Existe uma cultura enraizada de que todo remake é ruim e não deveria ser feito. Dá para entender isso, até porque boa parte acaba sendo mesmo bem abaixo do original, e isso não há como negar. No entanto, quantos filmes viraram clássicos entre os amantes de cinema, e que na verdade não passam de regravações de antigas histórias? A verdade é que isso é bastante contraditório.
Existe também outra cultura, de que filmes orientais são intocáveis, e que para se mostrar entendido de cinema você deve idolatrá-los, além de descartar qualquer tipo de enlatado americano. Eu já pensei dessa forma, mas de uns tempos para cá mudei completamente minha visão, o que possibilitou que eu fosse assistir esse filme sem julgar ou criar um pré-conceito. E posso dizer que não saí decepcionado, pelo contrário.
Em primeiro lugar, é óbvio que muita coisa teria que mudar, até porque é outro país, outra cultura, outra época. O jeito é tentar assistí-lo sem pensar no original, ainda que isso seja difícil. O filme começa nos apresentando a Joe Douchett (Josh Brolin), um publicitário conhecido que, aparentemente, não age de forma correta. Em uma noite de bebedeira, ele acaba sendo sequestrado e acorda num quarto de hotel estranho, completamente sozinho. Logo, descobre que está aprisionado, sem nenhuma possibilidade de sair dali.
Os anos vão passando e ele vai sendo alimentado por um buraco na porta, como numa verdadeira prisão, enquanto passa os dias assistindo televisão e fazendo exercícios. Além disso, sempre que desce um gás branco pela tubulação, ele fica inconsciente, e os responsáveis entram no local para limpá-lo e trocar algumas coisas de lugar. Assistindo o noticiário, Joe descobre que sua ex-mulher foi estuprada e morta, e sua filha de 3 anos está órfã. Pior do que isso: ele é o principal suspeito do crime.
Mais de 20 anos depois, ele é misteriosamente libertado dentro de uma mala, no meio do nada. Seu grande desejo primeiramente é reencontrar a filha, que já está uma mulher, e provar para ela que ele não foi responsável pela morte da sua mãe. O segundo desejo é descobrir quem fez isso com ele e buscar vingança.
O instinto de vingança é bem mais elaborado no filme sul-coreano, até porque o assunto é uma máxima no cinema de lá. Para quem assistiu as duas versões, fica evidente que Oh Dae-su era muito mais extremo do que Joe. A busca pelos responsáveis é diferente, feita de forma mais prática, ainda que não menos violenta. Porém, é uma violência suavizada, não explícita.
Com a ajuda de uma nova amiga, Marie (Elizabeth Olsen), ele vai descobrindo o nome de todos os envolvidos no caso, e passa a torturá-los um a um. Tudo isso até encontrar o homem por trás de tudo, e descobrir sua motivação para tanto. O final é um pouco diferente do original, e deixou um pouco a desejar, apesar de manter a tal revelação bombástica que fez do filme original um soco no estômago em 2003.
A cena clássica (e nojenta) onde o personagem come um polvo vivo ficou de fora, mas em compensação, a cena da luta no corredor, onde ele tem que enfrentar um bando de uma vez só, se faz presente. Apesar de algumas mudanças, o roteiro é bastante idêntico. Spike Lee conseguiu trazer uma sensibilidade que não existe no filme de Chan-wook Park. As atuações parecem forçadas no começo, mas vão crescendo com o desenrolar do filme.A participação de Samuel L. Jackson é fantástica, como sempre, e rouba a cena.
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