segunda-feira, 1 de julho de 2013

Crítica: O Filho do Outro (2012)


Segundo longa-metragem da carreira de Lorraine Levy, O Filho do Outro (Le Fils de L'autre) é uma excelente estória sobre um tema que vem ganhando cada vez mais destaque no cinema europeu: o conflito entre Israel e Palestina. Mas dessa vez, sob um ângulo mais humano e menos político.


Prestes a entrar para o exército de Israel, o judeu Joseph (Jules Sitruk) é obrigado a passar por uma série de exames médicos. Em um desses exames, descobre que não é filho biológico dos pais que o criaram a vida toda.

Atordoados com a notícia, os pais de Joseph correm atrás de mais informações e acabam descobrindo que realmente tiveram o filho trocado na maternidade. Quando o hospital em que Orith (Emannuelle Devos) deu a luz a Joseph foi atacado, todos tiveram que sair às pressas, e na correria houve a troca.


De volta ao mesmo hospital, 18 anos depois, eles se encontram com os pais do outro garoto, Yacine (Mehdi Dehbi). Todos ficam chocados ao perceberam que se tratam de duas famílias de regiões opostas: uma israelense e outra palestina. E agora, como resolver o dilema, quando o filho do judeu é na verdade um palestino e vice-versa?

A desarmonia entre as duas famílias está feita, mas o grande problema se concentra dentro delas mesmas. O irmão de Yacine, Bilal (Mahmud Shalaby), se nega a falar com ele depois do irmão ter "virado" palestino. Além disso, o pai de Yacine passa a tratá-lo diferente, mesmo que isso seja um sofrimento para ele mesmo, já que a diferença ideológica passa a ser maior do que o amor que sentia pelo filho.


A diretora fala de forma muito séria sobre as questões religiosas, demográficas e ideológicas que dividem os dois lados opostos. As famílias, apesar da rivalidade histórica, conseguem aos poucos se tratar com mais cordiabilidade. Não há um final propriamente dito, até porque não seria realmente preciso. O enredo apenas flui, e o restante fica a nosso próprio critério de imaginação.

Muito mais do que um filme sobre a guerra, O Filho do Outro é uma verdadeira lição de que as diferenças estão apenas na cabeça de algumas pessoas. Sabemos que a harmonia geral entre os dois povos é um pensamento utópico, mas não nos custa sonhar. Um filme marcante, de belíssimas imagens, cenas emocionantes, e atuações inesquecíveis.

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