quinta-feira, 5 de maio de 2022

Crítica: Pari (2022)


Filme de estreia do iraniano Siamak Etemadi, Pari conta a história de uma mãe que viaja do Irã até a Grécia atrás de seu filho, que foi estudar na universidade de Atenas e nunca mais deu notícias. Porém, se engana quem acha que o filme segue aquela linha clássica da busca pelo filho desaparecido, e ao longo do roteiro muitas situações deixam evidente essa perspectiva diferenciada que Etemadi busca nos apresentar.


O longa já começa com Pari (Melika Foroutan) chegando ao aeroporto de Atenas, acompanhada do seu marido Farrokh (Shahbaz Noshir). Ao chegar no endereço que ele deu como residência, descobrem que ele não está morando lá há meses, e esse é o começo de uma jornada onde vão descobrindo, pouco a pouco, as verdadeiras intenções do filho quando deixou o país natal, que não estava fazendo isso para estudar, mas sim, para fugir da opressão e dos costumes da sociedade iraniana, além do comportamento autoritário do pai.

A narrativa caótica também coloca Pari no epicentro de uma série de protestos que estão acontecendo na Grécia, onde ela descobre que o filho fez parte de um grupo que luta por direitos no país. Mas essa não é o único "segredo" que ela descobre dele, e é interessante analisar como a personagem, que vem de uma cultura extremamente religiosa e que limita as liberdades individuais, vai se deparando com uma realidade totalmente nova e que vai de encontro a tudo que lhe foi ensinado desde pequena.


Pari acaba usando o amor indestrutível de uma mãe com seu filho para discutir assuntos bem mais complexos, como viver em sociedades culturalmente retrógradas e se libertar disso. Mesmo que possua algumas pontas soltas no roteiro, é um filme que tem sim as suas qualidades e merece reconhecimento.
 

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