quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crítica: Metro Manila (2014)


Viver nesse mundo cão não é tarefa fácil, sobretudo quando você é quase miserável e mora em um país de "quarto mundo". Metro Manila, filme indicado pela Indonésia ao Óscar de melhor filme estrangeiro desse ano, é um verdadeiro soco no estômago, mostrando a luta diária pela sobrevivência e, ao mesmo tempo, o lado mais sujo do ser-humano.


O filme foca em Óscar Ramirez (Jake Macapagal), um agricultor que vive com a mulher e duas filhas em uma planície arrozeira, sendo explorado pelos negociantes do local que pagam cada vez menos pelo produto que ele planta e colhe. Cansado disso, ele resolve pegar as economias e partir para Manila, a capital da Indonésia, junto com a família.

Logo que chegam na metrópole, encontram problemas. Enganados por um homem que lhes cobrava aluguel de um lugar que nem era dele, a família acaba ficando na rua, sem ter para onde ir. Não bastassem as dificuldades, eles ainda tem que lidar com o pior da raça humana, que tenta a qualquer custo ganhar algum lucro em cima da desgraça dos outros.


O longa possui cenas realmente tristes, e alguns dos locais mostrados fazem com que boa parte das favelas brasileiras pareçam condomínios de luxo. É bem interessante como o diretor consegue mesclar imagens do cotidiano de forma bela e sensível, mas ao mesmo tempo de forma crua e realista.

Seguindo a história, acompanhamos a luta de Oscar para sustentar a família, buscando emprego em longas filas com outros homens desesperados por uma vaga. Depois de muita procura sem sucesso, e vendo a situação financeira cada vez pior, a mulher de Óscar (Althea Vega) acaba aceitando uma proposta para trabalhar como dançarina em uma boate, vendo nisso a única chance de dar o que comer aos filhos.


Por sorte, Óscar consegue um emprego como motorista de carro-forte, o que também vai mudar para sempre sua vida. Com o tempo, ele cria amizade com o companheiro Ong (John Arcilla), e durante as viagens dentro do veículo, eles passam a conversar sobre diversas trivialidades. Aliás, alguns diálogos entre eles são impactantes, e nos fazem pensar em como a vida pode ser frágil e imprevisível.

Ong consegue até uma moradia para Oscar ao descobrir que ele mora mal, e o homem experimenta pela primeira vez em anos um sentimento de felicidade junto à família no novo lar. Porém, isso não dura muito tempo. Logo ele se vê numa situação difícil, onde tem que escolher entre derrubar seus ideais éticos ou sofrer consequências por querer continuar sendo honesto.


Apesar de todas as atitudes erráticas tomadas ao longo do filme, o diretor não julga os personagens. Afinal, eles estão apenas tentando sobreviver do jeito que podem, e às vezes, isso pode ser mais difícil do que se imagina. Falar que no final Oscar foi corrompido pelo sistema seria exagero, mas o fato é que o homem que vivia no campo não é mais o mesmo depois de tudo que presenciou.

Por fim, é um filme que fica ainda mais triste se pensarmos que milhares de pessoas vivem a mesma situação todos os dias. E o pior: que isso nunca vai mudar. A excelente crítica que o diretor Sean Ellis faz à natureza humana é elogiável, e certamente é um filme que merece ser visto e lembrado.


3 comentários:

  1. Esse filme é emocionante! Como no comentário é um "soco no estômago" e os atores são excelentes.

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  2. excelente filme, muito triste o final.

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  3. Muito humano, recomendo o filme!

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