quinta-feira, 15 de maio de 2014

Crítica: The Lunchbox (2014)


Na cidade de Mumbai, na Índia, é bastante comum o uso dos "Dabbawallahs", homens que trabalham entregando marmitas para os trabalhadores no horário do almoço. Apesar do grande número de entregas diárias, eles são conhecidos por nunca errarem, sendo um exemplo de organização e competência para o mundo todo. O enredo do filme, no entanto, cria uma situação hipotética onde o grupo comete um grave erro, que por sua vez acaba criando uma situação bastante inusitada.




Na trama, Fernandes (Irrfan Khan) é um viúvo que está prestes a se aposentar. Homem sério, ele vive sozinho, e tem como costume encomendar almoço todo os dias de um precário restaurante da cidade. Do outro lado da cidade vive Ila (Nimrat Kaur), uma dona de casa que aparece no início do filme preparando uma marmita com todo o carinho para o marido antes de deixar nas mãos do entregador.

No caminho, por algum motivo, as marmitas acabam sendo trocadas e quem recebe a comida feita por Ila é Fernandes. Ele estranha a qualidade superior da comida em comparação com os outros dias, mas acredita que o restaurante é que mudou alguma receita ou até mesmo o cozinheiro, sem imaginar a verdadeira origem.




Quando descobre que seu marido não está recebendo sua comida, Ila resolve enviar um bilhete junto com a encomenda para explicar o ocorrido. A partir de então, isso vira uma constante, e os dois passam a se corresponder através dos papeizinhos entregues dentro das embalagens. Mesmo sem nunca terem se visto, e sem conhecerem direito a história um ao outro, eles iniciam uma troca de confidências, e as reflexões sobre a inconstância da vida passam a ser o grande trunfo do filme. 


Ambos buscam na verdade algum sentido para suas existências, principalmente para os dias que virão. Ila se sente desanimada pela falta de atenção do marido, sobretudo quando descobre que ele a está traindo. No entanto, precisa de submeter a tudo por não ter onde ir. Já Fernandes se ressente por se achar velho demais, e acreditar que não viveu a vida como deveria ter vivido.



Ainda que nunca tenham se visto, dá para dizer que o relacionamento entre eles mudou sensivelmente cada um, principalmente Fernandes. Antes sério e descontente com a vida, Fernandes agora consegue até mesmo sorrir, além de ter se tornado menos egoísta e solitário.  
Além da relação com Ila, ele forma uma forte amizade com Shaikh (Nawazuddin Siddiqui), o homem que vai substitui-lo no emprego, e é através dessas duas relações que vamos acompanhando o crescimento interno do personagem.

O enredo foge um pouco daquele estilo "Bollywoodyano", cheio de músicas e clima festivo, e por isso trata-se de uma boa surpresa para quem vai assistir. As atuações são boas, e quem mais chama a atenção é Irrfan Khan, conhecido do público por filmes como Quem Quer Ser Um Milionário e As Aventuras de Pi. O
 diretor estreante Ritesh Batra nos traz um filme complexo e de uma qualidade invejável para qualquer iniciante, que encanta justamente pela simplicidade.


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