terça-feira, 16 de março de 2021

Crítica: Quo Vadis, Aida? (2020)


As cicatrizes da guerra da Bósnia, que durou de abril de 1992 até dezembro de 1995 nos territórios balcânicos, ainda doem na população daquela região, e isso reflete muito no cinema feito por lá. Quo Vadis, Aida?, da diretora Jasmila Zbánic, se passa no final do conflito e conta a história real do que ficou conhecido como genocídio de Srebrenica, o maior massacre ocorrido em terras européias desde a Segunda Guerra Mundial.


Após invasão do exército sérvio à cidade de Srebrenica, a população desesperada tenta se refugiar na base da ONU localizada na cidade. No entanto, nem todos conseguem entrar no local por conta do espaço limitado e uma multidão de mais de 30 mil pessoas fica do lado de fora. Enquanto isso, do lado de dentro, o coronel Karreman (Johan Handerberg), encarregado da ONU para intermediar o conflito na região, tenta a todo custo salvar essas vidas, mas enfrenta o total descaso de seus superiores e vê a situação ficando cada vez pior com a aproximação dos sérvios.

No meio disso tudo está Aida (Jasna Duricic), que trabalha como intérprete na sede e ajuda nas negociações entre bósnios, sérvios e membros da ONU. A câmera a acompanha a todo momento, quase de forma documental, tanto em momentos de tranquilidade como em momentos de extremo caos. Ao perceber que a situação está ficando irremediável, Aida tenta de tudo para salvar pelo menos seu marido e seus dois filhos.



Pelo tema abordado, obviamente não poderia se esperar um filme leve. Pelo contrário, é uma trama que dói, machuca, e principalmente nos revolta. Não poderia faltar críticas à forma que a ONU lidou com tudo, que assim como já mostrado em outros filmes sobre o conflito (vide  Terra de Ninguém), se mostrou completamente incompetente em lidar com a situação. Com uma direção competentíssima e uma excelente atuação da sua protagonista, Quo Vadis, Aida? se tornou, para mim, o grande favorito ao Oscar 2021 de melhor filme estrangeiro. Filmes como esse são necessários não somente para se compreender a história, mas principalmente para que ela não se repita.


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