sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Crítica: Bingo - O Rei das Manhãs (2017)


Aclamado pela crítica e pelo público, Bingo - O Rei das Manhãs é mais um exemplar do excelente momento atual do cinema brasileiro. Apesar de não usar os nomes verdadeiros, por questões contratuais, o filme conta a história de Arlindo Barreto, que se tornou um ícone da televisão brasileira nos anos 1980 ao dar vida ao palhaço Bozo, sucesso de audiência no SBT.




No enredo, escrito por Luiz Bolognesi, Arlindo virou Augusto (Vladimir Brichta), um ator em busca de espaço que ganha a vida atuando em filmes de pornochanchada. Ao chegar na TVP (o SBT de Sílvio Santos na vida real) para uma audição em um papel de novela, Augusto acaba mudando de ideia e resolve fazer audição para o palhaço Bingo, que é fenômeno nos Estados Unidos e agora ganhará seu programa próprio na televisão brasileira.

Sem nenhuma experiência no ramo, mas com bom humor e criatividade de improvisação, Augusto acaba conquistando a produção do programa e conquista a vaga para o programa, dirigido por Lucia (Leandra Leal). No início, Bingo tenta improvisar o roteiro mas a produção deixa claro que ele precisa seguir o roteiro igual ao do Bingo americano, o que o irrita, já que grande parte das piadas de lá não fazem sentido algum no Brasil. Não demora para ele convencer os diretores que o programa precisa ser mais dinâmico do que o original, e Bingo consegue "abrasileirar" a atração, colocando até mesmo Gretchen, ícone da época, para dançar seminua na tela para milhares de crianças.


São mais de 5 horas ao vivo no ar por dia e para dar conta do personagem Augusto precisa abrir mão de muitas coisas na vida, e isso inclui o filho pequeno, Gabriel (Cauã Martins), que antes era o maior companheiro do pai e acaba ficando deixado de lado. Apesar de alcançar um sucesso como jamais visto na TVP, liderando a audiência em todo o Brasil, Augusto não pode ser reconhecido por isso, já que uma cláusula do contrato o proíbe de se revelar. Ou seja, não estando vestido de Bingo, Augusto não é nada, ninguém o conhece. Esse fato, aliado a outros acontecimentos em sua vida, fazem Augusto se afogar no vício, de bebida e cocaína, o que põe fim a carreira promissora de forma prematura.

Primeiramente, o maior acerto do filme foi escalar Vladimir Brichta no papel principal. O ator, que há tempos demonstra ter uma qualidade ímpar em filmes de menos expressão, finalmente ganha um papel de destaque em uma grande produção, e cumpre seu papel brilhantemente. Sua atuação é de aplaudir de pé, e uma das melhores do cinema nacional em anos.



Outro pronto positivo é a trilha sonora, feita de músicas que fizeram sucesso no Brasil nos anos 1980, além de imagens que fizeram parte da história do país. Quem viveu essa época, certamente sentirá uma grande nostalgia durante o desenrolar da trama. A direção competente de Daniel Rezende faz o filme ser empolgante do início ao fim, sem se perder em nenhum momento. Por fim, Bingo é, certamente, um dos melhores filmes do ano e um dos melhores filmes nacionais da década.


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