quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Crítica: 7 Prisioneiros (2021)


Lançado oficialmente no catálogo da Netflix Brasil, 7 Prisioneiros, do diretor Alexandre Morato, é um filme bastante pesado sobre uma realidade quase invisível mas que, infelizmente, é mais comum do que se pode imaginar. Acompanhando a vida de quatro homens que saem do interior do país rumo a São Paulo para tentar uma vida melhor, o roteiro do filme traz à tona o tema da escravidão nos dias de hoje.


Pensando terem conseguido um emprego de carteira assinada, a fim de ajudar a família que ficou para trás, os quatro logo se dão conta de que terão que trabalhar em uma situação extremamente precária, sem direitos trabalhistas, e o pior de tudo, sem poderem ir embora. Mais do que isso, existe toda uma rede por trás, envolvendo inclusive agentes públicos, que ameaça suas famílias e os impede de tentar escapar ou denunciar o crime.

O grande ponto positivo é justamente mostrar essa realidade cruel com muita naturalidade. É interessante como o longa também mostra como nós acabamos contribuindo com a situação de forma passiva, pois estes trabalhadores estão em muitos setores da sociedade que utilizamos diariamente, como por exemplo na produção têxtil. Como disse no início, é uma realidade praticamente invisível, ainda que volta e meia se tenha notícias nos jornais sobre resgates de pessoas vivendo nesta situação.


Gostei do trabalho do elenco, principalmente de Christian Malheiros, e da participação de Rodrigo Santoro como um chefe/capataz sem escrúpulos. Porém, algumas coisas acabaram atrapalhando minha experiência com o filme. Primeiramente, achei mal explorada essa relação dos órgãos públicos nos casos, sobretudo da polícia. Tem uma leve pincelada sobre, mas fica por isso mesmo. Segundo, analisando o título do filme, senti que faltou maior aprofundamento nos demais "prisioneiros" do local, já que o filme focou apenas em um deles. Ainda assim, mesmo com seus defeitos, 7 Prisioneiros tem força justamente pela abordagem de um tema que precisa ser discutido e melhor fiscalizado. Não podemos aceitar que coisas assim ainda aconteçam nos dias de hoje, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo.

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