Febre nos anos 1990, os carros de telemensagens se espalharam rapidamente pelo Brasil inteiro, animando milhares de pessoas em datas especiais para elas. Hoje em dia isso virou raridade e até mesmo motivo de piada entre amigos, que "ameaçam" enviar um destes veículos para fazer a outra pessoa passar vergonha, mas apesar do sumiço eles ainda existem por aí. A história de Coração de Neon acompanha um pai e um filho que juntos mantém esta tradição pelas ruas do bairro Boqueirão, em Curitiba, mas infelizmente derrapa em um roteiro absurdamente mal conduzido.
Fernando (Lucas Estevan) e seu pai Laudércio (Paulo Matos) ganham a vida a bordo de um velho Chevette, todo enfeitado com balões, corações e luzes neon, no maior estilo "lata velha do Luciano Huck", que carinhosamente é apelidado de "Coração de Neon". Aos trancos e barrancos eles vão utilizando o veículo para levar alegria às pessoas que recebem telemensagens de terceiros, até que uma tragédia acaba envolvendo Laudércio, deixando o filho sozinho nos rumos do negócio e da casa.
Primeiramente, é preciso dizer que apesar de enxergar as boas intenções do filme, a direção é irritantemente amadora. Foi como se, em diversos momentos, eu estivesse assistindo a um filme feito por estudantes de um colégio primário, que estavam tendo contato pela primeira vez com uma câmera e sem noção alguma do que estavam fazendo. Algumas cenas beiram o inadmissível, e os diálogos são de uma pobreza realmente inexplicável. A tentativa de forçar o sotaque curitibano, e principalmente a palavra "piá", beira o constrangedor, assim como as tomadas musicais em que o ator/diretor tenta mostrar sua (in)aptidão musical. Tudo horroroso, sem propósito e sem coesão alguma. Depois de já ter perdido a paciência completamente com tudo que estava vendo, ainda dei uma chance e fui até o fim, esperando que pelo menos o arco de luto do personagem principal e sua maneira de lidar com as transformações drásticas em sua vida ganhassem uma abordagem mais interessante, mas o filme foi ficando cada vez pior.
Absolutamente nada no roteiro funciona, e até mesmo a suposta "investigação" que Fernando faz sobre o causador da morte do pai é de uma superficialidade vergonhosa. A adição de um relacionamento amoroso entre Fernando e Andressa (Ana de Ferro), a mulher que de alguma forma foi algoz da morte de Laudércio, foi a gota d'água de absurdos atrás de absurdos. Arrisco a dizer que este foi o pior filme dentre todos que assisti neste ano de 2023.
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