David Robert Jones,
conhecido mundialmente como David Bowie, dispensa qualquer apresentação.
Ícone da música e da cultura pop, o artista lançou mais de 25 discos
entre 1967 e 2016, ano de sua morte, e teve uma carreira marcada por
apresentações inesquecíveis, entrevistas polêmicas e um visual único. Na
tentativa de mostrar um pouco do que foi a vida e a obra do artista, o
diretor Brett Morgen (o mesmo de "Kurt Cobain: Montage of Heck") nos
apresenta Moonage Daydream, um documentário fora dos padrões e
extremamente singular, do jeito que Bowie merecia.
Com um visual
que flerta com o psicodelismo, e muito colorido, Morgen faz um apanhado
riquíssimo da vida pessoal e da vida pública de Bowie, fugindo
completamente daquela estrutura linear que nos acostumamos a ver em
documentários biográficos. São muitas imagens de arquivo, tanto de shows
como de videoclipes e entrevistas, que vão formando pouco a pouco a
personalidade de Bowie e mostrando o porquê de ele ter chegado onde
chegou e conquistado tantos fãs. Bowie era, acima de tudo, um
personagem, e ele mesmo fala sobre isso em uma das entrevistas, pois era
a forma dele se expressar e ao mesmo tempo esconder suas fraquezas,
fugindo da realidade. Porém, fica muito evidente quando entra em cena o
David Robert Jones de fato, nos momentos mais emocionantes em que ele
conta situações íntimas de sua infância, de seus relacionamentos e fala
de suas perspectivas a respeito do futuro, tanto dele como da
humanidade.
Temos falas realmente impressionantes do artista
sobre a vida, sobre o amor, e sobretudo a arte, e tudo com muita
sensibilidade. Um dos momentos que mais me marcou foi quando ele falou
do seu irmão, que foi sua grande referência na infância e depois acabou
sendo internado por esquizofrenia, e o medo que ele tinha de seguir os
mesmos passos por também ser "diferente". Bowie era uma pessoa inquieta,
que gostava de mudar a todo momento, e o filme também explora essas
mudanças em sua trajetória, que vão desde o visual até suas constantes
mudanças de moradia, como quando foi morar na Berlim dividida pelo muro
porque achava que ali era o local ideal para viver sem ser reconhecido
nas ruas.
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