Um filme que chegou de mansinho, sem grande alarde, mas que já é, pelo menos para mim, o melhor thriller do ano. Estou falando de Strange Darling, escrito e dirigido por JT Mollner, que é um respiro e tanto de originalidade no gênero, e que me deixou completamente absorto na história desde o seu primeiro minuto até a cena final. No entanto, para que a trama funcione da melhor maneira, é importantíssimo que se
saiba o menos possível do filme antes dele começar, já que suas
surpresas e reviravoltas são exatamente aquilo que o tornam tão fascinante, então por isso evitarei falar detalhes da história.
O que posso dizer num primeiro momento, de maneira bem superficial, é que no início somos apresentados a uma mulher (chamada apenas de Lady) correndo desesperada no meio de um matagal, aparentemente fugindo de um assassino (denominado na legenda como "the demon"). A partir de então, o filme nos conta como a história chegou até aquele momento de maneira não linear, através de seis episódios, começando pelo terceiro. Sim, os capítulos não aparecem na ordem cronológica, o que faz com a gente vá descobrindo tudo de diferentes pontos de vista, e sendo surpreendidos a cada nova cena.
A premissa parece bem simples, ao apresentar uma perseguição de "gato e rato", como já visto em muitas histórias por aí, porém o roteiro vai muito além disso, brincando com nossas perspectivas de uma maneira que, eu confesso, não lembro de ter visto nada igual. A montagem consegue nos transportar de maneira engenhosa e sólida por entre os capítulos, sendo fácil identificar em qual linha do tempo estamos, e deixando tudo muito fluído e orgânico.
Reparem que eu estou tentando, de toda forma, evitar falar sobre o roteiro, pois eu realmente não quero estragar a surpresa. Strange Darling é um filme que deixa bem claro o quanto as aparências enganam, e sobretudo, o quanto diferentes pontos de vista podem alternar a forma como uma história chega até nós. Os dois atores principais, Willa Fitgerald e Kyle Galner, estão ótimos nos papéis, e colaboram para criar um dinamismo onde ora achamos se tratar de uma coisa, ora já adquirimos outra visão, e isso a todo momento. Um grande trabalho do diretor, que pegou uma ideia "manjada" e a abrilhantou com maestria.