"Lar é só uma palavra, ou é algo que carrega consigo?". O trecho de uma letra de The Smiths, tatuada no braço de uma personagem, diz muito sobre Nomadland, novo trabalho da diretora Chloé Zhao, premiado como melhor filme no último festival de Veneza e aclamado em todos os lugares onde é exibido.
A trama acompanha Fern (Frances
McDormand), uma mulher que ficou desamparada depois que a empresa onde
trabalhava fechou as portas por conta da crise econômica que assolou os
EUA em 2008. Sem trabalho fixo e sem casa, Fern passa a atravessar as
estradas do país fazendo bicos, enquanto dorme em sua van e enfrenta
todo tipo de adversidades. Na sua jornada, Fern vai conhecendo outras
pessoas que vivem a mesma situação dela, de marginalização, inclusive
uma comunidade nômade, onde faz amizades e finalmente se sente parte de
algo maior.
O roteiro tem um ar documental, até pelo fato de
juntar ao elenco pessoas que realmente vivem essa realidade na pele
diariamente. É bem emocionante ouvir os relatos deles, alguns inclusive
dos quais jamais esquecerei. São abordados assuntos como o sistema de
aposentadoria, a chegada da idade e o peso de se viver numa sociedade
injusta e desigual. Uma das personagens que mais me marcou foi Swankie,
uma senhorinha que tem um monólogo belíssimo, e que faz a gente pensar
no valor das coisas simples e no quanto nos preocupamos com coisas
superficiais sem realmente apreciarmos o que está de graça à nossa
volta.
McDormand por sua vez está maravilhosa, como sempre, mesmo numa personagem que, a princípio, não exige tanto dela. A fotografia e a trilha sonora também são encantadoras e fazem toda a diferença no conjunto da obra. Por fim, Nomadland é um filme grandioso na sua simplicidade e que desperta os sentimentos mais diversos com muito pouco. Com certeza um dos filmes mais bonitos e sensíveis do ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário