1996)
- Shakespeare Apaixonado; John Madden (1998)

Itália:
- Roma, Cidade Aberta; Roberto Rossellini (1945)
- Ladrões de Bicicleta; Vittorio de Sica (1948)
- A Aventura; Michelangelo Antonioni (1960)
- A Doce Vida; Federico Fellini (1960)
- Oito e Meio; Federico Fellini (1963)
- O Leopardo; Luchino Visconti (1963)
- O Evangelho Segundo São Mateus; Pier Paolo Pasolini (1964)
- Blow-Up - Depois Daquele Beijo; Michelangelo Antonioni (1966)
- Três Homens em Conflito; Sergio Leone (1966)
- Era Uma Vez no Oeste; Sergio Leone (1968)
- O Conformista; Bernardo Bertolucci (1970)
- Decameron; Pier Paolo Pasolini (1971)
- Amarcord; Federico Fellini (1973)
- 1900; Bernardo Bertolucci (1976)
- A Família; Ettore Scola (1987)
- Cinema Paradiso; Giuseppe Tornatore (1988)
- A Vida é Bela; Roberto Benigni (1997)

Rússia:
- O Encouraçado Potemkin; Sergei Eisenstein (1925)
- O Homem da Câmera; Dziga Vertov (1929)
- Alexandre Nevski; Sergei Eisenstein (1938)
- Balada do Soldado; Grigori Chukhrai (1959)
- Andrei Rublev; Andrei Tarkovski (1966)
- O Espelho; Andrei Tarkovski (1975)
- Vá e Veja; Elem Klimov (1985)
- O Sol Enganador; Nikita Mikhalkov (1994)
- A Arca Russa; Alexander Sokurov (2002)


Outros:
- A Palavra; Carl Theodor Dreyer - Dinamarca (1955)
- O Sétimo Selo; Ingmar Bergman - Suécia (1957)
- Os Amores de uma Loira; Milos Forman - Tchecoslováquia (1965)
- Jeanne Dielman; Chantal Akerman - Bélgica (1975)
- Mephisto; István Szábo - Hungria (1981)
- Fanny & Alexander; Ingmar Bergman - Suécia (1982)
- Minha Vida de Cachorro; Lasse Hallstrom - Suécia (1985)
- Pelle, O Conquistador; Bille August - Dinamarca (1988)
- A Eternidade e Um Dia; Theo Angelopoulos - Grécia (1988)
O Decálogo; Krzysztof Kieslowski - Polônia (1989)
- Meu Pé Esquerdo; Jim Sheridan - Irlanda (1989)
- A Garota da Fábrica de Caixa de Fósforos; Aki Kaurismaki - Finlândia (1990)
- Em Nome do Pai; Jim Sheridan - Irlanda (1993)
- A Excêntrica Família de Antônia; Marleen Goris - Holanda (1995)
- Underground; Emir Kusturica - Iugoslávia (1995)
- O Oitavo Dia; Jaco van Dormael - Bélgica (1996)
- Violência Gratuita; Michael Haneke - Áustria (1997)
- Trem da Vida; Radu Mihaileanu - Romênia (1998)
- Dançando no Escuro; Lars von Trier - Dinamarca (2000)
- Terra de Ninguém; Danis Tanovic - Bósnia (2001)
- Domingo Sangrento; Paul Greengrass - Irlanda (2002)
- O Pianista; Roman Polanski - Polônia (2002)
- O Pesadelo de Darwin; Hubert Sauper - Áustria (2004)
- Caché; Michael Haneke - Áustria (2005)
- Os Falsários; Stefan Ruzowitzsky - Áustria (2007)
- 4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias; Cristian Mungiu - Romênia (2007)
- Sr. Ninguém; Jaco van Dormael - Bélgica (2009)