sexta-feira, 4 de junho de 2021

Crítica: Adults in the Room (2020)

 


Em 2015, o partido de esquerda da Grécia ganhou as eleições e tinha como prioridade tirar o país de uma dívida astronômica e de uma das maiores crises econômicas da sua história. Braço direito do primeiro-ministro eleito, o novo ministro das finanças, Yanis Varoufakis (Christos Loulis), começou uma série de negociações entre o governo grego e os países europeus, além de instituições internacionais como o Banco Central Europeu e o FMI, para tentar aliviar a situação sem que houvesse ônus para a população grega que já estava bastante castigada.



Porém, indo contra o que o novo governo pregava, os credores exigiam que para receber novos empréstimos o país precisaria aceitar uma série de medidas, chamadas de Austeridade Fiscal, que dentre outras recomendações pediam a redução de gastos públicos, cortes de direitos trabalhistas, cortes de benefícios da população e o aumento de impostos. Com muita diplomacia, Yanis tentou convencê-los de levar as negociações de outra forma, mas não obteve sucesso graças ao conservadorismo da política econômica e todas as suas burocracias.

Confesso a vocês que não conhecia muito da política grega atual antes de ver o filme, e no começo fiquei um pouco confuso com alguns termos, mas a direção sempre competente de Costa-Gavras consegue deixar tudo muito bem esclarecido ao longo do filme. Ele mostra não somente os bastidores das negociações das dívidas, como também as consequências que levaram o país ao colapso financeiro e tudo o que foi (e o que não foi) feito durante os anos anteriores para que isso acontecesse.



Com ótimas atuações e uma trilha sonora impecável do compositor Alexandre Desplat, Adults in the Room consegue nos colocar a par da situação mas principalmente nos indignar ao mostrar a forma impiedosa como o sistema financeiro e suas instituições comandam o mundo, entre conversas cínicas de corredores e falsos apertos de mão.


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