sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Crítica: A Música Nunca Parou (2011)


Lançado em 2011 nos Estados Unidos, o filme do estreante Jim Kohlberg demorou quase três anos para chegar ao Brasil, mas antes tarde do que nunca. Misturando uma bonita história real de superação com uma das melhores trilhas sonoras dos últimos tempos, o filme conquista pela simplicidade e pelas boas atuações.



Estamos em 1986. É noite na casa da família Sawyer quando o telefone toca e Helen (Cara Seymour) vai atender. A ligação é do hospital, informando que seu filho Gabriel (Lou Taylor Pucci), que há anos não dava as caras, está internado em um leito do local. AO chegar no local, ela e seu marido Henry (J. K. Simmons) descobrem que o filho teve uma parte de seu cérebro destruída por um tumor, e por conta disso, perdeu a capacidade de guardar memórias recentes.

Aos poucos, a vida dessa família começa a a ser contada através de flashbacks. No início acompanhamos a forte relação que existia entre eles quando Gabriel era criança, onde seu pai lhe mostrava as músicas que marcaram sua juventude, para depois entrarmos na sua adolescência, onde o enredo foca nas brigas que teve com o pai até a sua fuga definitiva de casa.



Já no presente, Gabriel precisa de um tratamento que o estimule a relembrar as coisas do passado, e como a música sempre esteve fortemente presente em sua vida, seu pai decide pedir ajuda para a especialista em musicoterapia Dianne Daley (Julia Ormond). A partir de então, para tentar trazer Gabriel de volta ao mundo, ela utiliza as músicas que ele sempre gostou.

O maior presente que o diretor nos traz, e o grande trunfo do filme, é certamente a trilha sonora. Gabriel viveu sua adolescência no alvorecer dos anos 60, onde se apaixonou pelas canções de Beatles, Stones, Grateful Dead, Bob Dylan, entre outros. Quando Dianne usa essas músicas no tratamento, é como se ele acordasse de um sonho, recuperando a lucidez quase por completo.



Uma coisa interessante no filme é mostrar toda aquela aura que existia nos anos 60, onde questões como a Guerra do Vietnã, a contracultura e as drogas eram evitadas no círculo familiar. E foi durante esse período que Gabriel teve seu momento de "rebeldia", onde ocorreram as piores brigas com o pai, extremamente contrário aos seus modos e seus gostos.

Mais do que qualquer outra coisa, o filme visa mostrar o quanto a música tem o poder de transformar a vida de alguém, ou o quanto nossa memória é capaz de reter momentos que combinam com determinadas canções. Afinal, quem nunca ouviu uma música e de cara lembrou, com exatidão, o momento em que ouviu ela pela primeira vez?



Baseado no livro O Último Hippie, de Oliver Sacks, A Música Nunca Parou é uma experiência sensacional para os entusiastas da boa música. Seria maldade dizer que ele subsiste através dessas músicas, até porque ele tem sua qualidade própria, mas é óbvio que é justamente isso que faz seu diferencial.


Nenhum comentário:

Postar um comentário