Existem filmes que vão
muito além da simples relação filme/espectador, e se tornam verdadeiras
experiências para a vida toda. Para ser sincero, eu nem sei bem como
começar a falar de Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything
Everywhere All at Once), pois o que senti vendo este filme foi algo
indescritível. Mas vamos lá!
Dirigido por Daniel Kwan e Daniel
Scheinert, e com produção da A24, o filme acompanha Evelyn (Michelle
Yeoh), que é dona de uma lavanderia e comanda os negócios com pulso
firme junto do marido Waymond (Ke Huy Quan) e do pai (James Hong). Ela é
bastante exigente e não deixa escapar nada fora do lugar, porém, certo
dia a contabilidade da empresa acaba caindo na "malha fina" da Receita
Federal, mais precisamente nos olhos atentos de Deirdre (Jamie Lee
Curtis), uma agente que é um verdadeiro carrasco, e impõe um pequeno
prazo para que eles possam regularizar as contas. Do contrário, o
negócio será fechado.
Até então o roteiro parece simples, mas
tudo muda quando Evelyn descobre uma ruptura interdimensional, que a
possibilita viajar entre milhares de universos paralelos. Talvez seja
difícil explicar em palavras o que acontece deste momento em diante, mas
o fato é que, em uma velocidade frenética, logo ficamos conhecendo
várias outras versões de Evelyn, que foram sendo moldadas nos outros
universos de acordo com suas próprias escolhas neste atual.
Sim, o
multiverso acaba sendo o ponto principal do enredo, mas diferente de
outros filmes por aí, temos ele muito bem posto em prática. As
transições entre um universo e outro não tem aqueles efeitos exagerados,
sendo feitas de uma maneira bem natural e orgânica. É sublime a maneira
como os diretores conseguem unir essa característica da ficção
científica com um enredo muito humano e emocional, e até mesmo em
universos para lá de excêntricos, como em um onde os humanos possuem
"dedos de salsichas", é possível sentir ternura e não aversão. Há ainda
uma passagem específica de total silêncio, onde vemos apenas duas pedras
por um longo tempo, numa sequência existencialista que é simplesmente
genial.
O filme tem várias passagens reflexivas, que no meio de tanta loucura e insanidade, nos fazem pensar, dentre outras coisas, no sentido da vida, nas relações familiares e nos nossos próprios atos e suas consequências. Como o próprio nome diz, tudo realmente acontece ao mesmo tempo e em todo lugar, e é uma viagem alucinante acompanhar o desenrolar da história entre um universo e outro. A atuação de Michelle Yeoh é pra mim um dos pontos mais positivos do longa, mas destaco também a parte técnica, sobretudo a montagem, que torna o filme bem dinâmico e empolgante do início ao fim. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo chega hoje nos cinemas brasileiros, e para mim, já é o grande filme do ano.
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