No ano de 2013, a população civil da Ucrânia foi para as
ruas realizar uma série de protestos, que por sua vez foram rechaçados
com violência pelas forças do governo. Olga, filme escolhido para
representar a Suíça no Oscar de 2022, se passa durante este período
conturbado da história ucraniana e acompanha a personagem que dá nome ao
título, que sonha ser uma ginasta de sucesso.
Olga (Anastasia
Budiashkina) é uma verdadeira prodígio na ginástica artística, e sonha
chegar à seleção nacional do esporte. Porém, enquanto a garota se
prepara para a disputa do campeonato europeu, acaba sofrendo um atentado
junto com sua mãe (Tanya Mikhina), que é uma jornalista de forte
oposição ao governo. Para salvaguardar a vida de Olga, a família decide
exilar a garota na Suíça, onde ela poderá continuar seus treinamentos longe de
qualquer perigo à sua integridade física.
Apesar de focar na
personagem principal, mostrando sua dedicação aos treinos, sua adaptação
a um novo país e principalmente as cobranças que uma atleta de elite
precisa enfrentar (e aí entra também a discussão sobre saúde mental no
esporte), o roteiro não deixa em nenhum momento a discussão política de
lado, mostrando inclusive imagens reais dos protestos em tom quase
documental. A personagem também vive um conflito interno quando é
selecionada para representar a seleção suíça no campeonato, sendo
taxada até mesmo pela melhor amiga de "traidora da pátria", além de ser
duramente criticada por aparentemente não se importar com o que está
acontecendo no seu país de origem. É interessante demais como a
personagem lida com todas essas questões, e isso se deve muito a atuação
impressionante da jovem atriz.
Por fim, senti apenas que faltou um pouco mais de contextualização sobre o momento abordado, o que necessariamente exige um conhecimento prévio da política local para não ficar perdido na história. Ainda assim, Olga é um filme que vale a pena, e foi uma boa despedida minha da 45ª Mostra Internacional de cinema de São Paulo.
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