quinta-feira, 15 de maio de 2014

Crítica: Ilo Ilo (2013)


Representante de Singapura no Óscar desse ano, Ilo Ilo já havia chamado a atenção no ano passado quando recebeu em Cannes o prêmio de melhor filme de um diretor estreante. Anthony Chen traz em seu primeiro trabalho uma obra que encanta ao mesmo tempo em que choca, mesclando cenas de ternura com cenas duras em uma história cativante e extremamente simples. 


A trama acompanha um período na vida da família Lim, durante o período de recessão econômica que assolou o continente asiático na década de 90. Leng e Teck moram em um pequeno apartamento junto com o filho Jiale. O garoto é uma peste, mal criado e mal educado, e volta e meia arruma confusão na escola onde estuda.

Numa tentativa de controlar a vida do menino enquanto não estão em casa, o casal resolve contratar Teresa, uma jovem Filipina, para trabalhar como empregada da casa e babá do menino. A relação entre ela e o menino não poderia começar de maneira pior: Jiale a destrata diariamente, seja moral ou fisicamente, e a jovem vai aguentando tudo com uma paciência que eu particularmente não teria. O motivo? Ela não tem para onde ir, principalmente por estar ilegalmente no país.


Com o passar do tempo, no entanto, os dois acabam se afeiçoando. Vamos percebendo que boa parte do comportamento de Jiale se deve aos pais, e passamos a entender que ele começa a ver em Teresa a figura materna que nunca teve. Por conta dos problemas externos, Leng e Teck não conseguem dar a atenção devida ao garoto, e isso reflete muito em sua personalidade agressiva.

A trama é interessante por também mostrar coisas fora do circulo familiar, como o suicídio de um vizinho que se jogou da cobertura de um alto prédio. A situação na região era complicada na época, com diversas famílias sendo desestruturadas ao perder tudo, e o diretor consegue transpôr muito bem para as telas esse clima de tensão causticante.


Por fim, Ilo Ilo é um bom filme, e por vir de um país onde o cinema ainda é extremamente amador, merece mesmo todos os elogios. O enredo é extremamente simples, mas muito bem elaborado. O silêncio e as expressões faciais são utilizados a todo momento para demonstrar o sentimento que as palavras talvez não conseguiriam, e isso é um grande ponto a favor. O outro ponto positivo é a atuação do menino Koh Jia Ler, que dá um show de interpretação.


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