terça-feira, 31 de maio de 2022

Crítica: Tico e Teco - Defensores da Lei (2022)


De uns tempos para cá, os cinemas estão repletos de reboots e remakes, muitas vezes trazendo versões repaginadas de personagens clássicos e adicionando histórias novas que não caem no gosto do público. Nesse cenário, era esperado que "Tico e Teco: Defensores da Lei" seguiria por este mesmo rumo, mas por mais surpreendente que isso possa parecer, temos aqui um dos filmes mais legais lançados até então este ano. Sim, é isso mesmo que vocês leram. Inusitado e inovador, o longa lançado na plataforma Disney+ é uma agradável surpresa, não só para quem gostava do desenho dos dois esquilos detetives, mas também para quem gosta de desenhos em geral.


Após o enorme sucesso da série "Defensores da Lei" no final dos anos 1980, Tico (voz de John Mulaney) e Teco (voz de Andy Samberg) se separaram e seguiram rumos bem diferentes, sem nunca mais se falar por conta de uma rixa que se criou entre eles após Teco aceitar fazer uma série solo. Enquanto Teco vive das glórias do passado, sendo estrela de feiras e dando entrevistas, Tico ganha a vida trabalhando para uma empresa de seguros, bem longe dos holofotes. Porém, trinta anos depois, os dois voltam a se reunir para tentar encontrar um amigo que está desaparecido.

Logo nos primeiros minutos já dá para perceber que o roteiro de Dan Gregor e Doug Mand é diferenciado e tem muito o que dizer, sobretudo quando critica essa leva desenfreada de reboots que tomaram conta da indústria. Temos uma série de referências e aparições de personagens clássicos de desenhos, que de certa forma homenageiam e relembram mais de um século de animação. E o mais curioso é que não são só personagens da Disney que aparecem, trazendo uma quebra de protocolo realmente inesperada por parte do estúdio. Desde os desenhos antigos feitos em 2D, passando pelo stop-motion e chegando até a computação gráfica mais moderna (e a aparição muito bem-vinda de um personagem que sofreu com o cancelamento na internet), todos os formatos são lembrados. A interação com atores humanos também é muito bem feita, sem parecer artificial como vemos em outros filmes que tentaram uitilizar a mesma técnica atualmente.


A segunda parte tem aquela cadência já esperada dos filmes de animação, quando tudo passa a dar certo para os protagonistas de maneira previsível, mas o roteiro brinca até mesmo com esses estereótipos, quando um personagem ressurge como vilão no final e fala algo como "vocês já sabiam que era eu né, eu sei, é clichê". Divertido, dinâmico, e com uma vibe nostálgica muito gostosa de acompanhar, Tico e Teco: Defensores da Lei é, de longe, o melhor filme ja lançado do gênero Live-Action com atores e personagens de desenhos contracenando juntos.


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