domingo, 12 de junho de 2022

Crítica: Ilusões Perdidas (2022)


Escrito por Honoré de Balzac (1799-1850), Ilusões Perdidas retrata a ascensão da burguesia francesa após a queda de Napoleão, principalmente suas hipocrisias e suas mil maneiras de corrupção. Trazer para as telas um texto histórico como este nunca é uma tarefa fácil, e o diretor Xavier Giannoli optou por adaptar a história com mudanças significativas na narrativa e traçando até mesmo paralelos com a nossa realidade.


O enredo acompanha Lucien de Rubempré (Benjamin Voisin), um aspirante a poeta que deixa seu vilarejo do interior para tentar ganhar a vida na efervescente Paris do início do século XIX. Pouco a pouco, no entanto, ele vai descobrindo uma realidade em que seu talento pouco importa, já que o que fala mais alto é o dinheiro e as conexões. Entre manipulações e subornos, só se torna alguém no mundo literário quem consegue adentrar no sistema corrupto, e como Lucien queria alcançar o sucesso, passa a fazer parte do jogo.

Tecnicamente o filme tem uma beleza extasiante, tanto nos cenários internos e externos, como nos figurinos. As atuações também estão boas, assim como a trilha sonora. Infelizmente senti que a trama se tornou um pouco maçante do meio para o final, talvez pelo fato de ter uma longa duração e uma conversação rápida entre os personagens, que não cessa um segundo. Porém, entendo a escolha da direção, já que o texto de Balzac é realmente longo e tentar reduzir isso para caber em um filme de 2h30 não é fácil. Uma das tentativas de Gianolli de deixar a obra mais dinâmica é ter um narrador onipresente, que vai nos apresentando a cada nova situação ou lugar, mas de qualquer forma, há que se ter um pouco de paciência.


A comparação com a realidade do século XXI se dá quando o filme passa a acompanhar os jornalistas franceses da época e suas "fake news". O termo, apesar de novo, não é novidade neste meio, e bastava alguém pagar um pouco mais para que se inventasse uma história contra seu rival ou desafeto. Outro ponto discutido são sobre os "críticos de arte", e sua verborragia arbitrária. É curioso como uma obra escrita há 3 séculos atrás ainda consegue ser atual de alguma forma, e isso explica o porquê dela ser reconhecida até hoje.


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