domingo, 22 de maio de 2016

Crítica: Ave, César! (2016)


Depois do indigesto Inside Llewyn Davis, lançado em 2013, os irmãos Ethan e Joel Coen estão de volta às telas com o gênero que eles mais dominam: a comédia. Mas, apesar do humor negro continuar o mesmo, eles ainda estão longe daquela qualidade que os consagraram nos anos 1990 e no começo dos anos 2000, e nos entregam um filme que até entretém, mas não convence.



A trama de Ave, César! (Hail, Ceaser!) gira em torno de Eddie Mannix (Josh Brolin), um importante funcionário dos estúdios Capitol Pictures durante a era de ouro de Hollywood. Sua função sempre foi dar uma "ajeitada nas coisas", ajudando suas estrelas em diversas situações, desde cumprir seus compromissos profissionais até varrer escândalos para debaixo do tapete antes que chegassem à mídia.

O estúdio está em plena produção de diversos filmes, entre eles um épico milionário que contará a história de Jesus Cristo e que tem como estrela o famoso Baiard Whitlock (George Clooney). Apesar de lidar com problemas todos os dias, Mannix se vê de frente com o maior desafio de toda a sua carreira quando Baiard é sequestrado durante as filmagens finais do filme, e isso ameaça pôr em risco toda a produção.



Apesar da premissa, o filme não fica apenas na história do sumiço de Baiard, mas mostra também os bastidores de outras produções do estúdio no momento, e isso consegue ser seu ponto forte. Uma dessas produções é um musical aquático, que conta com a negligente DeeAnna Moran (Scarlett Johansson) como protagonista. Outro filme, também um musical, é protagonizado por Burt Gurney  (Channing Tatum), e fala sobre um grupo de marinheiros em alto mar que estão preocupados por ficarem meses longe de qualquer contato feminino. Por fim, tem um drama com o jovem ator Hobie Doyle (Alden Ehrenreich), que ficou famoso pelos seus filmes de faroeste mas não possui nenhuma aptidão para atuar entre quatro paredes. Este último, aliás, é o responsável pelas melhores cenas da produção.

Além destes personagens, o filme ainda conta com participações interessantes de Ralph Fiennes e Tilda Swinton, e mais uma série de rostos conhecidos. Ambientado no período de "paranoia anti-comunista" instaurada nos Estados Unidos nos anos 1950, o enredo abre uma discussão divertida acerca de crenças e valores que estavam em voga na época, como o cristianismo e o próprio comunismo, mas nada que se possa levar realmente a sério.



Apesar de todos os tropeços, a realista ambientação da época e o giro por diversos gêneros, como uma verdadeira homenagem ao cinema, conseguem fazer com que o filme tenha lá os seus bons momentos, ainda que seja facilmente esquecível.


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