O mexicano Alejandro González Iñarritú tem apenas sete filmes até então na carreira, mas sua filmografia já é de dar inveja em muito diretor veterano por aí. Sou fã de Iñarritú desde sua estreia em 2000, com o visceral Amores Brutos, mas ele não cansa de me surpreender a cada novo filme, e O Regresso (The Revenant) é nitidamente o seu trabalho mais audacioso até então.
A trama é baseada na história real do explorador e comerciante de peles Hugo Glass (Leonardo DiCaprio), que no século 19 liderava uma equipe de caçadores pela gélidas florestas do velho oeste americano. O início do filme é eletrizante e já começa com muita ação quando o grupo de Glass é atacado por índios, que estão procurando uma mulher de sua tribo que foi sequestrada por homens brancos.
Eles escapam do ataque e seguem floresta adentro, mas Glass acaba sendo violentamente atacado por um Urso. Bastante ferido, sem poder falar e andar, ele fica aos cuidados do seu filho Hawk (Forrest Goodluck) e dos colegas Jim Bridger (Will Poulter) e John Fitzgerald (Tom Hardy), enquanto o resto da tropa segue viagem. Porém, logo Fitzgerald se revolta com a situação e decide deixar Glass para trás, dando-o como morto.
Glass, no entanto, consegue se manter vivo, e passa a vagar quilômetros para reencontrar os que o abandonaram e se vingar. O caminho que ele enfrenta, porém, é o mais inóspito possível. Um ambiente hostil, tanto pelas ações do homem como pelas ações da natureza, fazem o sentimento de vingança se misturar com a dura luta pela sobrevivência.
Glass, no entanto, consegue se manter vivo, e passa a vagar quilômetros para reencontrar os que o abandonaram e se vingar. O caminho que ele enfrenta, porém, é o mais inóspito possível. Um ambiente hostil, tanto pelas ações do homem como pelas ações da natureza, fazem o sentimento de vingança se misturar com a dura luta pela sobrevivência.
O que mais encanta no filme é sem dúvida sua fotografia. Visualmente, é um dos filmes mais incríveis dos últimos anos, e isso se deve a um nome: Emmanuel Lubezki. Premiado por seu trabalho em Gravidade e Birdman, ele tem tudo para levar o terceiro Óscar seguido para casa nessa categoria. A câmera eletrizante de Iñarritú também chama a atenção, principalmente nas cenas de ação, onde nos tornamos quase um espectador presente. Mais do que isso, ele faz algo inovador ao fazer a câmera ser notada em alguns momentos, como quando ela recebe gotas de água e de sangue, ou quando embaça com a respiração do personagem. Só por essas características o filme já seria uma experiência incrível, mas ele vai ainda além.
É evidente que, mesmo sendo um filme espetacular por si só, sua fama se dará principalmente por causa de Leonardo DiCaprio e sua nova chance de levar o tão aguardado Óscar para casa. E sejamos sinceros: se dessa vez ele não levar, o Óscar é quem sairá perdendo. O próprio ator declarou que esse foi seu papel mais difícil na carreira até o momento, e isso fica claro ao percebermos a entrega total dele em cena.
Do meio para o final o ritmo se torna bastante lento, mas o andamento de forma alguma se torna monótono, nem mesmo quando ganha toques líricos. Prepare-se para dar de cara com cenas brutais, de um extremo realismo, que fará você se revirar na poltrona. Mas prepare-se também para ver sequências emocionantes de tão belas.
Por fim, pode anotar que O Regresso será presença constante em todas as premiações do ano, incluindo o Óscar, mas mesmo que não ganhe os principais prêmios já se consagra antecipadamente como um dos grandes filmes da década. Iñarritú mais uma vez está de parabéns.
As "gotas de sangue" na câmera aconteceram pela primeira vez em O Resgate do Soldado Ryan, se não me engano.
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