Vencedor do Festival de Berlim de 2020,
Não Há Mal Algum (There is no Evil), do diretor Mohammad Rasoulof, é mais um exemplar do
ótimo cinema iraniano que vem sendo um dos mais expressivos deste século 21.
O enredo conta quatro
histórias de personagens distintos, que tem por trás uma ligação: todos
são responsáveis, de alguma maneira, pela execução das penas de morte no
país. Já foram feitos vários filmes sobre o tema da pena de morte, mas
eu verdadeiramente não lembro de algum que tenha abordado a vida e os
sentimentos de quem precisa fazer o trabalho sujo de apertar o botão. E é
interessante analisar como cada um deles reage a essa tarefa, que na
maioria das vezes é imposta sem que eles possam dizer não. O peso que
carregam de ter que tirar uma vida não é algo fácil de carregar, e nem
todos lidam bem com isso.
O filme faz uma dura crítica ao sistema
de execução do Irã, e traz à tona discussões necessárias sobre o
assunto. Por exemplo, o que difere o acusado de assassinato que está
sendo executado do seu executor, se não uma lei arbitrária escrita por
homens? Sem contar que, muitas vezes, são inocentes e presos políticos
que estão na fila da execução, sem terem passado por um julgamento justo
e imparcial.
Não Há Mal Algum é, no final das contas, um filme extremamente corajoso, tanto pelo que se propõe a debater quanto pela dificuldade encontrada para ser realizado, já que o diretor estava proibido de filmar no país e precisou fazer tudo às escondidas.
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