Após a comédia perturbadora Sick of Myself, o diretor Kristoffer Borgli volta às telas com O Homem dos Sonhos (Dream Scenario), filme protagonizado por Nicolas Cage, e que apresenta uma história quase "kafkaniana" sobre um homem que passa a aparecer nos sonhos de todo mundo, usando isso para fazer uma crítica sagaz a respeito dos famosos "cancelamentos" na era das redes sociais.
Na trama, Paul (Nicolas Cage) é um professor de biologia da faculdade, que leva uma vida simples e vive com sua esposa (Julianne Nicholson) e os dois filhos adolescentes em uma pequena cidade norte-americana. A vida de Paul muda de uma hora para outra quando ele começa a aparecer inexplicavelmente nos sonhos de todo mundo, curiosamente sempre andando de forma passiva enquanto alguma tragédia ou situação de enorme perigo ocorre ao redor.
Instantaneamente famoso, ele quer aproveitar este momento para lançar um livro, e até mesmo uma agência de publicidade, comandada por Trent (Michael Cera), tenta ver a situação como uma oportunidade de negócio. Afinal de contas, naquele momento, Paul estava sendo considerado a pessoa mais famosa do mundo. O problema é que com o passar do tempo os sonhos deixam de ser pacíficos, e passam a virar pesadelos, com Paul sendo sempre o responsável por coisas horríveis. A fama, que no início trazia benefícios, agora se tornou nociva, pois todos passaram a temer Paul. Ele logo se transforma em uma persona non grata em todo e qualquer lugar, tendo até mesmo seu veículo depredado e a vida da família ameaçada.
Paul, que nunca foi do tipo que chamava a atenção, passou a ser o centro das atenções de uma hora para a outra, e na mesma velocidade passou de mocinho a vilão. É basicamente o que ocorre hoje na internet, onde pessoas viram celebridades instantaneamente, e logo são canceladas com a mesma voracidade. Apesar do absurdo do roteiro, ele consegue trazer uma boa reflexão sobre essa faceta da nossa sociedade, e tem como destaque uma atuação muito segura do Nicolas Cage. Por fim, O Homem dos Sonhos é uma grata surpresa com o seu humor negro e suas pitadas de surrealismo. Aliás, mais uma deste diretor, que com apenas dois filmes já mostrou ter um enorme potencial.
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