terça-feira, 10 de abril de 2018

Crítica: O Insulto (2018)


Primeiro filme libanês da história a chegar na final do Óscar de melhor filme estrangeiro, O Insulto (L'Insulte) parte de uma situação corriqueira e simples para abordar a intolerância e sobretudo mostrar como o ser-humano vive à flor da pele, onde uma pequena "faísca" pode gerar um conflito de proporções absurdas.




Yasser (Kamel El Basha) é palestino e trabalha como mestre de obras de uma empresa que esta trabalhando em uma rua de Beirute. Por causa de um cano jorrando água, ele acaba arrumando confusão com Tony (Adel Karam), um mecânico que mora no local, e no calor do momento acaba ocorrendo uma agressão verbal por parte de Yasser.

Seria uma situação normal se não estivéssemos no Líbano, onde existe uma forte resistência dos locais com a presença de palestinos e onde a religião comanda tudo. Tony logo leva o desaforo para o lado pessoal e ideológico, e decide botar Yasser na justiça cobrando por indenização e sua consequente prisão. De um lado um cristão, de outro um muçulmano, e por conta disto a disputa vai muito além de um simples insulto verbal.




A situação acaba saindo do controle e ganha até mesmo os jornais televisivos, fazendo com que o povo nas ruas também se revolte, cada um defendendo o seu lado. É incrível como uma coisa aparentemente boba acaba afetando toda uma cidade e um país e afetando a vida de terceiros. É um verdadeiro efeito borboleta, onde cada ação gera uma reação.

A segunda metade do filme é reservada quase que exclusivamente ao tribunal, e é curioso analisar que nesta história não existe vilão ou mocinho, não existe certo ou errado, já que ambos tem as suas próprias razões para terem agido da maneira que agiram. Não há como julgá-los. Alguns alívios cômicos fazem o filme não se tornar arrastado, e isso é muito bem empregado pelo diretor e encenado pelo elenco.



Por fim, O Insulto traz uma mensagem importante em uma época de extrema intolerância que vivemos. É pertinente analisar a questão também sob nossos olhos e perceber que estamos muito perto disto por aqui com esta disputa sem sentido entre esquerda e direita.


Nenhum comentário:

Postar um comentário