sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Especial 20 de Setembro: O Cinema Feito no Rio Grande do Sul


O Rio Grande do Sul sempre foi um celeiro de talentos para as artes, seja para a música, para o teatro ou para o cinema. Nesse 20 de setembro, dia em que todos os gaúchos comemoram o dia da Revolução Farroupilha, nada melhor que relembrar a importância que o cinema feito aqui no estado tem no circuito nacional.

Tanto em termos de quantidade como de qualidade, o Rio Grande do Sul virou um dos centros cinematográficos mais imponentes do país, principalmente nesses últimos anos. Aliás, não é a toa que o principal festival de cinema do Brasil é realizado por aqui. No entanto, se você for pesquisar sobre sua história, vai certamente encontrar dificuldades em encontrar algo relevante, já que há poucos artigos abordando o assunto. Por isso, resolvi criar esse post especial no blog, para tentar mostrar um pouco mais dessa história tão rica e por vezes esquecida do cinema feito por aqui.


Uma Breve História do Cinema Gaúcho

Desde os primórdios, grande parte dos filmes gaúchos traziam na sua composição a forte presença da temática rural, que abordava principalmente a vida no campo. Isso serviu para dar ao resto do país a imagem folclórica do morador da região: um homem rude que gosta de andar a cavalo, viver ao ar livre, e de não seguir nenhuma espécia de regra. 


Cena de O Crime dos Banhados.
Ranchinho no Sertão, de Eduardo Hirtz, filmado entre 1912 e 1913, é o primeiro trabalho significativo feito em solo gaúcho, e é um típico exemplo desse estilo. Nessa mesma época, Francisco dos Santos dava início ao seu estúdio cinematográfico em Pelotas, cidade precursora do cinema no estado, onde foram rodados filmes como O Crime dos Banhados (1913) e A Mulher do Chiqueiro (1914)Nas próximas décadas, seguiu-se ainda a criação de outros filmes do gênero, como Um Drama no Campo (1927) e Em Defesa da Irmã (1926).

A partir da década de 60, o cinema feito no Rio Grande do Sul foi ganhando forma, passando a abordar assuntos mais heterogêneos. O cantor regionalista Vitor Mateu Teixeira, o Teixeirinha, deu início a sua carreira cinematográfica filmando 12 longas entre 1967 e 1981, que puxavam tanto para o tema rural (Tropeiro Velho, 1979) como para o tema urbano (Carmen, a Cigana, 1976). Teixeirinha talvez tenha sido o precursor dessa mudança de paradigma, ao descobrir que o público daqui estava ávido por um estilo diferente de filmes e cansado das histórias sobre a vida campeira. No entanto, apesar disso, seus filmes rurais acabaram sendo os que mais arrecadaram público e bilheteria.

O tradicionalista Teixeirinha em cena.
Após Teixeirinha, foi a vez de outro cantor tradicionalista fazer sua participação no cinema: José Mendes. Ele foi a estrela de dois filmes dirigidos por Pereira Dias no final da década de 60, Pára Pedro (1968) e Não Aperta, Aparício (1969). No início da década de 70, foram lançados dois filmes baseados nos livros do escritor Érico Veríssimo e que fizeram grande sucesso na época: Capitão Rodrigo (1971), de Anselmo Duarte, e Ana Terra (1972), de Durval García.

O sucesso de todos esses filmes mostra o porque das produções rurais terem sido sempre a grande maioria na história do cinema gaúcho. Assim que começaram a aparecer os filmes "urbanos", os mesmos foram tratados quase como subversivos. E de certa forma não deixavam de ser, já que eram uma ruptura com a intensa identidade gaúcha e seu riquíssimo folclore.

A partir dos anos 80, o cenário começou a mudar drasticamente com o advindo de diretores nascidos e crescidos nos centros urbanos na região metropolitana de Porto Alegre, como Carlos Gerbase, Jorge Furtado e Giba Assis Brasil. Já nos anos 90, houve uma busca por temas que abordavam fatos da história nacional e que usavam as paisagens do Rio Grande do Sul como pano fundo, como em O Quatrilho (que chegou a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro na cerimônia de 1996) e A Paixão de Jacobina, ambos do diretor Fábio Barreto.

Elenco de O Quatrilho, filme de 1995.
Dentre os fatos do passado, porém, nenhum é tão vivo para nós como a Revolução Farroupilha. A guerra que ocorreu no Estado entre 1835 e 1845 é certamente um dos temas que mais chamou a atenção dos realizadores até então. Anahy de Las Missiones e Netto Perde Sua Alma são dois dos principais trabalhos que abordaram o tema nas telonas.

Do início do século 21 para cá, o cinema gaúcho explodiu de vez, principalmente por conta da Casa de Cinema de Porto Alegre, produtora independente criada em 1987. Presidida por nomes como Carlos Gerbase, Giba Assis Brasil, Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo, Nora Goulart e Luciana Tomasini, a produtora foi responsável por grandes sucessos como O Homem que Copiava, Houve uma Vez Dois VerõesMeu Tio Matou um Cara, Tolerância e Antes que o Mundo Acabe. De fora da produtora, ainda foram lançados outros trabalhos relevantes, como Ainda Orangotangos de Gustavo Spolidoro e Wood & Stock, Sexo, Orégano e Rock N' Roll de Otto Guerra.


A tendência é que daqui para frente, nosso cinema alcance cada vez mais sucesso fora das fronteiras, e uma boa mostra disso é o lançamento de O Tempo e o Vento, nova adaptação do livro de Érico Veríssimo, dirigido por Jayme Monjardim, que promete ser um dos grandes sucessos do cinema nacional em 2013.

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