segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Crítica: O Regresso (2016)


O mexicano Alejandro González Iñarritú tem apenas sete filmes até então na carreira, mas sua filmografia já é de dar inveja em muito diretor veterano por aí. Sou fã de Iñarritú desde sua estreia em 2000, com o visceral Amores Brutos, mas ele não cansa de me surpreender a cada novo filme, e O Regresso (The Revenant) é nitidamente o seu trabalho mais audacioso até então.



A trama é baseada na história real do explorador e comerciante de peles Hugo Glass (Leonardo DiCaprio), que no século 19 liderava uma equipe de caçadores pela gélidas florestas do velho oeste americano. O início do filme é eletrizante e já começa com muita ação quando o grupo de Glass é atacado por índios, que estão procurando uma mulher de sua tribo que foi sequestrada por homens brancos.

Eles escapam do ataque e seguem floresta adentro, mas Glass acaba sendo violentamente atacado por um Urso. Bastante ferido, sem poder falar e andar, ele fica aos cuidados do seu filho Hawk (Forrest Goodluck) e dos colegas Jim Bridger (Will Poulter) e John Fitzgerald (Tom Hardy), enquanto o resto da tropa segue viagem. Porém, logo Fitzgerald se revolta com a situação e decide deixar Glass para trás, dando-o como morto.

Glass, no entanto, consegue se manter vivo, e passa a vagar quilômetros para reencontrar os que o abandonaram e se vingar. O caminho que ele enfrenta, porém, é o mais inóspito possível. Um ambiente hostil, tanto pelas ações do homem como pelas ações da natureza, fazem o sentimento de vingança se misturar com a dura luta pela sobrevivência.



O que mais encanta no filme é sem dúvida sua fotografia. Visualmente, é um dos filmes mais incríveis dos últimos anos, e isso se deve a um nome: Emmanuel Lubezki. Premiado por seu trabalho em Gravidade e Birdman, ele tem tudo para levar o terceiro Óscar seguido para casa nessa categoria. A câmera eletrizante de Iñarritú também chama a atenção, principalmente nas cenas de ação, onde nos tornamos quase um espectador presente. Mais do que isso, ele faz algo inovador ao fazer a câmera ser notada em alguns momentos, como quando ela recebe gotas de água e de sangue, ou quando embaça com a respiração do personagem. Só por essas características o filme já seria uma experiência incrível, mas ele vai ainda além.

É evidente que, mesmo sendo um filme espetacular por si só, sua fama se dará principalmente por causa de Leonardo DiCaprio e sua nova chance de levar o tão aguardado Óscar para casa. E sejamos sinceros: se dessa vez ele não levar, o Óscar é quem sairá perdendo. O próprio ator declarou que esse foi seu papel mais difícil na carreira até o momento, e isso fica claro ao percebermos a entrega total dele em cena.



Do meio para o final o ritmo se torna bastante lento, mas o andamento de forma alguma se torna monótono, nem mesmo quando ganha toques líricos. Prepare-se para dar de cara com cenas brutais, de um extremo realismo, que fará você se revirar na poltrona. Mas prepare-se também para ver sequências emocionantes de tão belas.

Por fim, pode anotar que O Regresso será presença constante em todas as premiações do ano, incluindo o Óscar, mas mesmo que não ganhe os principais prêmios já se consagra antecipadamente como um dos grandes filmes da década. Iñarritú mais uma vez está de parabéns.



Um comentário:

  1. As "gotas de sangue" na câmera aconteceram pela primeira vez em O Resgate do Soldado Ryan, se não me engano.

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