As cicatrizes da guerra da Bósnia, que durou de abril de
1992 até dezembro de 1995 nos territórios balcânicos, ainda doem na
população daquela região, e isso reflete muito no cinema feito por lá.
Quo Vadis, Aida?, da diretora Jasmila Zbánic, se passa no final do
conflito e conta a história real do que ficou conhecido como genocídio
de Srebrenica, o maior massacre ocorrido em terras européias desde a
Segunda Guerra Mundial.
Após invasão do exército sérvio à cidade
de Srebrenica, a população desesperada tenta se refugiar na base da ONU
localizada na cidade. No entanto, nem todos conseguem entrar no local
por conta do espaço limitado e uma multidão de mais de 30 mil pessoas
fica do lado de fora. Enquanto isso, do lado de dentro, o coronel
Karreman (Johan Handerberg), encarregado da ONU para intermediar o
conflito na região, tenta a todo custo salvar essas vidas, mas enfrenta o
total descaso de seus superiores e vê a situação ficando cada vez pior
com a aproximação dos sérvios.
No meio disso tudo está Aida
(Jasna Duricic), que trabalha como intérprete na sede e ajuda nas
negociações entre bósnios, sérvios e membros da ONU. A câmera a
acompanha a todo momento, quase de forma documental, tanto em momentos
de tranquilidade como em momentos de extremo caos. Ao perceber que a
situação está ficando irremediável, Aida tenta de tudo para salvar pelo
menos seu marido e seus dois filhos.
Pelo tema abordado, obviamente não poderia se esperar um filme leve. Pelo contrário, é uma trama que dói, machuca, e principalmente nos revolta. Não poderia faltar críticas à forma que a ONU lidou com tudo, que assim como já mostrado em outros filmes sobre o conflito (vide Terra de Ninguém), se mostrou completamente incompetente em lidar com a situação. Com uma direção competentíssima e uma excelente atuação da sua protagonista, Quo Vadis, Aida? se tornou, para mim, o grande favorito ao Oscar 2021 de melhor filme estrangeiro. Filmes como esse são necessários não somente para se compreender a história, mas principalmente para que ela não se repita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário