domingo, 4 de agosto de 2024

Crítica: Thelma (2024)


Escrito e dirigido por Josh Margolin, Thelma é uma prova concreta de que uma comédia não precisa ser recheada de piadas bobas e de "quinta série" para ser engraçadíssima. Com uma história extremamente simples, o filme consegue arrancar boas risadas de maneira natural, graças principalmente a atuação da atriz June Squibb na pele de uma senhorinha que foi enganada por vigaristas e decide se vingar.


Na trama, Thelma (June Squibb) é uma "vovózinha" doce de 93 anos de idade, que passa os dias tricotando e tentando aprender a usar a internet com a ajuda do neto Daniel (Fred Hechinger). Certo dia ela recebe uma ligação onde criminosos encenam que sequestraram Daniel, e ao acreditar nos criminosos, ela acaba enviando para eles cerca de dez mil dólares. Após a família descobrir o que aconteceu, Thelma se sente culpada por ter acreditado no golpe e ter sido lesada, mas mesmo a polícia dizendo que é bem difícil recuperar a quantia, ela não quer deixar isso barato.

Ao visitar um antigo amigo em uma casa de repouso, Thelma decide pegar a scooter dele emprestada para ir ela mesma atrás dos bandidos, e este é o pontapé inicial de uma aventura divertida e pouco convencional. A aparição de "Missão Impossível" na televisão é a inspiração ideal para ela, que decide que a idade não irá impedi-la de procurar justiça com as próprias mãos. E só quem já conviveu com um idoso sabe que a teimosia é um combustível e tanto para eles. O amigo, Ben (Richard Roundtree), vai com ela, e juntos eles passam por situações perigosas mas ao mesmo tempo cômicas, e o humor do filme reside justamente no fato deles terem uma série de limitações pela questão da idade.


A atriz June Squibb, que havia ficado conhecida em Nebraska, do diretor Alexander Payne, volta às telas em mais um filme extremamente sensível. Sua personagem é a mais típica imagem de uma avó que podemos imaginar, e a prova disso é que toda a ação do filme acontece porque depois de receber a ligação do suposto sequestro do neto, ela não mediu esforços para salvá-lo. E apesar das cenas engraçadas envolvendo ela, em nenhum momento a personagem é motivo de piada, pois a direção trata de apresentá-la com muita singeleza. Interpretando sua companhia na viagem, o ator Robert Roundtree infelizmente não chegou a ver o filme pronto, pois faleceu em outubro do ano passado, vítima de um câncer no pâncreas. O filme ainda tem a participação especial de Malcolm McDowell, o eterno Alex DeLarge, de Laranja Mecânica (1971). Por fim, Thelma é aquele tipo de filme carismático que não exige tanto do seu espectador, mas que nem por isso cai em um lugar comum.

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