domingo, 8 de outubro de 2023

Crítica: Coração de Neon (2023)


Febre nos anos 1990, os carros de telemensagens se espalharam rapidamente pelo Brasil inteiro, animando milhares de pessoas em datas especiais para elas. Hoje em dia isso virou raridade e até mesmo motivo de piada entre amigos, que "ameaçam" enviar um destes veículos para fazer a outra pessoa passar vergonha, mas apesar do sumiço eles ainda existem por aí. A história de Coração de Neon acompanha um pai e um filho que juntos mantém esta tradição pelas ruas do bairro Boqueirão, em Curitiba, mas infelizmente derrapa em um roteiro absurdamente mal conduzido.


Fernando (Lucas Estevan) e seu pai Laudércio (Paulo Matos) ganham a vida a bordo de um velho Chevette, todo enfeitado com balões, corações e luzes neon, no maior estilo "lata velha do Luciano Huck", que carinhosamente é apelidado de "Coração de Neon". Aos trancos e barrancos eles vão utilizando o veículo para levar alegria às pessoas que recebem telemensagens de terceiros, até que uma tragédia acaba envolvendo Laudércio, deixando o filho sozinho nos rumos do negócio e da casa.

Primeiramente, é preciso dizer que apesar de enxergar as boas intenções do filme, a direção é irritantemente amadora. Foi como se, em diversos momentos, eu estivesse assistindo a um filme feito por estudantes de um colégio primário, que estavam tendo contato pela primeira vez com uma câmera e sem noção alguma do que estavam fazendo. Algumas cenas beiram o inadmissível, e os diálogos são de uma pobreza realmente inexplicável. A tentativa de forçar o sotaque curitibano, e principalmente a palavra "piá", beira o constrangedor, assim como as tomadas musicais em que o ator/diretor tenta mostrar sua (in)aptidão musical. Tudo horroroso, sem propósito e sem coesão alguma. Depois de já ter perdido a paciência completamente com tudo que estava vendo, ainda dei uma chance e fui até o fim, esperando que pelo menos o arco de luto do personagem principal e sua maneira de lidar com as transformações drásticas em sua vida ganhassem uma abordagem mais interessante, mas o filme foi ficando cada vez pior.

Absolutamente nada no roteiro funciona, e até mesmo a suposta "investigação" que Fernando faz sobre o causador da morte do pai é de uma superficialidade vergonhosa. A adição de um relacionamento amoroso entre Fernando e Andressa (Ana de Ferro), a mulher que de alguma forma foi algoz da morte de Laudércio, foi a gota d'água de absurdos atrás de absurdos. Arrisco a dizer que este foi o pior filme dentre todos que assisti neste ano de 2023.

Nenhum comentário:

Postar um comentário