Há tempos que o gênero de filmes de animação deixou de ser direcionado apenas às crianças. Nos últimos anos vimos alguns exemplos de filmes animados feitos especialmente para adultos como Valsa com Bashir, Bicicletas de Belleville, Mary and Max, Persépolis e Walking Life, e A Pequena Loja de Suicídios (Le Magasin des Suicides) é mais um que entra para a lista.
O filme de Patrice Lecont é um paradoxo incrível: fala de um tema delicado (o suicídio) em forma de musical. Percebemos essa peculiaridade logo na primeira cena, onde um coral canta uma música "alegre" sobre o tema, enquanto pessoas se jogam de prédios e na frente de caminhões, e caminham pelas ruas com caras tristes e melancólicas.
Numa cidade cinzenta, onde as pessoas não tem rumo e não vêem sentido nas suas vidas, a loja mais famosa e frequentada é a Loja de Suicídios, comandada pela família Tavuche, onde se vendem artigos que auxiliam os suicidas a cometerem o ato final de suas vidas e onde o lema é "morte ou reembolso".
A família é composta pelo pai, a mãe, e dois filhos que ajudam na loja. Mas tudo muda quando a mãe dá a luz a um garoto diferente, que já desde pequeno demonstra ser alegre e feliz, um contraste com os outros membros da família. No início os pais tentam frear essa felicidade, ensinando ao garoto que a vida é triste e não há motivos para sorrir. Mas ele cresce e segue sendo o mesmo, e aos poucos, essa alegria vai contagiando os moradores da casa e consequentemente o resto da cidade.
O diretor soube criar com maestria uma alegoria musical ao redor de um tema tão delicado como esse, e só isso já vale o filme. Uma estória que tinha tudo para ser triste, mas que acaba sendo o contrário disso, e termina sendo uma grande lição sobre a vida. Os personagens são extremamente cativantes, além das músicas serem ótimas e a fotografia ser impecável. A direção de arte também merece aplausos pela ótima caracterização de uma cidade pútrida e sem esperança.
Por fim, A Pequena Loja de Suicídios é de fato uma crítica ao ser-humano cada vez mais frio e pessimista, e principalmente ao número crescente de suicídios cometidos diariamente, principalmente na Europa. Uma animação NÃO-recomendável aos pequenos, mas SUPER-recomendável aos crescidos.
Bela crítica...
ResponderExcluirCompartilho do exposto.
Bela crítica...
ResponderExcluirCompartilho do exposto
Excelente crítica. Concisa e essencial. Parabéns.
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