quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Crítica: A Nuvem Rosa (2020)


O brasileiro A Nuvem Rosa teve sua estreia oficial no Festival de Sundance deste ano, onde foi bastante elogiado pela crítica especializada. E o motivo desse frenesi fica evidente ao assisti-lo. Escrito em 2017 e filmado em 2019 pela diretora gaúcha Iuli Gerbase, o filme é quase uma antecipação visionária do que viria um ano depois: o distanciamento social e a quarentena forçada.



Após o mundo ser tomado por uma nuvem tóxica, que mata em 10 segundos quem tiver contato com ela, a população é obrigada a se trancar dentro de casa, ou dentro do lugar em que estava no momento da chegada da nuvem (algumas pessoas ficam trancadas dentro de supermercados, por exemplo). Nesse ínterim temos Giovanna (Renata de Lélis) e Yago (Eduardo Mendonça), que se conheceram na noite anterior e dormiram juntos na casa dela. Com o Lockdown sendo a única forma de sobrevivência, eles precisam aprender a conviver entre si até que tudo passe, sem saber exatamente quanto tempo isso ainda vai durar.

O filme se assemelha tanto a nossa realidade atual que chega a ser difícil acreditar que ele foi feito antes. É muito interessante como Iuli conseguiu prever muitos dos comportamentos humanos que teríamos em uma ocasião como essa. O fato de termos que aprender a se comunicar com o mundo exterior e conhecer pessoas novas através da internet, de trabalhar pelo computador, de aprender e praticar coisas novas para lidar com o tédio, o "boom" dos deliverys de comida e compras online (que são entregues por drones) e principalmente a questão da saúde mental em meio ao isolamento.



O único ponto negativo, ao meu ver, é em relação ao salto temporal que ocorre do meio para o final, mas não falarei muito sobre para não dar spoilers. Também me incomodou um pouco alguns fatos pouco explorados, como o jeito que Yago continua ganhando dinheiro sem poder seguir com o emprego de quiropraxista, ou até mesmo uma contextualização maior sobre o que os governos estão fazendo para resolver a situação. Mas nada que atrapalhe a boa experiência de um dos filmes nacionais mais impactantes dos últimos anos, que tem como ponto forte suas atuações e a bela fotografia em tom cor de rosa.

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