domingo, 9 de julho de 2023

Crítica: L'Inoccent (2022)

 

Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Cesar 2022, L'innocent, novo filme de Louis Garrel, é uma boa comédia policial que tem como mérito não cair em armadilhas narrativas do gênero, e conquista pelas excelentes atuações, pelo bom ritmo e pela ótima trilha sonora.


Assim como em seus filmes anteriores, aqui Garrel também interpreta o protagonista da história, Abel, que se vê enredado em uma trama conturbada após sua mãe (Anouk Grinberg) se casar com um presidiário. Ela é atriz e dá aulas de atuação na cadeia, e é lá mesmo que ela acaba se apaixonando por Michel (Roschdy Zem), que logo é solto da prisão e vai viver junto com ela. Apesar de Michel prometer que largou a vida do crime, Abel fica instigado a investigar os seus passos, e descobre que no fundo o novo padrasto não está sendo totalmente sincero. Mais do que isso, acaba até mesmo ajudando-o em uma missão.

Garrel constrói muito bem os personagens e suas personalidades, como o próprio Abel, que descobrimos que vem de um trauma grande na vida envolvendo sua ex-esposa, e tem na amizade com Clémence (Noémie Merlant) o seu pilar de sustentação. Enquanto passa os dias trabalhando como instrutor em um aquário, ele tenta reorganizar a vida, tendo sempre a presença forte da mãe e da amiga.


As atuações são o ponto forte do filme, sobretudo Noémie Merlant, que inclusive também ganhou o prêmio Cesar de melhor atriz na edição passada. Tanto a mãe como o novo padrasto também têm participações intensas, o que torna tudo muito orgânico. E o humor é muito bem utilizado, sem parecer forçado em nenhum momento. Um dos exemplos disso está na inaptidão de Abel na hora de ser discreto quando está perseguindo Michel, o que acaba gerando boas cenas quando o mesmo descobre. Com um tom leve, L'innocent já é o quarto filme como diretor de Louis Garrel, que parece finalmente atingir aqui a maturidade que o coloca como um bom expoente dentro do novo cinema francês.


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