terça-feira, 5 de março de 2019

Crítica: Girl (2019)


Do diretor estreante Lukas Dhont, Girl foi uma grande surpresa no último Festival de Cannes, onde venceu o prêmio Camera d'or, entregue justamente ao melhor filme de um cineasta em começo de carreira. A trama acompanha Lara (Victor Polster), uma menina transgênero de 15 anos que sonha em ser uma bailarina de sucesso.



Pelo fato de ter uma estrutura corpórea diferente, ela não possui a mesma destreza e leveza que as colegas meninas, mas isso não a impede de dar o sangue, literalmente, para alcançar o seu objetivo. O filme foca justamente nas dificuldades que Lara enfrenta nessa caminhada, principalmente as causadas por sua identidade de gênero. Contando com o apoio incondicional do pai (Arieh Worthalter), Lara também está na fila para conseguir fazer sua cirurgia de redesignação sexual, e enquanto não consegue realiza-la, precisa usar de todas as maneiras possíveis para esconder seus traços e órgãos masculinos.

O diretor mostra, de forma bem realista, o que passam jovens como Lara, não abordando somente o preconceito externo mas focando sobretudo na própria não aceitação do corpo e o quanto isso os abala psicologicamente. Lara ainda tem sorte de contar com o apoio forte da família, mas e quem não tem? Quantos são subjugados, abandonados, e obrigados a enfrentar tudo isso sozinhos por aí?



O roteiro é muito bem construído e o destaque fica por conta da atuação fantástica de Victor Plster, que consegue apenas com o olhar transmitir toda insegurança e angústia da protagonista. Girl se torna um filme importantíssimo para abordar o tema da transexualidade de uma forma bem intimista.


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