segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Crítica: Dezesseis Facadas (2023)


E se a franquia Pânico se unisse a franquia de De Volta para o Futuro? Parece um pouco improvável, mas é quase o que acontece com Dezesseis Facadas (Totally Killer), filme da diretora Nahnatchka Khan que entrou em cartaz no Prime Vídeo nessa última semana e vem dando o que falar, juntando os fãs de slasher com os fãs de filmes de viagem no tempo.


A premissa é simples: três amigas foram brutalmente assassinadas em 1987 por um assassino que utilizava uma máscara (estilo Leatherface) e tinha como método dar exatas dezesseis facadas em cada uma de suas vítimas. De todas, apenas uma das meninas do grupo sobrevive. Trinta e cinco anos se passam, e sem explicação o assassino ressurge para matar a sobrevivente, Pam (Julie Bowen), que era casada e tinha uma filha adolescente, Jamie (Kiernan Shipka). Afim de reverter a morte da mãe, Jamie resolve usar a máquina do tempo criada por sua melhor amiga Amelia (Kelsey Mawema) em uma feira de ciências para voltar ao ano de 1987, e tentar parar o assassino antes mesmo dele cometer seus primeiros crimes.

Com um tom satírico, o roteiro brinca com a mudança de comportamento entre a juventude dos anos 2020 e a dos anos 1980, quando Jamie passa a se chocar com a permissividade assustadora que existia naquela época. Ela está na mesma cidade mas parece um outro universo, tamanho é o choque de gerações e culturas, inclusive quando ela tem contato com seus pais mais novos e percebe como eles eram bem diferentes do que ela estava acostumada. Mas essa não é nem de longe a pior coisa que ela terá que enfrentar, já que de fato, ela não sabe nem por onde começar a deter o assassino, que ela não faz ideia de quem seja.

Ao não fazer questão de ser levado a sério, o roteiro não se acanha em criar uma série de facilitações absurdas, e até mesmo exagerar nas piadas. Algumas funcionam perfeitamente, outras soam extremamente repetitivas, mas o fato é que o tom cômico não deixa espaço para que se crie um clima de suspense e tensão, que seria necessário para o desenrolar da história do assassino. A perseguição que ocorre no ato final acaba sendo muito mais engraçada do que tensa, e isso acaba fazendo com que o filme seja apenas um besteirol, quando poderia ser muito mais.

 

É inegável, no entanto, que o elenco está muito bem, com destaques para Kiernan Shipka (a bruxa Sabrina da série da Netflix) e Julie Bowen (conhecida por fazer a Claire na série de comédia Modern Family). Os figurinos e os cenários também nos levam direto aos anos 1980 e aos filmes da época, trazendo uma sensação de nostalgia que encaixa muito bem. Com algumas reviravoltas surpreendentes e um roteiro que não se estende mais do que deveria, Dezesseis Facadas é uma boa pedida para quem quer dar boas risadas enquanto pessoas são violentamente mortas, sem culpa.


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