quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Crítica: O Dia que Mudou o Mundo (2023)


Tem filmes que são essenciais você assistir sem saber absolutamente nada a respeito da história que vai ser mostrada, e eu diria que é o caso de O Dia que Mudou o Mundo (Die Welt Wird Eine Andere Sein/Copilot), da cineasta alemã Anne Zohra Berrached. Inclusive, se você não assistiu ainda, passe essa crítica até vê-lo e volte depois, vai por mim. A experiência vale a pena, e para mim foi uma enorme surpresa quando me dei conta do que estava por trás de tudo, principalmente depois do seu final arrebatador.


De início, o filme remete a um simples romance entre dois jovens que se conhecem na faculdade e se apaixonam perdidamente. Não que isso seja demérito, até porque desde o começo já dá para perceber que este romance possui camadas interessantes de acompanhar, afinal de contas, os dois são de religiões e culturas bem diferentes (e opostas), e possuem visões distintas de mundo. Logo no começo, também já ficamos sabendo que este relacionamento durará cinco anos. Sim, o filme dá um prazo de validade para a relação através de uma carta de término que é lida no primeiro minuto, e vamos acompanhamos o desenrolar desta história através de capítulos que remetem a cada ano que eles passaram juntos.

O casal é Saeed (Roger Azar) e Asli (Canan Kir), dois estudantes de medicina que vivem na Alemanha e se conhecem por acaso em uma festa. Ela é da Turquia, ele do Líbano. Ela vem de família judia, ele é árabe. Apesar das enormes diferenças, nada impede que eles criem uma relação muito forte, ainda que a família de Asli se mostre extremamente contra, fazendo com que eles se relacionem de maneira escondida. Já a família de Saeed, por outro lado, parece mais acolhedora, como quando Asli vai conhecê-los em Beirute enquanto Saeed faz uma viagem misteriosa para o Iêmen. Ele desaparece nesta viagem e só volta meses depois, cheio de segredos, mas com muita esperança de finalmente se tornar um piloto de aviões, algo que sempre sonhou. Para conseguir sua licença ele viaja até os Estados Unidos, e aos poucos você vai ligando os pontos do que, de fato, está para acontecer, principalmente pela ordem cronológica dos acontecimentos se aproximar de setembro de 2001.


Por ter um relacionamento amoroso como base, era essencial que no filme houvesse uma boa química entre os personagens, e aqui isso não faltou, principalmente pela ótima atuação dos atores principais. É muito interessante acompanhar a escalada do relacionamento e a sólida construção destas duas duas partes, sobretudo quando chegamos ao poderoso final. Uma aula de direção da Anne Zohra Berrached, em um dos trabalhos mais impactantes deste ano.

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