Limbo, no dicionário
de língua portuguesa, significa algo que está à margem, ou em um sentido
mais informal, algo que se encontra esquecido, negligenciado e até
mesmo sem utilidade. Desta maneira, a palavra se encaixa bem no tema
proposto pelo diretor escocês Ben Sharrock em seu novo filme, onde ele
apresenta um grupo de refugiados sírios que estão em uma ilha da Escócia
à espera do governo decidir se irá dar asilo a eles ou não.
Enquanto
esperam essa decisão sobre seus destinos, eles vão levando a vida nesse
pequeno vilarejo, aprendendo inglês e tendo aulas "bizarras" sobre como
se comportar em sociedade. O filme não deixa explícito a repulsa que os
moradores locais têm dos imigrantes, mas podemos perceber pelos seus
olhares, por algumas falas e até por alguns atos impensados, que eles
não queriam sua companhia por ali. E este é o primeiro paralelo que o
diretor traça em relação à maneira como os imigrantes são tratados por
toda Europa, geralmente vistos como intrusos. Há uma cena específica que
me marcou, quando alguns homens estão mais preocupados com as ovelhas
que sumiram durante uma nevasca do que com um dos imigrantes, que também
desapareceu, e isso diz muito sobre a proposta do filme.
Omar
(Almir El Masry) é o protagonista da história, e é um personagem
bastante calado, que carrega nos ombros a esperança que a família
deposita nele para conseguir dinheiro e ajudá-los a lidar com as
dificuldades no país de origem. A amizade que surge entre ele e Farhad
(Vikash Bhai), um homem que é fã de Freddie Mercury e usa um bigode
igual ao ídolo, é para mim o grande ponto alto da trama, já que são
entre os dois que acontecem os melhores diálogos, onde versam sobre
música, sonhos, solidão, e principalmente sobre a liberdade de cada um
ser o que é, sem precisar esconder nada.
Limbo tem uma estrutura diferenciada e peculiar, e uma frieza que me remete ao cinema feito nos países nórdicos. Porém, também tem momentos de extrema delicadeza e sensibilidade, principalmente quando aborda mais a fundo a personalidade dos personagens e o porquê de eles estarem fugindo do seu país. As críticas estão nas entrelinhas, e quem as pega, tem uma experiência muito intensa.
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