terça-feira, 13 de setembro de 2022

Crítica: Você Não Estará Só (2022)


Marcando a estreia de Goran Stolevski na direção de um longa metragem, Você Não Estará Só (You Won't be Alone) foi "vendido" como um filme de terror psicológico, mas na verdade se trata de um drama bastante contemplativo, que apresenta sim algumas características de terror porém sem ter isso como elemento principal.


O enredo se passa em um lugar remoto do leste europeu e começa mostrando uma bruxa de aparência peculiar, chamada pelos locais de "Devoradora de Lobos", que tenta sequestrar uma bebê para transformá-la em uma bruxa como ela. Com intuito de proteger sua filha, a mãe (Kamka Tocinovski) acaba fazendo um trato: em troca de continuar cuidando da menina por mais um tempo, ela promete entregá-la para a bruxa quando completar 16 anos.

Os anos passam, e Nevena (Sara Klimoska), agora com 16 anos, finalmente passa a ter seu primeiro contato com o mundo, após passar anos escondida em uma caverna. Naturalmente, sua curiosidade com a vida dos humanos é atiçada o tempo todo, pois são várias sensações novas que estão prontas para serem descobertas. Quando mata uma camponesa acidentalmente, Nevena começa a usar a capacidade que ganhou da bruxa de adotar a identidade da pessoa morta, e passa a conviver em sociedade sem ser descoberta.

A partir deste momento, o foco do roteiro é justamente mostrar as descobertas de Nevena sobre a vida e as relações humanas. Pouco a pouco ela vai trocando de corpo com outras vítimas, o que a possibilita viver inúmeras experiências. É bem interessante como o roteiro faz isso ser bastante crível, mostrando por exemplo as reações das pessoas com as mudanças que naturalmente ocorrem no comportamento do humano que Nevena assumiu a identidade. Mesmo que seja sutil, o filme também faz uma abordagem sobre a desigualdade de gênero, pois é nítido que Nevena tem muito mais liberdade enquanto está na pele de homens, enquanto na pele de mulheres ela sofre violências e tem de lidar com um forte machismo.


Com uma atmosfera bem melancólica, You Won't be Alone acabou se tornando uma das principais surpresas do ano para mim. Gostei muito da fotografia e sobretudo das atuações, com destaque para a excelente atriz sueca Noomi Rapace.


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