domingo, 19 de fevereiro de 2017

Crítica: Frantz (2017)


François Ozon é um dos diretores franceses mais badalados dos últimos anos, e sua sensibilidade em contar histórias conquistou muitos admiradores. Particularmente sempre procuro ver seus filmes, pois por mais que eu não goste, é inevitável ficar indiferente. Foi assim com Jovem e Bela e Dentro da Casa, que não me conquistaram como eu gostaria mas ainda assim eu jamais os esqueci. No entanto, Frantz, seu novo trabalho, pode ser considerada uma obra-prima, e o melhor trabalho de sua carreira até o momento.
 

Numa pequena cidade alemã, logo após o término da Primeira Guerra Mundial, vive Anna (Paula Beer), uma mulher forte que visita todos os dias o túmulo do seu noivo, Frantz, morto em um combate na França. Certo dia ela percebe um homem misterioso, que ela jamais havia visto na cidade, deixando flores na lápide.

Indo atrás do homem, ela descobre se tratar de Adrian (Pierre Niney), um francês que logo revela ter sido amigo de Frantz em Paris antes da guerra começar. É interessante a forma como, a partir de então, Ozon mostra o ódio latente entre as nações naquele período. Adrien é rechaçado na cidade apenas por ser francês, e até mesmo o pai de Frantz se nega, num primeiro momento, a falar com ele pois para ele todos os franceses são assassinos.

Pouco a pouco, Adrien vai ganhando a confiança da família de Frantz, que ele conquista contando histórias sobre a amizade dos dois, principalmente como eles se conheceram, como Frantz ficou encantado com as obras no Louvre e como o soldado alemão era um entusiasta da vida. Entre Adrien e Anna surge até mesmo um sentimento de paixão, no entanto, um segredo põe tudo a perder

O roteiro é muito bem construído, com diálogos magníficos e poéticos. A fotografia em preto e branco dá um ar diferenciado e único para a história contada, que ganha ainda mais força nas atuações poderosíssimas dos atores. A ambientação da época e dos seus costumes também é feita com capricho.

Mostrando uma população alemã dilacerada após a derrota na guerra, e fazendo uma reflexão sobre a verdadeira motivação dos conflitos armados, Frantz ganhou a notoriedade merecida após ser indicado em várias categorias no César 2017 e já entra para a lista dos melhores filmes do ano.

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