Com apenas 24 anos e quatro filmes na carreira (todos aclamados pela crítica), o ator e diretor Xavier Dolan já deixou de ser uma promessa para se tornar um dos diretores mais respeitados da atualidade. Assumidamente gay, praticamente todas as suas obras abordam a temática homossexual, porém sem os exageros estéticos ou situações apelativas típicos de muitos dos filmes do gênero e sim de forma adulta e madura.
Ao chegar no local, ele conhece Agathe (Lise Roy), a mãe de Guillaume (o jovem morto), e seu irmão Francis (Pierre-Yves Cardinal), que ele nem sabia da existência. Logo percebe que Agathe desconhecia a verdadeira opção sexual do filho, e que estava esperando na verdade uma namorada mulher. Francis no entanto sabia, e passa a ameaçar Tom caso ele conte a verdadeira história do seu irmão.
Sob pressão, Tom logo se vê obrigado a mentir sobre uma falsa namorada, chamada Sarah, e é interessante como ele passa a colocar todos os seus sentimentos na figura dessa pessoa inexistente, enquanto fala para para Agathe o quanto ela amava e desejava seu filho. Outro ponto interessante é que o diretor não foca a história na relação de Tom com Guillaume, mas sim na forma como Tom precisa lidar com o desfecho de tudo.
A personalidade dúbia de Francis dá ao personagem uma cara enigmática e misteriosa. Ele se ressente de ter 30 anos e ainda morar com a mãe, mas não vai embora porque sabe que ela não sobreviveria sozinha. No entanto quando Tom aparece no local, há uma grande mudança em sua cabeça, e vemos uma explosão de sexualidade nele que aparentemente estava enrustida.
As atuações são excelentes, e se encaixam com o clima de suspense sufocante. O final é subjetivo, e acaba deixando uma incógnita na cabeça do espectador, principalmente pela mudança constante de foco (uma hora é em Tom, outra hora é em Francis, outra hora é no passado de ambos). A fotografia também chama a atenção, misturando belas locações em um clima bastante claustrofóbico.
Por fim, Dolan mostra que cresceu muito, e traz o melhor filme da sua carreira até então. Dessa vez ele não só agradou aos fãs, como também o público em geral. Numa visão fria sobre a história, ele tenta mostrar a dificuldade que ainda existe de homossexuais se assumirem perante a família, mas depois de assistir o filme, a gente percebe que vai muito além disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário