Um é bom, dois é aceitável, e três é desnecessário. O ditado não é bem assim, mas alterei para falar especificamente da trilogia A Menina que Matou os Pais, que desde 2020 tenta trazer a história por trás de um dos assassinatos que mais marcaram o Brasil no começo dos anos 2000: o de Manfred von Richtofen e sua esposa Marísia, mortos brutalmente em uma ação orquestrada pela própria filha, Suzane von Richtofen.
Os dois primeiros filmes, lançados simultaneamente há três anos atrás, narravam o crime de acordo com cada versão dos envolvidos. Em A Menina que Matou os Pais, temos a história contada sob a ótica de Daniel Cravinhos, o namorado de Suzane na época e autor do crime, e apresenta uma narrativa em que a menina é vista como uma verdadeira psicopata, que armou tudo e fez a cabeça dele para cometer o crime junto com o irmão Cristian. Já em O Menino que Matou Meus Pais, a narrativa é sob a visão de Suzane, apresentando uma menina ingênua que caiu em uma relação abusiva e foi psicologicamente influenciada a agir contra os próprios pais.
O que sustentava o interesse nos dois primeiros filmes era justamente essa disputa de narrativas entre o depoimento de um e de outro, e a construção dos personagens de acordo com essa ambiguidade. Agora com A Menina que Matou os Pais: A Confissão, a intenção do diretor Maurício Eça era mostrar os fatos verdadeiros do caso, de acordo com as investigações e o próprio julgamento, mas fica o questionamento: era mesmo necessário remexer novamente no assunto?
O filme tem inúmeros pontos negativos, a começar pelas atuações forçadas que não passam grau nenhum de veracidade, principalmente a de Carla Diaz, que exagera nos trejeitos para tentar mostrar o desequilíbrio mental da sua personagem. Algo que já havia sido feito em um dos filmes anteriores, mas aqui fica ainda mais caricato. A cena da confissão, que está no próprio nome do filme, também é muito superficial e mal conduzida, o que tira completamente o propósito da existência deste longa. Isso sem contar na cena em que os pais dos irmãos cravinhos descobrem que os filhos estavam envolvidos no crime, que é de uma mediocridade inexplicável. O único adendo que faço no elenco é em relação a Bárbara Colen, que faz a delegada do caso, e que mesmo em um roteiro frágil consegue se destacar. Em resumo, o terceiro e último filme da trilogia acaba sendo apenas uma enrolação a mais de uma história que já deu o que tinha que dar. É insatisfatório, mal feito, e, talvez até mesmo desrespeitoso com a memória das vítimas e de seus familiares.
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