terça-feira, 15 de outubro de 2024

Crítica: Identidades em Jogo (2024)


A premissa da noite de jogos entre amigos que dá errado vem virando febre em filmes de terror, como nos exemplos recentes "Morte Morte Morte" e "Fale Comigo". Lançado diretamente no catálogo da Netflix, Identidades em Jogo (It's What Inside) é mais uma obra que segue o mesmo formato, e acompanha um grupo de jovens que se reencontram após um bom tempo afastados para comemorar o casamento de dois deles, até que um deles propõe um jogo diferente de tudo que já haviam visto antes.


O roteiro começa acompanhando Cyrus (James Morosini) e Shelby (Brittany O'Grady), um casal que está passando por problemas no relacionamento depois de quase uma década juntos. A relação caiu no marasmo, na monotonia, e as poucas interações que eles têm no dia a dia são insuficientes e sem graça. No meio disso, eles recebem o convite para a festa de casamento de um amigo antigo deles da faculdade, Reuben (Devon Terrell), onde reencontrarão outras pessoas desta época universitária. No caminho, Shelby dá uma olhada nas redes sociais destes outros convidados, e percebe que, aparentemente, todos possuem vidas animadas e enérgicas, enquanto a dela parece um puro suco de tédio. 

A mais badalada entre os convidados é Nikki (Alycia Debnam-Carey), que ganha a vida como influencer digital, e que desperta imediatamente a inveja de Shelby, que queria ter a vida "perfeita" como a dela. Na lista de convidados ainda tem Brooke (Reina Hardesty), Dennis (Gavin Leatherwood) e Maya (Nina Bloomgarden), além do excêntrico Forbes (David Thompson), que no passado teve um acontecimento conturbado com os outros membros do grupo, e que acabou ocasionando até mesmo a sua expulsão da faculdade na época. 

E é justamente Forbes quem chega ao local da festa com uma maleta misteriosa nas mãos, que logo sabemos se tratar do jogo que ele criou junto com amigos seus da área de tecnologia. Com uso de eletrodos conectados por fios, a máquina possibilita que os jogadores troquem de corpo por algum tempo entre si, e a intenção do jogo é tentar descobrir quem está no corpo de quem.


Abusando de elementos de terror e sci-fi, mas sem perder o tom de comédia, o roteiro vai abordando as diferentes maneiras como cada membro do grupo reage à possibilidade de ser outra pessoa por alguns minutos ou até mesmo horas. A maioria aproveita para fazer coisas que não teriam coragem, usufruindo do anonimato, e é aí que o jogo vai se tornando ao mesmo tempo perigoso, instigante e sensual. Com este artifício, afloram todos os sentimentos possíveis nos personagens, como inveja, raiva e ciúmes, e ao mostrar as diferentes personalidades mudando de corpos, o roteiro consegue extrair ótimas atuações do elenco jovem. Identidades em Jogo é um filme que brinca com a perspectiva dos espectadores, ao fazer com que também tenhamos que descobrir quem é quem no meio de toda essa confusão, e desenrola sua história sem enrolação, sendo um dos filmes mais bacanas do gênero este ano.

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