sábado, 27 de outubro de 2018

Crítica: Buscando... (2018)


Empolgante e inovador; essas são as palavras que eu uso para definir num primeiro momento Buscando... (Searching...), do diretor estreante Aneesh Chaganty. Usando como mote o desaparecimento de uma jovem numa pequena cidade norte-americana, o enredo discorre sobre diversos assuntos, mas fala principalmente sobre o uso excessivo da tecnologia e a consequente distância numa relação entre pais e filhos.



O filme logo de cara chama a atenção pelo seu formato de filmagem. Denominado como Screen Life, a técnica (que já foi utilizada em filmes como Amizade Desfeita e Nerve) consiste em mostrar praticamente toda a estória dentro de telas de computadores e celulares. Nos primeiros 10 minutos somos introduzidos diretamente na vida da família Kim até a trágica morte da mãe. Desta forma, David (John Cho) e a filha adolescente Margot (Michelle La) precisam reaprender a viver sozinhos na casa.

A relação dos dois é distante, o que cada vez é mais natural no mundo de hoje. David é totalmente alheio ao universo pessoal da filha, e os dois conversam muito pouco pessoalmente, mais por aplicativos. O único momento de lazer juntos é quando passa o programa favorito dos dois na televisão, mas fora isso, o contato é quase zero. A ação principal do filme começa quando Margot vai na casa de uma amiga participar de um grupo de estudos e não volta mais para casa. 



Desesperado, David começa a procurar pistas através das redes sociais da garota, até porque hoje em dia as redes dizem mais sobre todos nós do que qualquer outra coisa: do que a gente gosta, onde frequentamos, quem são nossos amigos mais próximos. Tudo que ele vai conseguindo descobrir vai sendo reunido numa teia de indícios, e para isso ele conta com a ajuda da detetive Vick (Debra Messing).

O filme é carregado de tensão, e toda hora surge uma pista nova que pode levar ao paradeiro da menina. O mais curioso é ver como David não conhecia absolutamente nada da rotina da própria filha, enquanto qualquer um podia saber pelos seus perfis pessoais. Na hora de ligar para algum conhecido, ele não sabia o nome de nenhum amigo, e não sabia nem mesmo que ela tinha largado as aulas de piano há meses. Um retrato da falta de diálogo dentro de casa e um alerta aos pais espectadores. E quando finalmente o caso parece ter sido resolvido, algo acontece e muda novamente toda a história, deixando o resultado final bem interessante.



Por fim, Buscando... traz um roteiro inteligentíssimo, cheio de reviravoltas, que não deixa pontas soltas no final.  É realmente muito bom ver o cinema se renovando quando todas as formas de se contar uma história pareciam ter se esgotado. Trata-se de um dos melhores filmes do ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário