sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Crítica: A Garota Artificial (2023)


Um dos temas que mais está em alta nos dias atuais é o da Inteligência Artificial. Se no passado os filmes que abordavam a tecnologia eram considerados futuristas, podemos dizer que agora os filmes sobre o assunto trazem nada mais nada menos do que a nossa própria realidade no presente. Afinal de contas, desde o uso particular (através de aplicativos pelo celular) até o uso profissional (empresas usando imagens feitas por AI em seus anúncios), o fato é que a inteligência artificial já está por toda parte e não vivemos mais sem ela. Em A Garota Artificial (The Artifice Girl), o diretor Franklin Ritch aborda o tema de uma maneira muito original, trazendo questões pertinentes principalmente a respeito da ética no uso destas tecnologias.


Gareth (interpretado pelo próprio diretor Franklin Ritch) é chamado pela polícia para um interrogatório, onde precisa esclarecer um suposto crime de pedofilia. Ele está por trás de um codinome online que atua praticamente como um justiceiro virtual que envia provas de abusos sexuais infantis para a polícia, e que já possibilitou a prisão de cerca de 200 pedófilos. No entanto, um dilema aflige os policiais, já que para pegar esses indivíduos ele teria usado uma menina de 11 anos como isca. E é justamente isto que ele precisa explicar. 

O início do filme traz a apresentação dele e de Cherry (Tatum Matthews), a menina que ele supostamente usou para capturar estes indivíduos. Cherry nada mais é do que uma criação perfeita feita por Inteligência Artificial, tão perfeita que engana até mesmo os policiais, que demoram para acreditar que não se trata de uma criança real. Vendo a grande oportunidade que tem em mãos, a polícia agora pretende utilizar o programa com arma para continuar combatendo o crime de pedofilia, e convida Gareth para se juntar a eles com a sua invenção.

O filme é dividido em três capítulos, que se passam em uma diferença grande de anos. O primeiro é justamente o interrogatório inicial, onde temos toda a apresentação de como Cherry funciona, como ela foi criada, e principalmente os motivos. O segundo capítulo se passa cerca de quinze anos depois, com a AI mais reforçada e ainda mais inteligente. É quando começam a surgir as primeiras indagações e reflexões sobre a ética e principalmente sobre o quanto esta menina consegue ter sentimentos humanos. No ato final, já passadas várias décadas, vemos um estado ainda mais avançado da garota, onde Gareth, agora já idoso, analisa a descontinuidade do projeto.


Acima de tudo, A Garota Artificial é um filme que disserta sobre como nós nos tornamos dependentes da tecnologia ao ponto de quase nos fundirmos com ela, mas também como a tecnologia vem apresentando cada vez mais traços e características humanas. Até onde isso vai nós não temos como saber, mas de fato é um pouco assustador.

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