quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Crítica: Quanto Vale? (2021)

 


"Quanto vale uma vida?" É com esse questionamento que inicia Quanto Vale? (Worth), filme da diretora Sara Colangelo que se baseia no livro escrito por Kenneth Feinberg, responsável pelo fundo de compensação às vítimas do atentado de 11 de setembro.


Muitos filmes já abordaram a tragédia, seja sob a visão das vítimas, seja sob a visão dos bombeiros, mas aqui temos uma abordagem um pouco diferente. A trama foca em Kenneth (Michael Keaton), o advogado que fica responsável por convencer os familiares das vítimas a aceitarem o dinheiro do fundo de compensação, em troca de não entrarem na justiça contra as companhias aéreas e o governo, o que faria o país entrar em um inevitável caos econômico.

Junto com sua sócia Camille (Amy Ryan), Kenneth cria uma controversa tabela de quanto cada família deverá receber de indenização, de acordo com o salário da vítima. Essa divisão, obviamente causa revolta nos familiares, que entendem que seus entes mortos valem menos do que outros pela sua posição social. Da mesma forma, os familiares das vítimas mais "ricas" se sentem ofendidos pela ideia de receberem o mesmo que os outros, e isso deixa Kenneth e sua equipe com a dura tarefa de resolver a questão da melhor forma para todos.


É um filme que discute bastante essa questão da diferença por renda. Um CEO de uma empresa vale o mesmo que um faxineiro? Na questão humana, obviamente que sim, mas quando envolve dinheiro, as coisas parecem ser um pouco diferentes. Apesar de falar sobre um tema que até hoje causa traumas, não é um filme que puxa para o dramalhão. As partes mais emocionais são através de relatos das vítimas, e são importantes para o desenrolar do enredo. A inserção do personagem Charles (Stanley Tucci), que tenta conciliar as duas partes, também é muito bem vinda.

É, na verdade, um filme sobre o luto em massa, e a forma como reagimos em situações como essa. Numa época em que perdemos, só no Brasil, mais de 500 mil vidas por covid-19, Quanto Vale? se mostra um filme necessário para entendermos que as vítimas não são apenas números, mas tem histórias e deixarão saudades a quem ficou.


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