sexta-feira, 14 de junho de 2024

Crítica: Furiosa - Uma Saga Mad Max (2024)


O mundo desolado de Mad Max por si só já é fascinante. Criado por George Miller ainda nos anos 1970, ele mostra poderosamente o que seria uma derrocada da humanidade, onde os recursos naturais já são escassos e o pouco que resta, como petróleo, água e alimentos, é disputado ferozmente. Nove anos depois de Mad Max: Estrada da Fúria, Miller traz este universo de volta, desta vez contando a história de Furiosa, a personagem feminina que roubou a cena no filme anterior, interpretada por Charlize Theron.


Furiosa desta vez ganha vida através da excelente e promissora atriz Anna Taylor-Joy, que abraça perfeitamente o papel e traz traços muito particulares à personagem. Antes dela, no entanto, quem interpreta Furiosa na sua infância e adolescência é a também talentosíssima Alyla Browne, que brilha nos primeiros minutos do longa. Nesta sequência inicial, Furiosa vê a própria mãe ser brutalmente assassinada pelo cruel Dementus (Chris Hemsworth), sendo sequestrada pelo mesmo e tirada do paraíso onde vivia, um dos poucos lugares que ainda possuía vegetação. Logo depois, ela é trocada como uma mercadoria, indo parar nas mãos do "magnata" Immortan Joe (Lachy Hulme), personagem já bastante conhecido da saga e que administra de forma quase ditatorial três grandes cidades remanescentes neste universo colapsado.

Este início arrebatador é importante para desenvolver a personalidade de Furiosa, e mostrar o porquê dela ter se tornado uma personagem tão contida mas ao tempo tão marcante, que aparentemente é imune às coisas ruins que lhe acontecem por ter uma força emocional considerável. É quase um processo de "desumanização" que nós acompanhamos ela passar no início, e é impossível não criar uma casca depois de tudo.


Se em Estrada da Fúria nós temos uma pincelada de como funciona esta sociedade pós-apocalíptica, aqui Miller nos apresenta muito mais detalhes, tanto na parte estrutural como na parte social. Não demora para iniciar uma guerra entre o próprio Dementus, que pretende tomar de assalto pontos estratégicos e importantes do local, e Immortan, que quer defender suas posses e manter a sociedade funcionando de acordo com suas regras. Nesta luta, Furiosa fica do lado de Immortan, aproveitando-se de certa forma para vingar a morte da mãe.

As cenas de ação, como já era de se esperar, são magnânimas, e acabam sendo o grande destaque do filme. Miller constrói cenas frenéticas, onde a câmera em movimento consegue captar toda a tensão existente no momento, seja numa luta corporal, em um duelo de velocidade a bordo de um caminhão, ou no uso de armas potentes e incrivelmente originais. A inventividade do diretor é realmente impressionante quando falamos de estética, e ele consegue aliar de maneira brilhante o uso de CGI com efeitos práticos.


Em relação às atuações, além das já citadas, eu também destaco Chris Hemsworth, um ator que parece super a vontade no papel do vilão e que consegue trazer até mesmo um ar cômico para ele, porém sem aquele humor "abobado" que o pessoal está acostumado a ver em outros filmes dele por aí. Por fim, Furiosa: Uma Saga Mad Max é um filme frenético do início ao fim, que não só vai adentrar neste universo criado por Miller, como também vai trazer elementos essenciais para enriquecer ainda mais a "mitologia" que existe por trás.

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